Os consumidores ainda não estão conseguindo poupar dinheiro em 2017. O Indicador de Reserva Financeira, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 20% dos consumidores guardaram alguma quantia em fevereiro.
Quem poupa menos?
O Indicador mostra que a quantidade de consumidores que dizem não ter guardado compõe a grande maioria: nas classes A e B, 62% não conseguiram poupar em fevereiro. Quando se considera as classes C, D e E, o número sobe para 78%. No total, 74% não conseguiram poupar – no mês anterior, o percentual fora de 80%, uma diferença de 6 pontos percentuais.
Gastos básicos engolem orçamento
Em média, aqueles que conseguiram poupar guardaram R$ 414 em fevereiro, sendo que, os consumidores das classes A e B pouparam, em média, R$ 588 enquanto os das classes C, D e E pouparam R$ 323.
“A significante diferença entre os estratos de renda reflete o fato de que, entre os que ganham menos, os gastos básicos tomam uma parte maior orçamento, deixando pouca margem para a poupança”, explica Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil.
Renda baixa é principal motivo para não poupar
Entre os consumidores que não pouparam em fevereiro, a principal justificativa foi a renda baixa, mencionada por 46% dos entrevistados. Os imprevistos também se destacaram, citados por 13% e outros 13% disseram estar sem renda no momento. Além destes motivos, 8% citaram o fato de não conseguirem controlar os gastos; 7% a falta de disciplina e 4% disseram que gostam de aproveitar o presente e que guardar dinheiro não é sua prioridade.
“A renda é, de fato, algo que limita a capacidade de poupança do brasileiro, mas o valor a ser poupado não precisa ser elevado”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Aos consumidores de menor renda, mais importante que o valor poupado é o hábito de poupar, que inibe o mau comportamento de gastar mais do que se ganha”, diz Kawauti. “Por outro lado, a mencionada falta de controle e disciplina, bem como a imprevidência com relação ao futuro, são comportamentos que podem trazer graves consequências para a vida financeira”, completa. Para a economista, a constituição de uma reserva financeira é garantia contra imprevistos, além de um meio para a realização de planos de consumo. “O consumidor que, nesses casos, não pode se valer de recursos próprios, tem de recorrer a bancos e instituições financeiras, arcando com juros geralmente bastante elevados.”
Motivações
Entre os entrevistados que dizem poupar habitualmente, a maior parte (33%) se diz motivada por imprevistos como doenças, mortes e problemas diversos. Há também 28% que falam em garantir um futuro melhor para a família e 26% que mencionam a reserva para o caso de desemprego.
A realização de sonho de consumo foi citada por 24% e 20% mencionam a reforma da casa. A lista de finalidades da poupança também inclui viagens, a compra de imóveis, os estudos e até a abertura de negócios. A preocupação com a aposentadoria não é algo que se destaca, citada somente por 13% dos que pouparam.
Poupei, mas usei
O indicador ainda mostra que, em fevereiro, entre aqueles que possuem reserva financeira, mais da metade (55%) fizeram uso dos recursos poupados. Em janeiro, esse número foi 48%. Os principais motivos foram o pagamento de despesas extras (12%), pagamento de dívidas (12%) e imprevistos (11%).
Dinheiro no colchão
A opção de expressivos 28% dos entrevistados é por manter o dinheiro guardado na própria casa. Essa é a opção mais líquida, isto é, que mantém o dinheiro mais acessível. O rendimento, porém, é negativo, se considerarmos a inflação, além do risco da segurança.
Aplicações: conhecimento é fundamental
A caderneta de poupança é maneia de poupar da maioria (54%). Em seguida, aparecem os fundos de investimento (12%); a Previdência Privada (8%); o CDB (5%); e o Tesouro Direto (4%), entre outras modalidades de investimentos. “As modalidades menos comuns, como CDB e Tesouro Direto, geralmente oferecem retorno superior ao da caderneta de poupança. No entanto, essas modalidades exigem mais conhecimento e tempo dos aplicadores, o que implica num esforço de pesquisa. Para fazer a boa escolha, o consumidor precisa ter em vista com que propósito está poupando”, finaliza a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.