Você pode não ter ouvido falar ainda desse termo. Mas a palavra Permanxiety já virou hashtag no Twitter e tem reportagens internacionais dedicadas a ela. Seu significado tem muito a ver com a o momento ultraconectado em que se vive atualmente, mas também com as mudanças cada vez mais bruscas no clima, na configuração geopolítica do mundo, nos conflitos raciais e no terrorismo. Segundo a Skift.com, plataforma global de inteligência para viagens, Permanxiety é um estado quase constante de ansiedade. E pode ser sentido independentemente do país no qual você estiver.
Inicialmente, a expressão era apenas para se referir à sensação que certos viajantes tinham. Mesmo com a ajuda da tecnologia em gadgets e apps, eles mantinham estado de constante tensão acerca de acontecimentos que não podiam controlar, mas que poderiam impactar bastante suas experiências de viagem.
O pico para esse sentimento, segundo a plataforma Skift, se deu em 2018, quando dois tsunamis atingiram a Indonésia, um furacão arrasou a Carolina do Norte e incêndios fortíssimos ocorreram na Califórnia. Na mesma época, visitantes de uma feira de Natal, em Estrasburgo, na França, foram atacados quando um homem abriu fogo no local matando cinco pessoas e ferindo 11.
Esse estado permanente de ansiedade é potencializado pelas ultra-conectividades nas redes sociais, que trazem notícias de forma praticamente infinita, não importa onde você esteja.
O frenesi que se cria a cada atualização tem ainda mais efeito quando se está fora de casa, em uma situação de total dependência do funcionamento de outras instituições ou regras de comportamento que nem sempre aquele que viaja está familiarizado.
É importante ainda lembrar que uma enorme parte do fluxo de movimentações de turismo atualmente se dá por conta dos negócios ou seja – nem sempre a pessoa escolheu estar naquele destino por certo período de tempo.
É como diz uma matéria do jornal norte-americano The New York Times, que também aborda o assunto: “É difícil dizer onde termina seu transtorno de ansiedade e onde começam as notícias reais”.
Se antes, apenas os viajantes fora de sua zona de conforto se sentiam pressionados por uma realidade complexa e que muda a todo instante, hoje boa parte das pessoas pode estar sentindo o mesmo aperto no peito todos os dias. Em tempos de polarização política mundo afora não é errado dizer que estamos nos acostumando a isso.
A Permanxiety também gera, como contrapartida, toda uma série de gadgets e aplicativos destinados a combater essa ansiedade que nunca vai embora. Aumentam os downloads de apps de meditação ou ioga; programas mapeiam os movimentos do seu corpo para você não ficar muito tempo parado; controles digitais regulam o tanto de tempo em que se passa conectado às redes sociais. Tudo isso como forma de relaxar e neutralizar os efeitos desse modo de sentir.
A Skift.com sustenta ainda que o termo surgiu primeiro no ambiente das viagens por um motivo muito claro: a culpa do estresse que a pessoa precisa passar para ir de um destino ao outro. Nessa lista estão os aeroportos e suas medidas superrestritivas de acesso (e segurança), o pouco conforto das poltronas dos aviões, o trânsito, e a possibilidade de ser um alvo fácil para terroristas em cidades como Paris ou Londres, destinos tanto de lazer quanto de business.
O sentimento de ansiedade está profundamente ligado à nossa incapacidade de lidar com incertezas. Pensando se o seu voo vai ser cancelado ou não; ou nos resultados da próxima eleição para presidente dos Estados Unidos, é bem capaz que tanto quem está de passagem, quanto quem ficou em casa depois de um dia de trabalho, acabe atingido pela Permanxiety. O bom é que pelo menos sabendo que ela existe fica mais fácil de identificá-la e fugir desse sentimento. Afinal, viajar é bom e não deveria causar ansiedade em ninguém.
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