Um estudo aprofundado sobre a maturidade digital na indústria brasileira acaba de ser divulgado pelo Instituto da Transformação Digital (ITD). O diagnóstico investigou mil empresas e centenas de empresas do varejo, trazendo um raio-X da maturidade tecnológica e computacional de empresas voltadas às vendas diretas. De acordo com Paulo Kendzerski, que preside o ITD, os números traduzem um esforço de transformação dos negócios.
“Transformação digital é transformação dos negócios. Transformação digital não se trata de um projeto e uma liderança. É uma constante. Daqui alguns anos, nem vamos falar mais o termo ‘transformação digital'”, prevê o especialista.
No estudo que avaliar 25 pontos da condição digital das empresas estabelece três eixos de avaliação: inteligência digital (para o negócio), presença digital e ferramentas de comunicação. Deles, Paulo chama a atenção para resultados do estudo em relação à inteligência digital do varejo brasileiro. “Quase 20% não usam ferramentas de análise e quase 60% não usam certificado digital. Para quem trabalha com consumidor final, isso é mortal. Estamos falando de ferramentas gratuitas. A loja da esquina pode ter”, alerta Paulo.
Os pontos fracos
Abaixo, confira sete pontos fracos da inteligência digital do varejo brasileiro apontados pelo estudo:
O diagnóstico de maturidade também explora a presença digital do varejo brasileiro nos detalhes. Neste ponto, Paulo chama a atenção para o fato de 97,4% das empresas não aparecem nas buscas da 1 ª página do Google quando têm seu próprio nome escrito. Já em relação às ferramentas, a preocupação principal está no fato de mais de 80% das empresas não informar seus números de Whatsapp nos sites, já que o canal de contato ficou largamente popularizado no atendimento desde a pandemia.
Na interpretação de Paulo, os números sugerem problemas de processos, com as empresas buscando transformação digital, mas ainda pensando de maneira analógica. “Nosso estudo não pretende apresentar uma análise do site das marcas, muito menos do que elas publicam nas redes sociais. Não pretendemos afirmar que os 25 indicadores analisados neste estudo são os únicos que importam para definir o grau de maturidade digital das empresas. Pelo contrário, estamos conscientes de que existem muitos outros indicadores que são igualmente relevantes, mas, nesse momento, a definição de importância que cada item tem no estudo é baseada na representatividade da geração de oportunidade de negócios, independentemente de ser uma pequena empresa ou uma grande rede. Tenha uma operação de e-commerce ou não”, entende o especialista.
Recomendações para ontem
Utilizar ferramenta digital não é a mesma coisa que transformação digital. Como lembra Paulo, há um monte de empresa implantando chatbots que são ‘chatburros’, e esta é uma das provas, segundo ele, de que o futuro não pertence ao grande, mas sim, a quem consegue evoluir. “A transformação é para quem consegue enxergar que é preciso velocidade, agilidade e alcance. O que é mais fácil: um negócio com três funcionários decidir o que colocaria para funcionar ou o Magazine Luiza mandar para casa 70 mil pessoas e estava operando em 48 horas? Não é pelo tamanho”, diz Paulo.
No intuito de dar suporte a varejistas que se esforçam para aprimorar seus negócios com soluções e ferramentas digitais, o presidente do ITD convidou o consultor Aldo Pacheco, do E-commerce na Veia/e-Vidz no evento online de divulgação do estudo para falar de realidades do varejo online que exigem certa maturidade digital. De acordo com Aldo, há seis recomendações “para ontem”.
- Trate bem seus dados: “Nunca os dados foram tão importantes para uma operação de e-commerce. Quem sabe usar os dados tem uma vantagem imensa sobre os concorrentes. Quando pergunto se usam os dados, empresas dizem que tratam bem seus dados, que obtêm o aniversário do cliente e envia os parabéns. É bom refletir sobre a importância disso. A pessoa estará distraída. Que tal um voucher um dia ou uma semana antes?”, propôs o consultor, ressaltando a relevância do planejamento.
- Live e-commerce: “Tendência na China e no restante do mundo, o live e-commerce veio para ficar. Entenda como você pode usar essa poderosa ferramenta, seja com seus vendedores ou com influenciadores. Sendo um e-commerce pequeno, eu posso fazer isso? Sim. O Ali hoje oferece locais para que os grandes vendedores façam sua lives, mas hoje não precisam em disso. Eles mostram como quem fabrica pode ter parcerias com influenciadores.”
- Social commerce: “Plataformas como Facebook, Instagram, TikTok e Pinterest devem fechar o ciclo de vendas dentro de suas plataformas em breve. Tudo o que conhecemos sobre e-commerce vai mudar quando isso acontecer. O ciclo de vendas ainda não é fechado. Mas veremos até o final desse ano é a finalização da venda dentro da plataforma. O que isso tem de bom? A compra por impulso tende a subir. A taxa de conversão de um anúncio pode se multiplicar por dez. A desvantagem é: ‘não construa castelo no terre dos outros. Isso pode ser sua morte se a rede entrar em colapso’.”
- Vida real: “Os clientes são on e off sempre. Se você não é, quem perde e você”, disse o especialista sobre o phygital.
- Vídeos: “Vídeos são de suma importância para a divulgação. Eu, por exemplo, estou abrindo uma empresa de vídeos e inteligência artificial no momento, pois houve 100% de aumento no consumo de vídeos em 2020, 78% dos usuários assistem vídeos semanalmente, 44% diariamente. Mais de 80% do tráfego de consumidores da internet virá de vídeos online.”
- Marketplaces: “Não são tendências. São realidade. Hoje, 78% do faturamento do e-commerce brasileiro vem do marketplace, o que significa que 22% sobram para mais de 250 mil lojas competirem por espaço. Às vezes, em um primeiro momento, é mais interessante para uma empresa entrar em um marketplace do que fazer um e-commerce. O Mercado livre faz 27 vendas por segundo”, observa Aldo.
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