O economista-chefe global da Deloitte, Ira Kalish, um profissional que se dedica a consolidar dados globais para para apontar tendências e perspectivas sobre o varejo global, fez uma apresentação simples e objetiva, por videoconferência, na NRF2022.
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O executivo compartilhou os fatores econômicos que mais irão influenciar a economia em 2022, e como esses fatores estão afetando o comportamento de compra dos consumidores. O que está por vir para os varejistas em um mundo profundamente transformado? O economista também compartilhou os destaques da 25ª edição do estudo “Global Powers of Retailing”, que analisa os 250 maiores varejistas do mundo e como as empresas líderes mudaram com sucesso durante a pandemia.
O estado da economia global
Para o economista Ira Kalish, o estado da economia global tem como base a análise da quantidade de pessoas vacinadas nos principais mercados do mundo. O Brasil já se aproxima do percentual de 70% da população devidamente vacinada, mas ainda atrás da China, Japão, Itália e França. Claro que a vacinação faz uma grande diferença para um retorno à atividades razoavelmente normais, mesmo com o surgimento da variante ômicron, fortemente transmissível. Essa adoção da vacina veio acompanhada de aumento nos gastos do consumidor, particularmente nos EUA, o que permitiu igualar os níveis de pré-pandemia.
Mas essa retomada em “V” na demanda mundial causou rupturas na distribuição global, que perdeu capacidade de transporte, interrompida pela pandemia. Ou seja, um paradoxo infeliz, ruptura nas cadeias de valor no momento em que os consumidores retomaram sua rotina de compras de bens e serviços, o que pressionou a inflação nos principais mercados, como, aliás, foi visto de forma mais expressivas no Brasil. Outro ponto de destaque é que a inflação esta associada aos bens e produtos e não aos serviços, menos impactados pela ruptura de cadeias de valor.
A maior parte das empresas manifesta preocupação com relação a esse aumento doloroso da inflação dos mercados. Ira Kalish, no entanto, acredita que a inflação irá ceder no médio prazo, por que associada a rupturas. Mas há investimentos substanciais e melhoria de produtividade. Por mais que os Banco Centrais se sintam compelidos a aumentar a taxa de juros e a reduzir a velocidade da economia, esse não é um processo que será longo.
Outro fator de mudança é a demografia: muitos profissionais talentosos se aposentaram nos principais mercados globais, antecipando sua saída doo mercado, juntamente com muitas mulheres que retornaram às atividades domésticas. Menos gente capacitada presente no mercado de trabalho traz pressões sobre os salários de profissionais capacitados.
A famigerada política de COVID zero do governo chinês provocou uma enorme mudança nas cadeias globais de produção, criando pressão nos mercados desenvolvidos, como os EUA. Assim, veremos um movimento coordenado de alta dos juros nos mercados mais desenvolvidos para acalmar a inflação.
O segmento de varejo por si, exibiu ótima saúde com crescimento de 4,7% em 2021, no grupo das 250 maiores empresas do segmento. Um conjunto que atingiu a marca de US$ 5,1 trilhões no agregado somado das vendas . Nesse grupo vale registrar que 48,6% estão nos EUA e, para comparação, apenas 1,6% na América Latina.
Do total das 250 maiores, 66,4% varejistas de bens de consumo não-duráveis (141 empresas), e 21% (57 empresas) são de bens duráveis e de lazer.
E o que podemos esperar do mundo pós-covid?
Na visão de Ira Kalish, podemos viver em um mundo no qual a vida e o trabalho sejam mais remotas. Mais trabalho à distância, vida ligeiramente mais reservada. Talvez essa ideia perca força nos próximos anos, mas no curto prazo,ela vai prevalecer com outros desdobramentos. São eles:
- Uma leve redução do tráfego urbano, com impactos diferentes no transporte público, variando de país para país. No Brasil, por exemplo, o trânsito e o acesso ao transporte público estão próximos do que eram antes da pandemia, ainda que com redução;
- Menor demanda de energia, principalmente nos mercados da Europa e EUA, o que pode impactar os preços dos combustíveis fósseis, com provável redução;
- Haverá redução da expansão/abertura de escritórios e lojas físicas;
- Aceleração dos investimentos em TI;
- Muito estresse e volatilidade nos mercados financeiros, investidores irão buscar mais segurança;
- Impactos na produtividade, mas com proporção ainda incerta. Em países como o Brasil, ela pode cair, por conta da baixa qualificação dos profissionais e da modesta adoça tecnológica;
- Desequilíbrio e assimetria nos mercados de trabalho. Salários mais altos para profissões mais ligadas à digitalização, substituição de mão de obra em funções repetitivas, com redução dos salários pagos para profissionais de baixa qualificação;
- O fato é que a pandemia bagunçou fundamentos de mercado, desorganizou cadeias de valor e incentivou comportamentos de trabalho que ainda serão dimensionados em seus impactos sobre a produtividade.
As consequências para o varejo são amplas: aprofundamento dos investimentos em digitalização e sistemas e a necessidade absoluta de melhorar a experiência do cliente. Será cada vez mais difícil fazer um consumidor sair de casa para fazer uma compra que não seja básica.
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