O Prime, serviço da Amazon pelo qual os consumidores podem, por US$ 99 ao ano, receber uma quantidade ilimitada de produtos por frete grátis, além de terem acesso a uma série de serviços que vão de streaming de vídeo a espaço para armazenamento de arquivos, fechou o quarto trimestre do ano passado com 10 milhões de novos clientes. Cada vez mais pessoas se rendem às facilidade de comprar quanto quiserem sem se preocupar com frete, e ainda com uma série de recursos somente para clientes especiais.
Para a consultoria Macquarie Research, em 2020 metade das residências americanas farão parte do Prime. A empresa projeta que daqui a cinco anos algo entre 40% e 52% das casas serão filiadas ao programa, contra algo entre 20% e 25% hoje, o que significa cerca de 40 milhões de pessoas.
?O Prime é um grande ativo estratégico da Amazon que até agora tem estado fora do radar?, comenta Scot Wingo, CEO da Channel Advisors e um dos principais estudiosos da empresa no mundo. ?Se essa previsão vier a se cumprir, muitos varejistas on-line e off-line serão tirados do mercado e a Amazon será um negócio de magnitude maior que a do Walmart, por exemplo?, afirma.
?Essa também sera uma notícia ruim para o eBay, Google e empresas de redes sociais, uma vez que o Prime leva a Amazon para o topo da lista de preferência de compras dos clientes?, analisa Wingo. Isso significa que a navegação e o processo de compra on-line estará centrado na Amazon, e não no Google ou no Facebook, como acontece hoje.
Esse processo de dominância da Amazon vem se acelerando. As estatísticas referentes à empresa são sempre nebulosas, uma vez que ela divulga pouquíssimas informações, mas no fim de 2014 a ?loja de tudo? revelou um aumento de 50% no número de assinantes do Prime (incluindo contas de degustação, gratuitas por um mês) nos Estados Unidos, e de 53% em todo o mundo.
Com isso, no ano passado a Amazon gastou US$ 2,63 bilhões em tecnologia e conteúdo, incluindo o licenciamento de vídeos para o serviço Prime Instant Video, valor 41,5% superior ao de 2013. No mesmo período, os gastos com o fulfillment das compras dos clientes avançou 17,3%, para US$ 3,4 bilhões, embora parte desse valor deva ser creditado ao crescimento do marketplace da Amazon, que hoje já é maior que a operação de varejo da empresa.
Para a Amazon, o crescimento acelerado do Prime é uma excelente notícia. Um estudo divulgado no ano passado pela BRC Capital mostra que os membros do programa gastam US$ 538 por ano, quase duas vezes mais que os não-membros (US$ 320). Além disso, quanto mais os clientes consomem na Amazon, mais a empresa conhece seus hábitos e características, o que permite oferecer uma seleção de produtos mais apropriada, ampliando o índice de conversão, em uma espiral positiva.
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