Já questionamos por aqui se você de fato sabe o que é dívida. Afinal, segundo estudo do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), muitos brasileiros ainda têm dúvidas sobre o que é de fato dever. As duas instituições apresentam, agora, um estudo que traz um dado ainda mais alarmante: seis em cada dez consumidores não sabem quanto estão devendo. Além disso, 36,0% não sabe também a quantidade de empresas para as quais devem algum valor.
Na percepção dos entrevistados, a situação de inadimplência é resolvida, na média, em 16 meses e a intenção de pagamento é motivada principalmente por essa ser considerada uma atitude correta (65,0%). Porém, apenas 51,5% dos entrevistados acreditam que ter o nome limpo é importante, independente de qualquer situação ou contexto.
O estudo identificou quais são as principais dívidas e o comportamento frente ao processo de recuperação de crédito dos atuais inadimplentes e de quem esteve nessa situação há no máximo doze meses. Entre o que conhecem suas dívidas, o valor médio chega a R$ 3.422,29.
Parcelas e cartões
O descontrole, por exemplo, na hora de uma compra parcelada é grande. Muitas pessoas ao sabem nem mesmo quantas são as parcelas totais e quantas já foram pagas. O cartão de crédito levou 43,4% dos entrevistados a ficarem com o nome sujo, seguido pelos empréstimos (23,5%) e cartão de lojas varejistas (19,3%).
As principais justificativas para a falta de pagamento dessas contas foram o desemprego (29,2%) e a redução da renda (14,6%). De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dois fatores conjugados pioram ainda mais a situação do orçamento dos brasileiros. “A atual conjuntura econômica está causando uma alta no número de desempregados e minando o poder de compra dos brasileiros devido à inflação elevada e as altas taxas de juros”, explica.
Negociar as dívidas
Ainda de acordo com o estudo, 57,1% dos entrevistados tentaram renegociação de dívida. No entanto, o acordo com o credor também é apontado como uma dificuldade para limpar o nome. Segundo a economista, as propostas feitas pelas empresas credoras às vezes são incompatíveis com as possibilidades de pagamento dos entrevistados. “Ainda que os descontos negociados sejam consideráveis, podem ser insuficientes e os consumidores podem acabar em um ciclo vicioso de contrair novas dívidas e empréstimos para quitá-las”, diz Kawauti.
A pesquisa mostra que oito em cada dez brasileiros (78,8%) inadimplentes ou ex-inadimplentes fizeram uma contraproposta ao credor. O principal motivo para aceitar a proposta de negociação foi o valor acessível da prestação, independente do valor final da dívida e considerando os juros.
O educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, afirma que esse, de fato, é o melhor caminho a ser seguido por quem está com o nome sujo. “Quem está endividado deve cortar ao máximo os gastos e concentrar esforços para a negociação das contas em atraso”, afirma. “É preciso pagar primeiro as dívidas com juros mais altos e, se necessário, até mesmo fazer a portabilidade da dívida para outro banco ou modalidade que tenha taxas menores. Agora, o mais importante é ter em mente que neste momento não se deve assumir novas pendências, comprar coisas desnecessárias.”
Entre os entrevistados que não estão mais inadimplentes, 67,4% pagaram todas as prestações ou estão com as prestações em dia e 32,6% estão devendo ao menos uma parcela. Após a quitação das dívidas, 78,3% dos ex-inadimplentes verificaram se de fato o nome foi retirado dos cadastros de proteção ao crédito.