É um fato que o mercado de empreendedorismo já dava sinais de mudanças importantes. Desde 2015, esse nicho tem se alargado, acompanhando tanto a situação econômica do País quanto as oportunidades de trabalho, provindo de todas as pessoas e idades. Na pandemia, entretanto, essa categoria ficou ainda mais vasta — só não sabíamos que quem encabeçaria essas novas estratégias seriam as mulheres.
Não à toa, elas se apresentam como a cara da mudança do networking em 2022: já são a maioria no segmento de iniciantes, conforme aponta a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Sebrae e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP). Ao todo, 15,4% das mulheres possuem um negócio com até 3,5 anos, ao passo que os homens compreendem apenas 12,6% da amostragem.
“É sabido que uma das coisas mais importantes, e ao mesmo tempo difíceis, para quem está iniciando um empreendimento é fazer contatos, conhecer as pessoas certas, o famoso networking. E isso é mais desafiante para as mulheres, já que os grupos profissionais e de negócios ainda são espaços predominantemente masculinos, o que causa uma certa intimidação”, destaca Mara Leme Martins, PhD e VP da Business Network International (BNI Brasil).
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A cara do networking e da resiliência no pós-pandemia
Se não bastasse dizer que elas são a maioria nos empreendimentos iniciantes, é importante dizer que as mulheres também se saíram melhor à frente de seus negócios durante a pandemia. É o que mostra o estudo do Sebrae, realizado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV): as empreendedoras brasileiras implementaram inovações mais rápido do que os homens durante o período de isolamento.
Segundo a pesquisa, 71% das empreendedoras fazem mais uso de redes sociais, aplicativos ou internet na hora de comercializar seus produtos, atividade realizada apenas por 63% dos homens no ramo. Vale destacar que 11% delas também inovam mais na hora de ofertar um produto ou serviço, contra 7% deles.
De acordo com Mara Martins, a importância das mulheres liderando esse ranking é imensa, posto que lidam com mais problemas que o gênero masculino nesse setor. “As dificuldades não param por aí, já que muitas empreendedoras são também mães e têm jornada dupla de trabalho. A falta de tempo para ir a happy hours, clubes sociais e eventos em geral soma-se à falta de abertura para a participação feminina nesses ambientes e o resultado é negativo para todo o ecossistema empreendedor”, complementa a executiva.
Para compensar essa falta de espaço, explica a VP da BNI, algumas instituições têm aberto locais físicos e digitais para incluí-las melhor dentro da categoria. “Muitos grupos de networking exclusivos para mulheres têm surgido nos últimos anos no Brasil, o que é positivo. No entanto, esta separação traz também perdas, já que quanto mais íntegro e diverso é um ambiente, maiores são as suas possibilidades de expansão”, destaca Martins. “Um ambiente de networking onde há espaço para que o feminino se manifeste de maneira mais livre, como o proporcionado pelo BNI, é radicalmente transformado e gera transformações positivas em todos os seus integrantes, tornando-os mais potentes e prósperos em todos os sentidos”, completa.
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Mulheres mais adaptadas e comunicativas
Outro ponto que também facilita o networking entre as mulheres, aponta a executiva, está relacionado com a forma como elas se comunicam — e possuem mais facilidade nesse quesito.
“As mulheres, seja por questões naturais ou culturais, costumam colocar a serviço do sistema características muito importantes para o desenvolvimento de negócios. Vale ressaltar sua maior habilidade para estabelecer conexões, se comunicar e criar vínculos, bem como para acolher, harmonizar conflitos e colaborar”, elenca Martins.
Na pandemia, elas também se mostraram muito capazes de resiliência, sororidade e perseverança: mesmo com um altíssimo nível de desemprego — maior para o gênero feminino, conforme apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —, conseguiram se reerguer em novos empreendimentos e os têm levado adiante a partir de sociedade com outras mulheres. Segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) em 2021, sete em cada 10 empreendedoras que possuem sociedade as dividem entre outras profissionais do mesmo gênero.
É importante ressaltar que 73% dos negócios femininos são majoritariamente realizados por mulheres. E de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, há uma média de 9,3 milhões de mulheres que lideram negócios no Brasil.
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