É crítico entender o contexto no qual definimos a liderança. E qual a ideia de liderança que temos e a expectativa que damos a quem lideramos? Essa questão sensível foi abordada de forma intensa e profunda no Consumidor Moderno Experience Summit, durante o workshop sobre “Forças Transformadoras”. E é justamente o perfil da liderança que define de que modo as empresas podem reagir diante de ambientes e épocas de mudança permanente.
Liderança é a função de ser pai das pessoas ou professor das pessoas? E como desafiamos a nós mesmos para entender de que forma somos vistos como líderes? A liderança normalmente oscila entre duas variáveis – a autenticidade e a adaptabilidade. E a autenticidade tem suas vantagens – sua mensagem traz seguidores e conduzem equipes em épocas e períodos de mudança e conseguem, no entanto, exercer essa liderança por vezes, sendo autoritários e não admitindo pontos de vista contraditórios. O seu “eu” autêntico evolui com base nas experiências da vida e pode, claro, ganhar novas matizes e competências.
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Stuart Hardy, da Berlin School, cita o exemplo comum de grandes jogadores de futebol que quando são alçados a capitães de seus times veem sua performance decair porque certamente não estão preparados para liderar. E isso é reflexo de sua autenticidade, de suas forças e fraquezas, e uma delas é exercer uma liderança técnica e não necessariamente uma liderança pessoal.
Por outro lado, o líder adaptável muitas vezes entra em contradição com sua autenticidade, justamente por procurar se adaptar a diferentes contextos. Quanto um líder deve se adaptar para poder fazer frente a diferentes contextos? E é possível sermos autênticos adaptáveis ou adaptáveis autênticos? Qual é a calibragem entre esses dois extremos, ainda mais em épocas de incerteza e mudança como a atual?
Dessa forma, questionando de forma contínua, o coach da Berlin School lembrou da introdução dos softwares nas companhias e o tipo de pensamento que a lógica de desenvolvimento dessas tecnologias impôs. Os sistemas de software trouxeram uma nova maneira de pensar e introduziram a noção de interfaces e metodologias que pudessem ser conectadas e orquestradas de forma efetiva e colocadas para funcionar velozmente. Para Stuart, o pulo do gato, o gatilho, é pensar sempre em interfaces. De que modo criamos interfaces eficientes, capazes de plugar e desplugar com velocidade para se adaptarem de modo dinâmico à realidade é às forças transformadoras.
Aspectos humanos da liderança
“A emoção é um tópico forte, quente e essencial para avaliarmos a qualidade da liderança”. Quais as atitudes esperadas de um líder para os próximos anos? A base é a capacidade de demonstrar confiabilidade. Um líder precisa demonstrar resistência, confiabilidade, ter credibilidade e capacidade de criar intimidade com o time. Líderes engajam porque criam vínculos extremos com a equipe para que possa ser seguido mesmo nos momentos mais críticos. A liderança precisa mostrar que entende os problemas das pessoas, as necessidades do time. Normalmente, a liderança autoritária, ou que é vista como “chefe”, é normalmente insensível às necessidades e problemas reais do time e confunde profissionalismo com paternalismo.
Consumidores procuram líderes
O curioso é que as características necessárias à liderança nas empresas são as mesmas buscadas pelos clientes e consumidores. Stuart ressalta que plataformas como o AirBnb funcionam porque dão ao cliente o poder de acreditar. Até mesmo de acreditar que estão no controle. Uma provocação incisiva do coach da Berlin School refere-se às apresentações corporativas – de empresas para empresas – nas quais sempre há um slide mostrando os clientes de quem oferece os serviços. Mas até que ponto essa orientação faz sentido para o cliente. A apresentação é sobre você ou sobre o cliente?
Um verdadeiro líder manifesta sua posição com base no que entende sobre o outro.