O Natal é uma data tradicional do calendário brasileiro, principalmente pelas festividades e momentos de celebração em família. Nesse momento, a emoção de todo um ano pode ser transmitida por presentes e grandes reuniões, o que é maravilhoso. Ao mesmo tempo, tamanha carga emocional também pode nos fazer esquecer-se dos bons hábitos financeiros – já que os bons presentes acabam ganhando do controle das despesas na nossa “balança sentimental”. E é nessa hora que racionalizar e planejar as contas são atitudes fundamentais.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 18% dos consumidores que pretendem presentear este ano ficaram com o nome sujo em decorrência da mesma prática em 2016 – sendo que 11% ainda estão negativados. O valor médio das dívidas ficou em torno de R$ 961.
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De uma forma geral, os brasileiros assumem que pretendem gastar mais do que podem durante as compras de Natal (16%) ou pretendem deixar de pagar alguma conta fixa para adquirir os presentes (7%). O cenário se agrava quando vemos que 34% dos brasileiros que têm intenção de comprar presentes já estão com contas atrasadas atualmente e 32% estão com o nome sujo.
Planejamento
O clima de Natal pode nos levar mesmo a uma empolgação que acaba refletindo nas contas. No entanto, é importante se precaver. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ressalta a importância de resistir aos excessos de consumo e, ao mesmo tempo, ficar atento ao parcelamento. “Dividir as compras pode ser uma boa alternativa, desde que sejam respeitados os limites do orçamento doméstico. De nada adianta parcelar se a prestação vai comprometer o pagamento de outras despesas importantes no dia a dia”, garante.
Algumas dicas para manter as contas sadias são: planejar os gastos antes de sair para comprar (em casos mais radicais, o consumidor pode optar por levar o dinheiro contado ou deixar um determinado cartão de crédito fora da carteira), fazer uma lista de presentes e preços, comparar preços e não se esquecer das dívidas já existentes. Afinal, para quem já está com o nome sujo, adquirir mais contas só vai complicar a vida ainda mais.
Educação vem de casa
As pessoas mais pressionadas, talvez, são os pais e mães. Outro estudo também desses órgãos mostra que, por mais que a maioria dos pais tenha um controle mais rigoroso das contas, 11% dos entrevistados deixarão de pagar alguma conta para presentear seus filhos. Levando em consideração o número de compromissos que o brasileiro costuma ter já em janeiro, como IPVA e IPTU, esse é um dado bastante preocupante.
É muito comum o apreço dos pais pelos desejos dos filhos na hora de presentear em decorrência da sensação de não deixar que os pequenos se frustrem. José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil, explica que essa “frustração” é normal e, inclusive, é desejável. “É fundamental que eles deem presentes que estejam de acordo com as posses da família e com sua realidade financeira”, destaca. “Do contrário, estarão transmitindo a mensagem de que é normal comprometer o orçamento da casa e deixar de honrar compromissos assumidos para satisfazer seus impulsos de consumo; um exemplo nada saudável para o futuro”.
Uma das soluções para este caso é conversar com os filhos, explicando a situação e ensinando-os a montar uma lista de presentes, com variados tamanhos e preços. O hábito faz com que o planejamento financeiro vá se tornando algo natural para a criança, além de deixar os pais mais livres para a escolha dos presentes.