O conflito de gerações no ambiente de trabalho pode ser benéfico quando estimula o debate, enriquece pontos de vista e favorece a troca de experiências, além de ampliar os horizontes sobre o melhor convívio entre profissionais de idades distintas.
No entanto, estudos apontam que esse cenário não vive dias tão saudáveis. Uma pesquisa exclusiva do Infojobs, HR Tech, que desenvolve soluções de tecnologia para RH, revelou que 66% dos profissionais da geração X (nascidos entre meados da década de 1960 até 1979) sentem que os mais novos duvidam de seu profissionalismo. O estudo também mostrou que 57% dos entrevistados passaram por algum episódio de preconceito devido à sua idade.
Os profissionais da geração Y (nascidos entre 1980 e 1989) e Z (nascidos entre 1990 e 2010) também já se sentiram prejudicados por pessoas com mais idade, 73% dos participantes do grupo sentem que são subestimados por serem mais novos.
Falando especificamente da geração X, 76% dos profissionais da geração Y ou Z acreditam que esse grupo possui resistência aos seus posicionamentos.
66% dos profissionais da geração X sentem que os mais novos duvidam de seu profissionalismo
76% dos profissionais da geração Y ou Z acreditam que a geração X possui resistência aos seus posicionamentos
Gatilhos do conflito de gerações no trabalho
Para 80% dos participantes, os conflitos de gerações são normais no mercado de trabalho e 62% já precisaram lidar com situações do gênero.
Na opinião dos entrevistados, diferentes posicionamentos e posturas no ambiente de trabalho são os principais motivos para acontecer os conflitos, com 37% das respostas cada, seguido por formas de falar, com 17%.
Embora os conflitos existam, segundo o estudo, 82% enxergam que as possibilidades de desenvolvimento ao conhecer coisas novas ganham destaque ao conviver com diferentes gerações.
O estudo teve a participação de 1222 profissionais, entre homens e mulheres, onde 55% (699 pessoas) fazem parte da geração X, 36% da geração Y e 9% da geração Z.
O papel do RH e da liderança no conflito de gerações
Mesmo que 52% dos participantes do estudo da Infojobs não acreditem que lidar com o conflito de gerações seja de responsabilidade do RH da empresa, é de suma importância que a pauta seja trabalhada internamente.
De acordo com a CEO do Infojobs, Ana Paula Prado, o primeiro passo é ter diálogo aberto, claro e assertivo com toda a equipe. Todos os colaboradores devem se sentir livres para se posicionar e trocar ideias, e assim contribuir diretamente para entregar melhores resultados.
“As lideranças devem analisar os pontos fortes e fracos de cada geração para extrair o máximo delas. Também é fundamental combinar as diferenças de forma estratégica para realizar a melhor distribuição de tarefas, pensando inclusive em práticas de mentoria reversa. Isso vai manter os colaboradores engajados e a produtividade em dia”, disse a executiva.
Conflitos podem ser vistos como um sinal de alerta para que as empresas reestruturem modelos de maneira que sirvam para todas as gerações
Prado ainda reforça a necessidade de estimular a convivência através de treinamentos coletivos, eventos de capacitação e até momentos de descontração. “Isso promoverá uma troca de conhecimentos, muito importante para pessoas de todas as idades”, pontua.
Por fim, ela acredita que os conflitos também podem ser vistos por uma perspectiva diferente, pois servem como um sinal de alerta para que as empresas reestruturem modelos de maneira que sirvam para todas as gerações, mas é claro, respeitando as individualidades de cada grupo.
Brasil e a Síndrome de Burnout no trabalho
Em tempo, vale ressaltar que a Síndrome de Burnout é outro desafio enfrentado pelas empresas e seus colaboradores no ambiente de trabalho.
Par se ter uma ideia, o Brasil é o segundo país com maior número de pessoas afetadas pela Síndrome de Burnout, conforme indica o International Stress Management Association (ISMA – BR).
A doença, que está ligada diretamente com a vida profissional, pode ser causada por quantidade elevada de trabalho, falta de autonomia nas atividades, ausência de flexibilidade e reconhecimento, cobranças excessivas de resultados, ambiente tóxico e muito mais.
Homens são os principais responsáveis pelo adoecimento mental nas empresas
Uma outra pesquisa, realizada pela Mindsight, (empresa de tecnologia especializada em gestão de pessoas), que que contou com respondentes de todo o país, divulgada no ano passado, indicou que, em 43% dos casos, o responsável pelo surgimento de desgaste mental no ambiente de trabalho partiu de um homem, 32% causado por mulheres (24% afirmam que não sofreram essa situação).
O estudo mostrou que apenas 9% dos participantes já foram diagnosticados com a condição, o que esbarra na falta de ações concretas sobre o tema dentro das empresas.
Exemplo disso é que oito em cada 10 respondentes apontaram que a empresa nunca realizou nenhuma ação de conscientização sobre o tema ou tem área específica para acolher colaboradores com exaustão mental.
Muitos não conhecem colegas que estejam demonstrando os primeiros sinais da Síndrome de Burnout
Por se tratar de uma condição que pode emergir com sintomas diversos que vão desde exaustão, até cinismo e redução da eficácia profissional, muitos afirmam que não conhecem colegas que estejam demonstrando os primeiros sinais da síndrome.
Sessenta por cento dos entrevistados no estudo da Mindsight afirmam não conhecer nenhum colega de trabalho que tenha sido diagnosticado com Burnout, ao passo que 87% indicam já ter sofrido sobrecarga emocional no ambiente de trabalho.
Para Augusto Neves, diretor de Gente e Gestão da Serede – Rede Conecta, empresa do Grupo Oi, o papel das lideranças nesse cenário é decisivo para melhorias. “Os desafios relacionados à gestão de pessoas são numerosos e continuarão exigindo uma postura de observância por parte dos líderes. Porém, é de suma importância conceder uma atenção especial à saúde mental dos profissionais, dado o peso de se construir uma governança que incentive e estimule a produtividade de seus colaboradores de modo saudável e organizado”, pontua o especialista.
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