O mês de agosto foi marcado por fortes movimentos na curva de juros, motivada pela expressiva desvalorização de quase 10% na cotação da moeda brasileira perante o dólar. Podemos dizer que o mercado entrou em parafuso, já que a incerteza eleitoral local motivava uma desvalorização adicional no câmbio, a qual já vinha ocorrendo estruturalmente com a maior parte dos mercados emergentes. De posse dessa informação, os agentes econômicos passaram a projetar necessidades de aumento nos juros muito em breve, tendo em vista o possível impacto cambial nas expectativas de inflação.
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Utilizando informações de um relatório da XP Investimentos e com a ajuda da consultoria LCA, fizemos algumas análises para entender o limite que a desvalorização do câmbio pode trazer para a política monetária em um contexto de baixo crescimento. Em um cenário pessimista, no qual o real deprecia perante o dólar até o patamar de R$ 4,40 por dólar em 2019, a taxa de juros básica teria que ser elevada dos atuais 6,50% para um pico de 10,00% ao ano na metade de 2019 e depois voltaria a cair, atingindo o patamar de 9,00% no fim do ano que vem.
A incerteza sobre quem deverá conduzir o difícil processo de reformas a partir do ano que vem tem feito com que o real perca mais valor do que as moedas de seus pares emergentes e sejam mantidos os prêmios altos para posições prefixadas e de juros reais de vencimento mais longo.
Em contraponto, verificamos o mercado de bolsa mais positivo, sustentado por melhores resultados das empresas e um fluxo mais estável ao longo do ano de entrada de recursos, sobretudo dos investidores internacionais.
Para a renda variável, os resultados das empresas de capital aberto têm vindo favoráveis e acima das expectativas. Entre cerca de 300 empresas analisadas, houve expansão de quase 23% nos lucros neste segundo trimestre do ano. Se incluirmos Petrobras e Eletrobras nesta lista, o crescimento foi de quase 75% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Avaliamos o cenário recente e concluímos que vamos aprender bastante com as próximas semanas, e o cenário eleitoral pode caminhar para um afunilamento. Sendo assim, os preços de mercado ainda podem mudar bastante. Até a definição do próximo presidente do País, a palavra de ordem em seus investimentos é “diversificação” e uma certa dose de “cautela”.