Somos profissionais, consumidores e seres humanos. Para todas essas atividades temos um único cérebro e um só coração. Não adianta querer compartimentar.
Como profissional de marketing, por exemplo, você pode estar produzindo muito, mas como consumidor pode não estar consumindo o que os profissionais de marketing estão construindo para que você consuma.
A crise sanitária global tem afetado tanto relações pessoais e profissionais como as de consumo. Independentemente do âmbito, a saúde mental dos trabalhadores brasileiros piorou nos últimos dois anos.
De acordo com estudo realizado pelo movimento #MenteEmFoco com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), cerca de 70% se dizem mais nervosos, tensos ou preocupados nesse período sob ameaça da covid-19 e com muita gente trabalhando em casa.
Chama a atenção o fato de que poucos procuram ajuda especializada. Apenas 16% recorrem a psicólogos ou psiquiatras. A maioria (57%) prefere buscar familiares ou amigos.
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Inteligência emocional
Todo reinício de ano traz consigo um presente chamado “desafio”. Seja ele pessoal ou profissional. No entanto, como lidar com isso sem deixar acontecer um transtorno de ansiedade? É nesse momento que uma possível aliada entra em ação: a inteligência emocional (IE).
A IE é um conceito da psicologia que caracteriza o indivíduo como capaz de identificar, entender e lidar com seus sentimentos e emoções. Para que isso aconteça, é de total importância saber se observar, vigiar os sentimentos e aprender a descrever as suas reações antes, durante e depois dos desafios enfrentados.
A boa notícia é que a IE é uma habilidade que pode ser desenvolvida por todos nós, seres humanos, só que requer dedicação, disciplina e treinamento.
Para ajudar a percorrer 2022 conhecendo mais sobre si e lidando da melhor forma com sentimentos e emoções diante dos desafios que se apresentam, trouxe algumas dicas úteis e importantes:
Observe corpo e mente
Descreva as reações físicas e mentais durante as situações e na sequência faça uma análise dos sentimentos positivos e negativos que podem ter desencadeado essas reações.
Domine emoções e reações
Evite agir por impulso! É difícil, claro, por isso se faz necessário treinar. Alguns exercícios, como respiração e meditação, entre outros, podem ajudar a desenvolver o autocontrole. Encontre a melhor opção para você.
Se expresse e não se estresse
Se algo não agradou, dialogue! Assim, pontos de vista são esclarecidos e novas soluções surgem para resolução dos desafios.
Treine a empatia
Colocar-se no lugar do outro contribui para que sejamos mais compreensivos e tolerantes, constatando que todos à nossa volta têm suas limitações. Segundo Daniel Goleman, psicólogo referência em IE, o conhecimento sobre si mesmo alimenta a empatia. Isso porque, quanto mais conscientes somos acerca de nossos próprios sentimentos, mais conseguimos entender a emoção alheia.
Responda em vez de reagir
Em situações difíceis, permita que seu cérebro aja de forma racional, buscando analisar a situação e evitando desentendimentos.
Você possui limites
Entenda seus limites por meio da prática diária do autoconhecimento. Chegou ao seu limite? Aprenda a dizer “não” e respeitar a si mesmo(a).
Finalmente: quando existe consciência das próprias habilidades e competências, mas também das nossas fragilidades e limites, nos tornamos capazes de traçar metas e objetivos e transformá-los em realidade.
Cabe lembrar que o Brasil é o país mais ansioso do mundo – somos o quinto no ranking de depressão e estamos em segundo lugar na fila do burnout. Isso para dizer que todos nós já passamos, estamos passando ou passaremos por alguma situação de ansiedade ou estresse extremo porque somos … seres humanos.
Diante dessa constatação me ocorre uma frase que escutei certa vez e adoro: a vida não é feita de equilíbrio, mas sim de equilibristas!
Um novo perfil de consumidor
A pandemia alterou o nosso estado emocional, portanto a nossa saúde mental, e isso moldou novos perfis de consumidores e novos sentimentos passaram a prevalecer no mundo.
Diante dessa revolução comportamental, fomos afetados pela percepção do tempo e nos sentimos anestesiados, esperançosos e com motivações mais cautelosas.
Essas foram as sensações identificadas no painel “Future Consumer 2023”, da WGSN, autoridade global em previsão de tendências, que nortearam a construção de quatro tipos de perfil de consumidores.
Os quatro tipos de perfis de consumidores
Preditores
Têm mindset de recessão! Muito afetados pela percepção do tempo, carregam fadiga emocional e incerteza econômica para o futuro. Desejam estabilidade, segurança, conforto e menos incerteza possível. Procuram serviços e produtos que sejam o mais simples possível, como produtos refil, assinaturas e curadoria.
Novos Românticos
A produtividade aumentou, ainda que esse não fosse o principal desejo deles. Mantiveram o emprego durante a pandemia e estão trabalhando mais e mais duro. Desejam uma melhor divisão entre vida pessoal e trabalho. Não querem mais viver como antes ou durante a pandemia. Valorizam equidade, novas emoções e higiene mental e médica, além da sustentabilidade.
Condutores
Destinam sua energia a diversas atividades simultaneamente, são resilientes e estão sempre em busca de crescimento. Buscam cada vez mais experiências excitantes, carreiras multidimensionais, flexibilidade para fazer seu próprio horário de trabalho. Metaverso, gamificação e moedas digitais são altamente atraentes para esse perfil.
Impossíveis
Impulsionados pela falta de assistência de instituições e do governo, assumem para si o desafio de construir um mundo mais igualitário para todos. Enfatizam a importância de fazer o comércio local circular, ser autossuficiente e proteger recursos financeiros e ambientais. Por carregarem todo esse peso e responsabilidade, são pessoas que, infelizmente, estão à beira de um burnout ou esgotamento profissional.
Expressar sentimentos e emoções é necessidade intrínseca do ser humano e a pandemia intensificou esse comportamento. Buscar se compreender e aceitar potenciais mudanças faz parte do processo chamado viver. Assim, fica aqui meu convite, cuide da sua saúde mental e se permita um novo “eu”. Com qual perfil você se identifica?
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*Por Tati Gracia, professora da disciplina Comportamento do Consumidor no MBA da FGV , mentora de startups e Diretora de Excelência de Marketing na Mondelēz Brasil.
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