Em tempos de shopper mais exigente, seletivo, conectado, com inflação e juros elevados, alta competitividade e margens pressionadas, o layout da loja deixa de ser apenas uma questão estética ou operacional. Ele passa a ser um instrumento estratégico – capaz de influenciar a jornada, elevar o ticket médio, reduzir rupturas e, principalmente, encantar o cliente.
É nesse contexto que proponho a abordagem do Minifloor Inteligente: um processo em 8 etapas que une dados, sensibilidade e visão shopper-centric para transformar o ponto de venda em uma verdadeira alavanca de crescimento.
1. Diagnóstico com profundidade
Antes de propor qualquer mudança, é fundamental entender o que está funcionando e o que está comprometendo o desempenho da loja. Isso inclui analisar indicadores (vendas por m², ticket médio, giro por categoria), mapear a jornada real do cliente, ouvir colaboradores e confrontar tudo com o papel estratégico das categorias (passos 1 e 2 dos processos de GC bem delineados).
2. Clareza sobre os objetivos
Redesenhar o layout exige metas claras: queremos aumentar a conversão? Estimular compras por impulso? Melhorar percepção de preço? Reduzir perdas? Cada resposta direciona o projeto para decisões mais assertivas e com foco em resultado.
3. Mapeamento das oportunidades
A partir do diagnóstico, identificamos pontos cegos: zonas mal aproveitadas, excesso ou falta de SKUs, categorias mal posicionadas e mix desalinhado ao perfil da loja. Essa etapa traz ganhos de eficiência, reduz estoques parados e melhora a fluidez da jornada.
4. Construção da nova proposta
Com base nos dados e insights, é hora de redesenhar: setorização lógica (pautada por dados), movimentação estratégica das categorias, valorização de zonas de descoberta, áreas promocionais bem posicionadas e uso de planogramas atualizados. Ferramentas como mapas térmicos, fluxogramas e softwares 3D ajudam nesse processo.
5. Validação com dados e benchmarking
Nada de “achismo”. A nova proposta deve ser validada com simulações de impacto, testes A/B em lojas-piloto, benchmarking com casos similares. Isso dá previsibilidade e fortalece a confiança na execução.
6. Apresentação estruturada
O convencimento das lideranças, equipe e parceiros passa por uma apresentação bem estruturada: antes vs. depois, estimativas de ganho em vendas e margem, fotos de referência, impacto na experiência e custo de implementação.
7. Execução piloto com ajustes finos
Implementar de forma gradual, ouvir a equipe de loja e o cliente, monitorar indicadores e ajustar o que for necessário antes de escalar. Isso reduz riscos e permite aprendizado em tempo real.
8. Escala com consistência e visão de rede
Ao validar os resultados, padronizar boas práticas, documentar aprendizados, criar kits de replicação e envolver fornecedores. Um minifloor bem-sucedido se transforma em argumento comercial, fortalece o relacionamento com a indústria e impulsiona vendas sustentáveis.
Lembre-se: shopper no centro, resultado na ponta!
O Minifloor Inteligente não é sobre mudar prateleiras – é sobre mudar a lógica da loja com inteligência e foco no cliente. Quando o layout respeita a jornada do shopper, valoriza o sortimento e facilita a compra, ele gera um ciclo virtuoso: mais vendas, maior margem e uma experiência memorável.
Fatima Merlin é fundadora e CEO da Connect Shopper, Conselheira, Board Advisor, Embaixadora da GS1 Brasil, Retail Thinker da Varejo180, Mentora e Palestrante. Mestre em comportamento do consumidor, MBA em Marketing, economista, especializada em varejo, pesquisa em marketing, gerenciamento por categoria e shopper atuando há mais de 30 anos na área.