Quer ensinar seus filhos a lidarem com dinheiro? Dar uma mesada pode ajudar. Aliás, essa é a principal motivação das mães que dão mesada (76,8%), revela pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz, que também mostra que 26,3% das mães de crianças e adolescentes adotam a mesada. No entanto, 26% das mães que dão mesada não controlam os gastos. Caso a mesada acabe antes do previsto, 59,5% das mães afirmam não dar mais dinheiro.
De acordo com o estudo, a média da idade em que os filhos começam a receber mesada é de nove anos, com um valor médio de R$ 123,00 por mês. Entre os destinos da mesada, o principal é a compra de lanches, seguido de reserva para comprar algo que goste muito, brinquedos e jogos e livros e revistas.
O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, afirma que a mesada também pode ensinar bastante sobre situações típicas da vida adulta. “Por meio dela as crianças e adolescentes podem perceber que vários produtos custam mais caro que a renda disponível, estimulando a busca de estratégias para realizar objetivos maiores”, diz.
Ele ainda dá dicas para que as mães ensinem seus filhos a usarem a mesada como ferramenta de educação financeira, como aguardar e juntar duas ou três mesadas para comprar algo mais caro que se deseja muito, além de aprender a pesquisar preços e até mesmo repensar a necessidade de fazer determinada compra.
E acrescenta: a mesada nunca deve ser utilizada como instrumento de troca em relação aos deveres dos filhos. “Não se deve, por exemplo, condicionar o ganho de dinheiro a bons resultados obtidos na escola ou ao cumprimento das obrigações rotineiras em casa.” Ele ressalta que a decisão sobre o valor da mesada é pessoal e depende da condição financeira familiar. “O mais importante é que as mães não sacrifiquem o orçamento da casa, e sim, ofereçam um valor compatível com a renda familiar”, diz.
Entre as mães que não dão mesada, as principais justificativas são que o filho é muito novo e que elas preferem ter o controle dos gastos. Há também uma parcela de mães (12,4%) que pararam de dar mesada. Entre elas, a restrição orçamentária / queda do rendimento familiar é o principal motivo, mencionado por 84,6%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, quando as finanças de casa ficam comprometidas, o corte realmente deve ser de todos os lados. “Em meio à crise econômica, com alta da inflação e do desemprego, o orçamento fica restrito e as contas básicas e mais importantes devem ser priorizados. Na hora do aperto, é possível rever os gastos com lazer, incluindo as mesadas”, explica.
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Poupança
O estudo do SPC Brasil também revelou que cerca de 61,0% das mães entrevistadas não faz poupança para os filhos. Entre as que fazem, a principal finalidade da reserva é financiar os estudos no futuro e guardar dinheiro para algum imprevisto. Apenas 5,4% dos filhos possuem cartão de crédito, principalmente os adolescentes e 7,9% têm conta corrente com cartão de débito.
Segundo Marcela Kawauti, o uso do cartão de crédito pelas crianças e jovens exige muita atenção dos pais. “É uma modalidade de pagamento que pode ajudar se usada com organização e controle. Os pais devem ensinar os filhos a gastarem apenas uma parte do seu dinheiro, guardando o resto para possíveis compras futuras ou reserva financeira. Também devem ensiná-los a acompanharem as faturas, datas de vencimento e que nunca se deve entrar no rotativo, já que as taxas dos bancos são extremamente altas”, analisa Kawauti.