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Como a pandemia afetou o comportamento financeiro de diferentes gerações

Como a pandemia afetou o comportamento financeiro de diferentes gerações

A crise atingiu o bolso de todos, mas cada grupo geracional encarou a situação de uma forma

Demissões, cortes salariais, diminuição de demanda, aumento de preços, auxílio do governo. A pandemia de Covid-19 impactou diretamente a economia do País e mexeu com o bolso de todas as gerações, obrigando as pessoas dos diferentes grupos etários a reverem seu comportamento financeiro.

A forma de consumir e, de um modo geral, de se relacionar com o dinheiro mudou desde o início do alastramento da doença, mas cada geração encarou a situação de uma forma e criou rotinas próprias para lidar com as finanças.

Nada mais natural, embora cada indivíduo tenha seu próprio comportamento e hábitos, nascer em uma mesma época e passar por experiências semelhantes, faz com que um grupo de pessoas possa agir de forma parecida.

As visão de cada geração

Segundo a classificação americana das gerações, também adotada pelo pesquisador social Mark McCrindle, autor de The ABC of XYZ: Understanding the Global Generations, elas se dividem em: Baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) Geração X (nascidos entre 1965 e 1980), Geração Y – ou Millennials (nascidos entre 1981 e 1994) e Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010).

Os mais velhos, nasceram em um momento de reconstrução do mundo após a Segunda Guerra Mundial. São pessoas que passaram por situações de crise e escassez e, de um modo geral, são mais conservadoras quando o assunto é dinheiro e investimentos.

Seus filhos, da Geração X, conviveram com diversas transições políticas e o crescimento do capitalismo e tendem a ser mais competitivos, individualistas e preocupados com bens materiais do que a geração anterior. “Para eles, ser bem-sucedido se resume a ter um carro, uma casa própria e uma casa na praia para passar as férias”, exemplifica Thiago Godoy, head de educação financeira da XP Investimentos.

A geração Y presenciou o surgimento da internet e viveu de fato uma nova era mundial. O diferencial dos millennials é que eles viveram épocas de estabilidade econômica e puderam conhecer de perto os avanços e os benefícios que a globalização proporcionou. Eles são descritos como indivíduos questionadores, abstratos e de pensamento global.

Já os nativos digitais, desde cedo, foram expostos às mídias sociais, celulares e aplicativos. A geração Z possui uma identidade fluída e sem rótulos. Além de também serem conhecidos como pessoas realistas e ativistas das causas sociais. “Os jovens valorizam muito mais viver experiências do que ter posses, principalmente os que possuem uma renda mais alta. Além disso, não se apegam a empregos, mudando sempre que acharem necessário”, explica o head de educação financeira.

A relação das gerações com o dinheiro

“Na prática, quando falamos de dinheiro, as gerações em torno de 40 anos e acima, por já terem vivenciado crises menores, acabam tendo uma consciência maior sobre ter uma reserva financeira. Obviamente, a estabilidade e maior poder aquisitivo de que dispõem também contribui com essa prática”, explica o executivo Alexandre Mouri, da toazul, produto de crédito consignado privado da fintech One7.

Assim, pessoas com idade mais avançada tendem a reforçar o comportamento precavido, adiando gastos imediatos. Porém, há exceções como no caso da aquisição de imóveis. “Uma família que vive em apartamento numa grande cidade, começa a olhar com carinho para a hipótese de se mudar para uma casa maior e mais distante dos centros urbanos, já que a pandemia trouxe o home office como algo que veio para ficar. Então, para que viver num grande centro? Pode-se viver bem e trabalhar mesmo a uma distância maior da capital”, ilustra Alexandre Mouri.

Ainda segundo o executivo, quando falamos das gerações Y e Z, eles tendem a ser mais imediatistas e isso se reflete na forma com lidam com o dinheiro. Os gastos antes realizados de forma mais intempestiva deram lugar a mais consciência. “Tiveram que controlar a paixão pelo e-commerce, sua forma predileta de compra, até porque esse canal nada sofreu com o isolamento social, ao contrário do varejo físico. Continua lá, online, 24×7 sempre que bater uma vontade de consumir”, resume o executivo da toazul.

A pesquisa Me, My Life My Wallet – Eu, Minha Vida e Minha Carteira – da KPMG, confirma que a pandemia alterou o comportamento financeiro principalmente dos mais jovens, membros das gerações Y e Z. Extravagâncias deram lugar a gastos mais úteis e sem tanta ostentação, já que essas gerações valorizam muito o propósito e empatia numa relação comercial.

Na prática, também estão começando a se preocupar com o futuro e olhar com mais carinho para reservas extras, já que uma crise antes era algo distante e inimaginável para eles.

Comportamento financeiro na pandemia

O tempo passou e o que era temporário virou definitivo, rotinas mudaram para sempre, e não necessariamente para pior. Com o isolamento social alguns fenômenos começaram a surgir, por exemplo, passou-se a notar alguns desperdícios que antes passavam despercebidos. Como uma TV ligada sem ninguém assistindo, um banho mais demorado, sobras da refeição anterior jogadas quase intactas no lixo. Os profissionais começaram a olhar para suas rotinas domésticas e tendem a levar a excelência e a “produtividade” também para dentro de suas próprias casas.

“As compras no supermercado também passaram a ser mais criteriosas, tanto em quantidade quanto em custo-benefício. Não por acaso os chamados atacarejos mantiveram ritmo forte de crescimento mesmo na crise, afinal as pessoas percebem que comprar em quantidade maior reduz o valor unitário e isso gera economia”, descreve Alexandre Mouri.

Além disso, as marcas líderes também começam a ser melhor avaliadas quanto ao custo-benefício. Realmente vale pagar 20% a mais para ter essa marca, há realmente valor agregado que justifique? Ou comprar uma marca própria do supermercado (que, por vezes, é fabricada pelo próprio líder) que costuma ser mais em conta, vale mais a pena?

Isso tudo é um fenômeno que foi forçado pela crise gerada na pandemia, afinal, já que a receita diminuiu ou pelo menos não vai aumentar no curto prazo, a única saída é controlar as despesas.

Medidas para prestar atenção

Para enfrentar a situação, muitas pessoas pensam em tomar um empréstimo para pagar as despesas. Nesse caso, é muito importante ficar alerta com os juros cobrados nos empréstimos pessoais, cartão de crédito, e principalmente no cheque especial. O recurso extra vai gerar alívio momentâneo, mas depois que a conta chega, a falta de cuidado com a administração do dinheiro pode complicar ainda mais a situação.

Segundo Alexandre Mouri, para aqueles com emprego formal, a melhor opção costuma ser o crédito consignado, cujas parcelas são debitadas em folha de pagamento. Muitas empresas têm oferecido esse benefício para apoiar o colaborador nesse momento complicado.

Outro comportamento que é possível observar é a priorização do pagamento de algumas contas e dívidas. “Comprar alimentos e pagar o consumo de energia, gás, água e celular figuram entre estas prioridades. Outros serviços como a educação, por exemplo, têm ficado em 2º plano e até deixa de ser pago”, conta o executivo da Toazul. A curto prazo, pode parecer um bom negócio, mas tende-se a esquecer que o estudo é um dos fatores principais para aumentar a renda, ainda que a médio prazo.

Oportunidade para as empresas

As empresas têm um papel fundamental tanto no que diz respeito aos seus colaboradores, quanto aos seus clientes.

Enquanto empregadora, tem tentado manter seus funcionários com a saúde mental estável. O que não é simples. Também tem sido cada vez mais comum vermos RHs que apostam em pesquisas de clima e engajamento, gamificação, comunicação interna constante, serviços de consultoria para ajudar a organizar as finanças pessoais, suporte para renegociar dívidas mais caras e trocar por outras mais em conta. Tudo é válido para manter o time motivado e pronto para quando chegar o momento da retomada.

Enquanto fornecedora de bens e serviços, a empresa já percebeu que tem o dever de ser empática com os stakeholders. Cada vez mais se vê empresas realizando pesquisas de satisfação, ampliando canais de ouvidoria, chats e outras ferramentas que levem a uma maior aproximação com o público. Empresas de serviços têm sido mais flexíveis em situações de dificuldades no pagamento, dando alternativas para um parcelamento, prazo maior ou até mesmo descontos temporários. Tudo para mostrar que apesar de ser uma empresa, estão todos sensibilizados com as dificuldades que seus consumidores têm enfrentado.

Então, forma-se um círculo virtuoso: a empresa cuida bem de seus colaboradores, que também são clientes de outras empresas, que também possuem os seus colaboradores. Essa empatia e solidariedade são coisas benéficas que a pandemia trouxe e muito provavelmente serão consideradas no próximo planejamento estratégico e de posicionamento perante o mercado.

Para Thiago Godoy, existem três pontos aos quais as empresas devem se atentar: transparência, comprometimento com a verdade e sinceridade ao ouvir. “Atualmente, deve-se fazer negócio pensando no futuro. As empresas devem adaptar sua linguagem para o momento em que vivemos. Diminuindo o tom institucional e gerando mais conexão com o consumidor”, aconselha.


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