E se a maneira como compramos bens de consumo funcionasse como um mercado de ações? Essa foi a inovação criada por Josh Luber na StockX, uma startup que nasceu para mudar o futuro do comércio eletrônico como o conhecemos. Com os dados de preços em tempo real em seu núcleo, o mercado on-line da StockX garante transparência, autenticidade e anonimato. O StockX é uma das startups que crescem de maneira acelerada no mercado varejista, com um incremento significativo de receita de um ano para outro, superando os primeiros dias de startups como a Etsy e a Poshmark. Por quê? Porque o futuro do comércio depende de experiências diretas e baseadas em dados. Uma das mais originais inovações do varejo dos últimos anos poderá fazer o consumo on-line parecer menos com a Amazon e mais com a NYSE (bolsa de valores do novo mercado de NY)?
Em poucas palavras, a StockX é a bolsa de valores dos produtos vendidos on-line. Quais os produtos mais populares, os mais caros, os mais negociados em diversas categorias. Uma ideia brilhante que serve de guia para os consumidores e também para as marcas, e-commerces e marketplaces. Josh percebeu que 40 milhões de pares de tênis Air Jordan da Nike foram vendidos por dezenas de milhares de preços diferentes nos EUA movimentando mais de US$ 2 bilhões. É uma questão de oferta e demanda. Seus sistema é baseado em robôs que vasculham a internet e coletam os preços, quantidades disponíveis e as vendas dos produtos para então “valorar” esses produtos para mostrar qual deles é o mais bem cotado entre todos os modelos disponíveis.
A inspiração
“Há uma desconexão evidente entre o que as pessoas pagam e as empresas precificam ou diretamente ou no varejo e o dinheiro envolvido nas transações”, afirma Josh. Logo, a ideia da StockX é identificar qual produto tem mais valor, a partir do comportamento do mercado em relação a preços, custos, quantidades e aquisições. Se há preços guia e há quantidades disponíveis, então há mercado!
Mas será que há “investidores” para essa “bolsa de valores de coisas”? claro, desde que ela funcione como uma plataforma que una compradores e vendedores, direcionando transações no formato BID/ASK Live Market, ou seja “ordens de compra e venda” para assegurar o anonimato do comprador, a autenticidade do produto e a transparência da transação. A StockX “comoditiza” e uniformiza os produtos como se fossem ações e então permite que as transações aconteçam. Os primeiros produtos a serem “comercializados” na plataforma foram os tênis, porque apresentam gigantesca variação de preço entre as pessoas e varejistas responsáveis por vender os modelos. Segundo Josh, a coisa toda funciona porque na realidade “compradores e vendedores odeiam-se uns aos outros” e por isso uma plataforma que “regula” o preço e o valor dos produtos faz sentido.
A StockX então propõe uma nova forma de “vender” coisas, convertendo todos os preços disponíveis e todas as ofertas de compra recebidas em um algoritmo, o mercado ganha uma eficiência inédita, baseado em valor e não em oferta e demanda, mas em um resultado que retrata precisamente a transação, sem fricção, sem cadastros, sem buscas infrutíferas, com mais de 3 milhões de vendas/transações realizadas por dia e 13 milhões de clientes ativos na plataforma. Em poucos meses, a empresa já tem filiais no Reino Unido e no Japão. E como um Uber, gera negócios e resolve problemas de clientes sem ter um único produto em estoque.
O futuro do varejo?
Será StockX o varejo do futuro: um sistema eficiente, que contorna escassez, regula oferta e demanda, estipula valor, entrega valor e não tem sequer um alfinete à venda na realidade? É a disrupção dos marketplaces surgindo de forma voraz para devorar negócios somente com o poder dos dados e de algoritmos perfeitamente elaborado.
O espantoso é que por meio da StockX, uma pessoa comum pode funcionar com um “trader” de produtos. Quando a Nike lançou uma série especial em homenagem ao título de LeBron James de campeão da NBA pelo Cleveland Cavaliers, foi acusada de ter negligenciado os varejistas convencionais ao vender esse produto diretamente pelo seu site. Mas o que nem a Nike e nem os varejistas perceberam é que o mercado secundário estava muito ativo e gerando valor dezenas de consumidores repassaram o produto para terceiros sem sequer abrirem seu pacote. Nesse sentido, quem mais capturou valor foi justamente o consumidor que funcionou como “trader”, negociando a “ação Nike LeBron”, que estava em alta.
Finalmente, onde a StockX ganha dinheiro? Claro, na intermediação, na garantia do anonimato, da autenticidade e da transparência da transação. Movimenta o dinheiro, e não precisa produzir, estocar, montar lojas físicas ou se preocupar com omnicanalidade nem por um momento.
Mais uma vez, os dados funcionam para criar mais um game changer. Não temos dúvida de que ouviremos falar muito da StockX nos próximos meses e anos.