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O que nos impede de inovar?

O que nos impede de inovar?

"Empresas inovadoras sabem que errar faz parte de um caminho nunca trilhado e, por isso, ao invés de punir pelo erro, buscam o aprendizado que ele traz"

O que nos impede de inovar? Quando faço esta pergunta nos lugares por onde palestro e dou aula, ouço respostas bastante honestas e coerentes, mas com um detalhe: elas são normalmente atreladas às empresas. As pessoas mais frequentemente responsabilizam as empresas pelos motivos que impedem a inovação de acontecer, ao invés de reconhecerem essa dificuldade nelas mesmas.

É certo que muitos ambientes corporativos respondem de forma muito insatisfatória à necessidade de reinvenção necessária, assumindo um comportamento análogo ao mundo reptiliano (tema central que utilizo no meu livro, O Efeito Iguana, para exemplificar o comportamento de sobrevivência autocentrado e imediatista de muitas empresas que, cegas de como agem, acabam seguindo seus velhos hábitos de forma repetitiva). É comum a declaração de abertura à inovação na pessoa física, mas de conservadorismo na jurídica.

Ou seja, “por mais que eu valorize o diferente, queira inovar e sair do lugar comum, tenho que entender que trabalho para uma empresa que não vai aceitar isso”. A empresa, assim, acaba servindo de escudo, amenizando a nossa própria incapacidade de romper com o status quo. Afinal, dá muito mais trabalho mudar e sugerir uma ideia que romper com o que estamos acostumados a ver.

Entendo a questão corporativa engessar toda boa intenção em inovar. A cultura corporativa costuma ser excessivamente tradicional para aprovar e desenvolver ideias muito disruptivas. Vivemos essa realidade em projetos de inovação com diversos tipos de clientes. No entanto, até mesmo por essa experiência entendemos que a raiz do problema está nas pessoas, não no processo. São elas que formam a cultura da empresa, que dão exemplos a serem seguidos, e que definem os objetivos a serem conquistados. Mas, também entendo a dificuldade em se reconhecer o quanto conservadores nós mesmos somos.

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Embora a raiz esteja nas pessoas, claramente, sofremos grande influência do ambiente no qual estamos inseridos – do país em que crescemos, da família onde nascemos, da empresa na qual trabalhamos. Quanto mais o ambiente bloqueia o novo, mais barreiras teremos, e vice-versa. Por exemplo, será que uma família que pune repetidamente o erro do filho o estimulará a criar novas ideias, ou simplesmente o bloqueará pelo medo de errar e ser punido novamente?

Empresas inovadoras sabem que errar faz parte de um caminho nunca trilhado e, por isso, ao invés de punir seus colaboradores pelo erro, buscam o aprendizado que ele traz, não apenas para que o mesmo erro não aconteça novamente, como também para treinar a equipe com novas capacidades, ao tentar novas formas de fazer as coisas. Assim, culturas que estimulam o novo, provocam suas pessoas a pensarem diferente, porque lhes é permitido, porque elas não serão punidas caso algo dê errado ao longo do caminho. Com isso, essas empresas diluem o medo nas pessoas, um dos principais paralisadores da inovação.

“O insight mais importante aqui é que o medo raras vezes reside no presente. Quase sempre está relacionado ao futuro, a algo que pode vir a acontecer. Quando concentramos toda a atenção no momento presente, o medo diminui muito ou até desaparece.”¹

Se o medo reside no futuro, é lá que ele encontra e dá as mãos à inovação. Quando não prioritária, ela normalmente é deixada para depois porque no momento presente é preciso gerar resultados, atingir a meta e os objetivos estabelecidos. Quando a inovação não é priorizada para que aconteça no presente, estamos deixando que algum dia, por mágica, ela chegue. Mas sabemos muito bem todo o esforço que exige sair do lugar comum e, até o momento, ainda não se testemunhou nenhum passe de mágica que se responsabilizasse por tornar a empresa inovadora da noite para o dia. É preciso trazer a inovação para o presente, adotando uma visão a longo prazo – investir hoje em algo que poderá dar algum resultado no futuro. Seja na nossa vida pessoal, ou profissional.

Ao escrever o livro me dei conta do tamanho da Iguana que vive dentro de mim e de todos os vieses que influenciam minhas decisões (com todo respeito ao animal, reconheci em seu instinto de sobrevivência, a minha própria dificuldade em sair da mesmice). Entender como o nosso modelo mental funciona é o primeiro passo para mudar a maneira como agimos. A escolha em mudar sempre será nossa, por isso a responsabilidade sobre inovar, ou não, começa (e termina) em nós mesmos.

“Na vida, somos sempre confrontados com a escolha entre a segurança da estabilidade e o risco do crescimento.”²

Há diversas formas de começar a exercitar seu potencial para inovar. Primeiramente reflita sobre as suas escolhas. Diante de dois caminhos, foi escolhida a opção com o salário mais alto ou a com maior potencial de aprendizado, por exemplo? Foi priorizado o aumento de ganho financeiro a curto prazo ou o investimento em capacitação para um ganho maior a longo prazo? Você preferiu manter tudo como estava, o conforto do conhecido, ou a possibilidade de uma nova oportunidade, com mudanças que poderiam trazer novos desafios por descobrir?

Há um padrão no seu processo de decisão? Reconheça-o antes de procurar cumprir suas resoluções de Ano Novo que, honestamente, dificilmente sairão do papel, se não aprendermos como fazemos as nossas escolhas. Reconheça o imediatismo, que favorece as escolhas com foco a curto prazo, a manutenção do status quo que leva à inércia, a aversão a perda que leva ao medo de errar, de mudar. Aprenda com o seu modelo mental de decisão e mude, se achar necessário. Talvez, olhar para suas decisões passadas ajude a se entender melhor e se preparar para fazer melhores escolhas no futuro.

Porque inovar – ser Iguana, ou Humana – é uma questão de escolha.

¹Frase extraída da página 211 do livro O Capitalismo Consciente, de John Mackey e Raj Sisodia
²Frase extraída da página 220 do livro O Capitalismo Consciente, de John Mackey e Raj Sisodia

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