Austin (EUA) – A cultura de startups está em desenvolvimento no Brasil. As dificuldades econômicas muitas vezes levam jovens talentos para a aventura empreendedora sem as necessárias condições para serem bem-sucedidos. Por isso, informação consistente é essencial, o que inclui a criação de um ecossistema de conhecimento para colaborar com quem vive o sonho do negócio próprio.
O SXSW evidentemente reserva uma quantidade espantosa de conteúdos, mentorias, pitches e avaliações de startups. É um ambiente de excepcional valor para quem gosta de empreender. O evento também propicia o contato com profissionais que se notabilizam por criar inúmeros negócios novos. São os veteranos de startups.
O debate: “Startups de sucesso: as histórias de empreendedores veteranos”, reuniu alguns desses empreendedores seriais – Christopher Eyhorn, atual fundador e CEO da DroneSense, Ryan McCarthy, Presidente da Fish & Richardson PC, um consultor especializado investimentos para startups, Chris Slaughter, Vice-Presidente da Verticals e com várias startups no currículo, além de Aimy Steadman, fundadora e COO da Beatbox Beverages.
Antes de optarem por iniciar suas startups, esses profissionais assumiram outros papéis – estudantes, MBAs, profissionais de empresas diversas, fizeram pequenos sites.
Aimy é uma jovem saída da adolescência que teve a ideia de “embalar”de forma criativa bebidas alcoólicas. Achava desinteressante ver as embalagens existentes para acomodar uma dúzia de cervejas, por exemplo. E Beatbox é a caixa com coquetéis à base de vinho com cara moderna, descolada, irreverente. A graça, claro, está em colecionar as caixas – o que dá valor ao produto – cobrar mais pela chance de ter acesso às caixas, que fazem sucesso nas baladas jovens. Detalhe: ela não entendia nada de álcool, mal bebia. Teve o estalo, e fez.
Chris Slaughter fala que a criação de um startup não necessariamente depende um produto novo para um segmento novo, mas pode ser concebida para oferecer soluções não contempladas para atender mercados existentes. Foi este o caminho seguido por Christopher Eyhorn. Sua empresa, DroneSense, aperfeiçoou o uso e manuseio de drones, por meio de um app extremamente inteligente. Hoje, a Drone Sense é uma plataforma de precisão para mercados como agronegócio, exploração petróleo e energia. Drones hoje são essenciais para monitorar e propor soluções para indústrias desse gênero.
Não é só ter ideias, execução é fundamental
E quando o produto ou a solução simplesmente não apresenta a rentabilidade desejada? Eyhorn diz que é melhor sentar, beber um pouco, repensar o produto, verificar o que pode não ter sido entendido pelo cliente e então talvez reposicionar o negócio.
Todos foram unânimes em dizer o quanto é importante ter a ideia e levá-la para a próxima etapa: executar. Nem sempre é questão de dinheiro. Eyhorn diz que é necessário sempre ir o mais longe possível na fase de testes antes de colocar dinheiro grande no lançamento. “Vi muitas e muitas startups com produtos não suficientemente testados e que vão para o mercado e falham tolamente. Já vi lançamentos de sistemas e apps que falharam após 16 minutos de uso”.
Slaughter diz que a Verticals contou com a ajuda decisiva de uma mentoria para auxiliar a cuidar do investimento recebido com qualidade. O produto da Verticals também é uma inovação sustentadora. Ele permite que smartphones possam atuar em rede ou detectar e compartilhar informações com pontos centrais. Se você pensou em algo semelhante à beacons, acertou.
Já Aimy Steadman lançou-se ao negócio sem experiência, o investimento era alto, mas ela simplesmente testou seu produto o mais que pôde antes de lançá-lo. Conta que teve sorte ao fazer o lançamento em um programa de TV. As ligações começaram, a produção se acelerou, as pessoas quiseram, foram atrás do produto, ela recebeu investimentos… Uma história em larga medida semelhante à apresentada no filme Joy. Há pouco mais de uma ano, ela ficava feliz em ter US$ 10,00 para o final de semana.
Startup pede pragmatismo
Eyhorn, mais pragmático, diz que fazer caixa rápido é essencial. Isso mostra que a empresa tem potencial, que poderá rapidamente andar pelas próprias pernas, o que traz confiança, que por sua vez, traz mais investimentos.
Investidores estão a procura de retorno. Há quem diga que bons investidores são aqueles que dão o cheque e viram as costas. Eyhorn discorda: “É bom saber que há um investidor que cuida ou se interessa pelo negócio, que exige o melhor do seu negócio, que pensa a empresa com você”. Slaughter diz que por isso, você nunca deve recear entrevistar e ser entrevistado por quem quer que seja, investidor, sócio ou colaborador. Não maximize seu valor pelo dinheiro que conseguiu no investimento, mas sim pelo negócio que está tentando construir. Ao conseguir o dinheiro, trabalhe sem parar.
O que uma startup precisa então para ser bem-sucedida? Aimy enfatiza a importância de treinar muito bem a sua média gerência. “A execução fica a cargo deles, no nosso caso relacionamento com varejistas. Sem gente qualificada, a startup não decola”.
Para Slaughter, é fundamental não desistir. Ser persistente e não achar que o problema enfrentado em algum momento é o fim do mundo. Para Eyhorn, é imperativo falar com consumidores e clientes. Sempre você terá bons insights deles. Nunca se refugie atrás da mesa de trabalho.
NOVAREJO está em Austin, nos Estados Unidos, e traz cobertura exclusiva do SXSW, o maior evento multicultural do mundo.
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*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão