Palavras como crise, inflação, desemprego, altos custos, infelizmente não saem dos noticiários atualmente. Mas, por motivos óbvios, cada um sente isso no bolso de forma diferente.
Assim, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNL) realizaram uma nova pesquisa para entender melhor as consequências da crise na vida dos consumidores.
O estudo mostra que os impactos são inegáveis no bolso: 80,4% dos consumidores entrevistados afirmaram sentir aumento na conta de luz e 69,1% nas compras mensais de supermercado. Não por acaso, estas foram as despesas com os maiores aumentos, com 33,4% e 27,4% de aumento médio na conta nos últimos 6 meses, respectivamente, segundo a percepção dos entrevistados.
Os motivos apontados pela pesquisa por metade da amostra (50,9%) para fechar as contas no vermelho também tem a ver com a crise: não conseguir pagar as contas com o salário porque as coisas estão mais caras (17,5%), a diminuição da renda (15,7%) e a perda do emprego (11,0%).
Alternativas
A crise econômica já está fazendo com que os brasileiros alterem seus hábitos de consumo. “Passar a comprar produtos similares aos que estão acostumados, mas de marcas mais baratas, além de frear gastos com refeições fora de casa são algumas das mudanças que podem e devem ser realizadas para ajudar no orçamento pessoal e da família”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. A pesquisa comprova estas mudanças de comportamento:
– 50,8% dos entrevistados garantem ter diminuído a compra de roupas, calçados e acessórios;
– 47,9% aumentaram a aquisição de produtos de marcas similares mais baratas;
– 44,9% diminuíram as refeições fora de casa;
– 27,0% diminuíram o consumo de produtos básicos como alimentos, produtos de higiene e limpeza.
No estudo do SPC Brasil também foram identificadas mudanças relacionadas à educação financeira:
– 61,4% estão pesquisando mais antes de fazer compras;
– 42,4% estão pechinchando mais ao fazer compras;
– 27,2% aumentaram o controle do orçamento pessoal e familiar;
– 30,1% diminuíram as reservas financeiras.
Mudança para sempre
A pesquisa constatou, também, que a maior parte dos entrevistados abandonaria essas medidas, caso a economia brasileira se recuperasse. Para mais da metade dos entrevistados (53,8%), o principal motivo para deixar de lado tais atitudes positivas em relação ao controle dos gastos é o desejo de recuperar o tempo perdido e voltar ao tipo de vida que tinham antes de passar pelo período de privação financeira.
Para Marcela, essa não é uma prática indicada. “Ainda que a situação seja hipotética e que muito provavelmente o Brasil enfrente sérios problemas econômicos em 2016, a pesquisa comprova que os brasileiros nem sempre pensam em medidas de controle do orçamento a longo prazo”, explica a economista.
Foram entrevistados 804 consumidores acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27 capitais. A margem de erro é de no máximo 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.
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