A representatividade das mulheres cresceu, principalmente porque algumas guerreiras queimaram sutiãs e gritaram pelas ruas pedindo direitos iguais. É fato que esse desejo ainda é um mito – basta saber que em muitos casos a mulher tem um salário menor que o do homem para ter certeza disso.
A verdade, porém, é que muitas mulheres conquistaram um disputado lugar ao sol e, hoje, em cargos de liderança, têm muito a ensinar. Não por acaso, no painel Mulheres que pensam grande: negócios e empresas lideradas por elas. Fazem mais, fazem diferente ou fazem melhor?, a mediadora Marcelle Mayume Komukai, sócia da KPMG, apontou que, de acordo com estudo realizado pela consultoria, as competências entre os gêneros são iguais. “Mas, no mundo atual, as competências são discutidas com viés”, comenta.
Nesse contexto, Marcelle apontou alguns mitos que poderiam se discutidos no painel. Entre eles, a suspeita de que a mulher não tem competência para ocupar cargos de liderança, não é capaz de fazer networking e o grande mito de que as discussões de gênero são capazes de concluir as ações contra desigualdade.
O sucesso delas
Flávia Bittencourt, presidente da Sephora Brasil, é a prova de que a liderança é também um dom feminino. “Sou formada em engenharia, mas acredito que a capacidade de motivar pessoas foi o que me trouxe até aqui”, comenta. Sophie Schonburg, vice-presidente de Criação da Mcgarrybowen, por sua vez, explica que o berço de sua atuação em propaganda é a criação – um ambiente historicamente machistas.
“Quando pensamos que são regras feitas pelos homens existem alguns mitos e clichês”, diz. Assim, reforça que chegou aonde está por insistência.
Comportamento
Adriana Carvalho coordenadora de WEPs da ONU Mulheres, por sua vez, aponta para dados que mostram que, quando pensamos em liderança, automaticamente pensamos em características do gênero masculino, como eficiência, lógica. “Isso ainda está muito presente. O limite de comportamento da mulher é muito estreito”, defende.
Nesse sentido, ela acredita que, atualmente, vivemos uma esquizofrenia: diz-se que a nova liderança precisa características femininas. Mas, entre a teoria e pratica, julgamos os profissionais apenas pelas horas trabalhadas e por padrões antigos.
Diferenças e semelhanças
Para Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a igualdade de gênero existe no setor em que atua – pelo menos em números. “49% das unidades franqueadas são de mulheres”, afirma.
Além disso, ela explica que as mulheres comprovadamente poupam mais dinheiro e, por lutar contra um preconceito histórico, estuda muito para chegar a um patamar que não é tão distante para o homem. Isso traz pontos positivos para as líderes do gênero feminino. “Somos capazes, mas há diferenças”, acredita. Prova disso é a forma como as mulheres se conectam a outras pessoas. “Nosso networking não acontece no Café Photo”, diz, se referindo a um clube noturno.
Conexões
Marcele Lemos, CEO da Coface Brasil, concorda com Cristina: “fazemos networking de forma mais profissional”, diz. E aponta que, por mais que alguma mulher não entenda essa necessidade, é fundamental deixar sempre um espaço na agenda para fazer networking, conhecer pessoas, manter contatos. “Acho que as regras do jogo ainda são muito masculinas. Muitos encontros de CEOs são compostos de muitos homens e acontecem em organizações masculinas, o que não permite a inserção natural da mulher”, afirma.
“Acho que existe uma tendência e vai mudar com o tempo. Estamos falando de um tema que parece do passado, mas que ainda é presente”, defende. “Estamos sempre voltando ao assunto da mulher como profissional e parece que o tema não evolui. Essa transição é muito lenta e cabe a nós estarmos juntas e falarmos do tema para acelerar a mudança dentro das organizações”.