A Edelman, agência global de comunicação, há anos vem testando e medindo o humor e as crenças dos consumidores em todo o mundo, no estudo chamado Global Consumer Truster Barometer. As últimas edições desse estudo contínuo, realizadas durante a pandemia, mostraram uma mudança fundamental nas opiniões dos consumidores. Em quais instituições os clientes podem confiar e quais as expectativas que eles têm de empresas e líderes empresariais que devem tomar partido e trabalhar por mudanças sociais relevantes e significativas? De que forma esses dados impactam as operações do varejo? Julian Payne, Corporate Affairs da Edelman, falou no World Retail Congress sobre como as redes varejistas podem se adaptar e se conectar com as novas lideranças e demandas sociais.
Os grandes perdedores do Global Barometer são a mídia e os governos. Há uma crise de confiança também nas redes sociais. Apenas um em cada 5 consumidores confiam nas redes sociais nos EUA, Alemanha e Reino Unido e a preocupação com as fake news ganha dimensões inéditas para 76% dos consumidores globais.
E o que dizer da desconfiança nos governantes em resolver os problemas que afligem as pessoas comuns após dois anos de pandemia? Há muitos medos compartilhados pelas sociedades globais, nenhum dos líderes tradicionais inspira confiança, nem governantes, CEOs ou a mídia tradicional. Vivemos uma era de desconfiança generalizada, na sociedade e dentro das corporações.
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Até que ponto não estarão todos mentindo para os cidadãos comuns? Sim, estamos no limiar de uma instabilidade social global, e, segundo o especialista da Edelman, quando a desconfiança é o padrão, vemos 59% dos consumidores manifestarem uma enorme incapacidade de conduzir debates construtivos na sociedade civil. O nível de desacordo entre os cidadãos e consumidores atingiu a incrível marca de 65% globalmente!
Infelizmente, a desconfiança atingiu também as redes varejistas, com índices de confiança declinantes, particularmente nas questões que impactam os segmentos de moda e alimentos. Esse colapso generalizado da confiança aflige e impacta as economias, investidores e a própria democracia. Vejam: 60% dos consumidores escolhem seus empregos com base nas próprias crenças de valores e 64% dos investidores tomam suas decisões de aplicações baseados também nos próprios valores e crenças.
As implicações dessa tendência movem os consumidores a exigirem que mais empresas tomem e assumam posições diante das questões mais agudas que preocupam a todos. Os clientes e cidadãos querem mais lideranças, novas e atuantes e todas as instituições precisam prover informações seguras, confiáveis e capazes de tornar o mercado e os produtos mais inclusivos e acessíveis para todos.
Leia mais: A mudança no varejo na visão de quem mudou o varejo
Essa é uma preocupação que não vemos no contexto brasileiro, que parece não se conectar com as da reais demandas e problemas da população. Até que ponto sua empresa está realmente dedicada a discutir e a acolher consumidores tão carentes de soluções quanto os de nosso país? A verdadeira agenda ESG no Brasil diz respeito a tornar nossas empresas mais acessíveis, mais realmente voltadas para tornar seus ambientes mais inclusivos digitalmente e também socialmente.
O momento é de recuperar a conexão real entre empresas e consumidores, particularmente aqueles que se sentem excluídos pela globalização e pelas diversas agendas que tomam espaço da mídia e que não refletem a desigualdade e a incapacidade do Estado de prover soluções para problemas reais.
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