O Banco do Brasil, um dos líderes em Open Finance e o segundo maior banco da América Latina, destaca um aumento impressionante de 470% na concessão de crédito desde março de 2022, comprovando o potencial transformador do Open Finance. No Money 20/20, um painel com os executivos Andre Ferraz, CEO e cofundador da Incognia, empresa de soluções anti-fraude para dispositivos móveis, e Luciano Regno, diretor de Crédito do Banco do Brasil, mostrou o alcance ainda pouco compreendido e divulgado do Open Finance no Brasil e porque ele já caso de estudo mundo afora. Esse foi um dos muitos painéis do Money 20/20 dedicados ao funcionamento do sistema financeiro brasileiro, tido como um modelo de qualidade, inovação e performance entre as economias do G20.
É surpreendente saber que o Open Finance permitiu ao Banco do Brasil facilitar mais de R$ 140 milhões em transações de crédito, levando ao desenvolvimento de produtos financeiros personalizados que atendem às diversas necessidades dos clientes. Esse número comprova que estamos diante de uma poderosa e ainda subutilizada ferramenta que potencializa o uso estratégico de dados na avaliação de crédito. Essa ferramenta também engloba a importância do consentimento do usuário no compartilhamento de dados e seu potência transformador em criação de um ecossistema financeiro mais competitivo e centrado no usuário.
A adoção do Open Finance pelo Banco do Brasil impulsionou a inovação, elevou a satisfação do cliente e fortaleceu a inclusão financeira. As lições da experiência brasileira visam imaginar as implicações globais de estruturas semelhantes nos mercados de crédito ao redor do mundo e como essas inovações podem ser adaptadas e aplicadas em diferentes mercados para aprimorar os serviços financeiros e melhorar a experiência do cliente em escala global.
O Brasil como referência global em serviços financeiros
André Ferraz mudou para os Estados Unidos acreditando que veria um mercado financeiro muito mais avançado do que o brasileiro, o que foi desmentido na prática. O fato é que o Brasil tem hoje um dos mercados financeiros mais avançados e sofisticados do mundo. O Open Finance, iniciado há dois anos, trouxe uma nova perspectiva do uso de dados para aprimorar a qualidade dos serviços financeiros, a partir da melhoria da customização e da experiência geral do cliente. No caso do Banco do Brasil, o foco na ciência de dados permitiu à instituição mergulhar nas necessidades dos clientes e qualificar a entrega e o desenvolvimento de produtos sob medida.
O sucesso do Open a Finance no BB é atestado pelo impressionante número de 2 milhões de clientes que permitiram ao banco ter acesso aos dados de outras instituições que, por sua vez, permitiram a oferta de produtos mais competitivos para esse contingente. O coração do Open Finance é sempre a análise de dados, a criação de modelos que permitam ter uma visão mais completa daquilo que o consumidor busca em seu relacionamento com um banco. Atuando quase como uma fintech, o BB consegue gerenciar grandes quantidades de dados e ajustar produtos e ofertas, com o consentimento prévio do cliente, para trazer valor ao seu cliente.
André comentou como os clientes brasileiros já se sentem confortáveis em acessar suas contas digitais com mecanismos de validação em duas etapas, tokenizando a interação em combinação com a senha ou o reconhecimento biométrico. Essa é apenas mais uma face da sofisticação e da capacidade de inovação do nosso mercado financeiro. Os pagamentos em tempo real, viabilizados pelo Pix, com seus mais de R$ 100 bilhões transacionados todos os dias, em média, são outra face de um mercado eficiente e inclusivo. Um case global, na medida em que conseguiu baratear substancialmente o acesso bancário e, ao mesmo tempo, graças à atuação exemplar do Banco Central, ser hoje um mercado com níveis crescentes de competição.
Inclusão e competitividade
Há pouco mais de cinco anos, o Brasil saiu de um cenário no qual seis bancos coexistiam de forma quase pacífica, para uma disputa feroz na qual esses seis bancos hoje enfrentam dezenas de fintechs, algumas já ganhando musculatura invejável. Como exemplo de comparação, os Estados Unidos têm mais de 5 mil bancos atuando no mercado, fora as fintechs.
O Open Finance complementa esse processo de inclusão eficiente do consumidor brasileiro, reduzindo o nível de uso de dinheiro físico e também de cartões de crédito. A médio prazo, é crível pensar na redução do endividamento geral dos cidadãos, quando a economia apresentar níveis melhores de tração e desempenho. A experiência de Open Finance do BB traz lições importantes para todo o ecossistema financeiro do Brasil, na medida em que constroem uma relação de maior confiança com os consumidores, criando valor a partir da análise de dados, otimizada e incrementada pelo uso de sistemas de Inteligência Artificial (IA), que permitem processar e extrair insights em larga escala e com velocidade e precisão absolutas.
Por outro lado, o desafio preocupante é lidar com o crescente número de fraudes que afetam o cidadão em sua experiência financeira digital. É necessário criar e sofisticar mecanismos de privacidade e de validação de devices (dispositivos), devidamente associados ao usuário correto, que esteja utilizando e acessando suas contas de forma segura. Impossível não sentir uma ponta de orgulho ver a admiração que nosso mercado financeiro e nosso Banco Central despertam entre os especialistas e executivos dos mais diversos mercados globais.