Millennials utilizam mais de 18 horas por dia consumindo conteúdos diversos. E a democratização da produção permite criar toneladas de conteúdos todos os dias. Estamos atingindo o limite máximo de consumo? O que está acontecendo de maneira geral com nossa avidez por conteúdo? A GIPHY, empresa de Alex Chung foi desenhada para explorar uma nova fase pós-conteúdo para o futuro do entretenimento. Provocador irreverente, ele não deixou por menos e decretou que “o fim do conteúdo como o conhecemos está se aproximando”.
“Afinal, sobre o que se trata este painel?”, pergunta Alex. Claro, ele trabalha numa empresa de busca e de produção de conteúdo baseado em GIFs. Estudou filosofia e precisava trabalhar, por isso foi à universidade de moda, trabalhou em startups, viveu em Mountain View, e então fundou a GIPHY.
A apresentação inteira de Chung foi feita usando GIFs, muitos deles engraçadíssimos. Mas GIFs? Por que GIFs? A ideia básica por trás dessa linguagem é criar comentários anárquicos, um tanto idiotas, baseados em vídeos silenciosos e que estão sempre em looping para contar histórias de uma forma diferente para a internet.
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Até o surgimento do GIF, a melhor forma de transmissão de informação era o texto impresso. Mas na era da internet, o texto é ruim para transportar e comprimir. A informação condensada e tipicamente humana precisa da imagem. Os GIFs são o Lego da comunicação visual. Você os monta, remonta, desmonta e monta novamente.
GIFs são populares porque se adaptam incrivelmente à vida mobile, são replicáveis e virais. Como comunicar ideias e comentários simples e curiosos que expressem nosso sentimento num determinando momento, como entretenimento e não como informação? O GIF é a resposta.
Ele é a forma de expressão mais democrática já utilizada. Como tecnologia, o GIF viu o caminho aberto desde que a Apple matou o flash, elegendo o HTML5 como a chave da internet móvel.
No mecanismo de busca do GIPHY, você procura por termos quaisquer e encontra resultados visuais ou divertidos ou ambos. Mais de cinco bilhões de GIFs são criados todos os dias, um número impressionante, ainda mais quando sabemos que mais de 300 milhões de pessoas usam a plataforma todo dia, ou 10% do tráfego diário do Google.
Cultura
E qual o futuro do conteúdo nesse contexto de ascensão do GIF como elemento cultural? Cada vez mais conteúdo é criado todo dia, um tsunami escandaloso de informação praticamente incontrolável. “Será que estamos perto da saturação do consumo de conteúdo como o conhecemos?”, questiona Chung. Não há mais horário nobre, o conteúdo está disponível na hora que quisermos, cortesia da Netflix.
A consequência dessa oferta absurda de conteúdo é que não haverá mais espaço para ele. Não o espaço virtual, mas o espaço em nossa vida. “Vamos ter que deixar a metrópole superpopulosa do conteúdo e buscar uma alternativa para nossa vida”, enfatiza. Isso não significa buscar conteúdos alternativos, como refúgios na Realidade Virtual, por exemplo.
O que o executivo prevê, talvez como torcida ou chute, é que iremos encolher o espaço do conteúdo em nossa vida e provavelmente o tempo que o conteúdo ocupará. Ele precisará ser condensado no limite mínimo e conter elementos que quebrem a passividade com que hoje o absorvemos, particularmente na tela de TV.
Transformação
“Conteúdo é tudo e por isso ele precisa ser entretenimento ou será ignorado”, afirma Alex Chung. A propaganda será vítima dessa transformação e compactação do conteúdo. Ela, as empresas, mídias e produtores de conteúdo terão de aprender a gerar ideias em pílulas minúsculas, microconteúdos, rápidos, instantâneos, solúveis. Chung prevê que marcas e empresas precisarão gerar conteúdos sempre mais compactos, diretos, divertidos que possam ser exibidos o dia todo em todos os devices.
É claro que o empreendedor pensa apenas no formato de comunicação entre empresas e consumidores finais. Afirmar que o conteúdo está morto é provavelmente precipitado, escandaloso e chamativo, mas longe da verdade. Mas seu insight sobre a superprodução de conteúdo é poderoso. O desafio é ser interessante no conteúdo que se produz, utilizando a técnica do GIF para realçar a comunicação original.
Objetividade, descontração, mensagens divertidas e muito rápidas e replicáveis são conceitos que podem reorientar a forma pela qual empresas e clientes interagem. O conteúdo é utilidade pública e pode ser cada vez mais animado, na linguagem e na reação que provoca.
Pronto para montar seu storytelling à base de gifs?