O comportamento do consumidor brasileiro de todas as gerações é realmente um tema muito amplo. Justamente por isso, o estudo Consumer Sides, conduzido pela Reds Research, em parceria com o Centro de Inteligência Padrão, dedicou-se a compreender quem são os consumidores brasileiros e quais são suas características. Especialmente dos Millennials. O resultado foi apresentado no Conarec por Karina Milaré, diretora-presidente da Reds Research.
“Pensamos neste estudo no ano passado, considerando os 20 anos do CDC. Foram muitas as mudanças pelas quais o Brasil passou e, de fato, o consumidor passou a ser mais importante, as empresas estão tentando respeitá-lo e ele é mais protegido e empoderado em termos de informações”, diz.
Ela apresentou, então, um recorte sobre as gerações, com as principais constatações do estudo, que teve um espectro amplo, entrevistando 2 mil pessoas com acesso à internet, entre 15 e 70 anos. A primeira constatação é que as gerações Y e Z brasileiras apresentam 5 anos de delay em relação às norte-americanas. Nos EUA, a geração Y começa em 1980 (pela “divisão oficial”) e aqui no Brasil tem início em 1985. “Isso tem a ver com o início da relação mais íntima com as tecnologias, o quanto os jovens usam e como se relacionam com as tecnologias. E, claro, alguns aspectos comportamentais que são impactados por esse acesso”, afirma.
Essa divisão é importante por uma razão: entender como se comunicar com o seu consumidor. “No fim das contas, todo mundo quer a mesma coisa: respeito, independente da geração. Mas como atender a esse consumidor com respeito? Qual é o melhor canal?”, questiona Karina. Uma resposta, quando o assunto é gerações Y e Z é o smartphone.
Essa ferramenta demorou para chegar no Brasil e para se democratizar. No entanto, quando isso aconteceu, foi com grande velocidade. Hoje, representa a maior oportunidade de acesso à internet para a maioria das pessoas.
Um olhar sobre os Millennials
Uma coisa importante é que os Millennials são uma geração mais qualificada, com mais educação do que os pais. “Até podemos questionar a qualidade dessa formação, mas quando temos visão relativa, vemos que é um progresso muito grande. É uma geração mais rica em referências, não só na educação formal”, explica Karina. Ela revela que, no Brasil, só 1% da população costuma fazer viagens internacionais. Mas, dessas pessoas, a geração Y é a que mais viajou. “Ela valoriza isso, tem outras referências, não é só aquilo que viu no seu bairro. Essas referências, que também vêm pela internet, impactam no que ela espera das pessoas – e das empresas”, afirma.
Essa geração também não tem vergonha de se assumir, quando o assunto é gênero. Os millennials são mais abertos a falar sobre aquilo que causava estranheza antes. “Depois do massacre de Orlando, muitas pessoas se sentiram encorajadas a se assumir. Até para dar mais força à essa voz”, revela a diretora da Reds.
Superconectados
Os dados comprovam, esta é uma geração conectada 24X7. Os Millennials ficam o tempo todo em seus smartphones, e o Brasil tem mais pessoas que se declaram viciadas em internet. Isso torna a internet sua principal forma de comunicação, entretenimento e até comércio.
E o que ele usa online? Bem, o e-mail está presente, mas também os sites de busca, as redes sociais, com o Youtuube muito presente na geração Z e o linkedin na geração mais velha, apps de mensagens, sites de notícia e de compras. “Isso significa que falar com a geração Y e não ter opção de venda online é desperdício de chance importante”, opina Karina.
O Facebook é uma unanimidade entre as gerações. Para as gerações mais novas, no entanto, destacam-se Instagram e Twitter, redes onde as pessoas se expõem mais rapidamente. “Eles não têm mais paciência para textão no Face”, brinca a diretora da Reds.
“Precisamos entender todas essas diferenças. O desafio é transformar conflito de gerações em respeito. Como se relacionar com cada uma delas?”, questiona Karina. “É preciso ter esse discernimento”, conclui.