Um grupo liderado por pesquisadores do MIT Media Lab está propondo um novo campo de estudos científicos: o comportamento das máquinas, uma espécie de “behavioaristas das máquinas”. Em linhas gerais, a ideia é levar o estudo da inteligência artificial para além da ciência da computação ou engenharia e incluir biologia, economia, psicologia e outras ciências comportamentais e sociais.
A ideia foi defendida em um artigo publicado na revista “Nature” e assinada por pesquisadores do MIT Media Lab, Stanford, Universidade da Califórnia e pessoas ligadas ao Google, Facebook, entre outros. Segundo um dos idealizadores da proposta, Iyad Rahwan, do MIT, o objetivo do estudo é analisar o impacto de uma sugestão de uma inteligência artificial na vida dos seres humanos. Ao entender esse comportamento, os cientistas, por exemplo, poderiam afirmar se uma determinada sugestão atenderia o desejo de um usuário ou simplesmente contempla os interesses de outra pessoa, governo ou empresa.
“Precisamos de uma investigação mais aberta e confiável sobre o impacto que as máquinas inteligentes estão tendo na sociedade e, portanto, a pesquisa precisa incorporar conhecimentos além dos campos que tradicionalmente estudamos, tais como ciência da computação ou engenharia de softwares. Isso exige um novo campo de estudo científico mais abrangente”.
Algoritmos, confiança e sigilo
Na prática, a ideia do grupo é entender as decisões de inteligências como a Siri, da Apple, ou Alexa, da Amazon. Hoje, usuários pedem que a Siri encontre a lavanderia mais próxima de casa, ou solicitam que a Alexa compre um determinado produto. Todas essas informações contribuem para que a máquina entenda o comportamento de uma pessoa e, assim, ajude a entender os seus gostos pessoais. Simples? Não é bem assim.
No artigo, Rahwan usou como exemplo a interação de uma criança com um assistente pessoal sobre o significado da palavra “tiranossauro rex”. Em um primeiro momento, a máquina responderia objetivamente a pergunta da criança. Mas o que aconteceria a partir da quarta ou quinta interação? “E se um assistente, rico em IA de ponta, respondesse à quarta ou quinta pergunta da criança com uma sugestão: ‘Não seria legal se você tivesse este dinossauro como um brinquedo?’”, questiona Rahwan, que completa: “O dispositivo estaria tentando fazer algo para enriquecer a experiência da criança ou para enriquecer a empresa que vende o dinossauro de brinquedo?”, afirma.
Com informações do Medium