A vida de uma mulher é cheia de mudanças e desafios desde o dia do nascimento. Pessoal e profissional muitas vezes se fundem dependendo do momento em que estamos, principalmente se as variações hormonais ainda estão presentes no nosso corpo. O Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado recentemente, mostra que a população brasileira está mais velha, ou seja, a quantidade de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 57,4% em relação a 2010.
Isso significa que as pessoas idosas estão vivendo mais, e muitas delas continuam trabalhando, principalmente as mulheres. Líderes de família, autônomas ou por vontade própria, elas focam na vida profissional, e mesmo com o climatério, continuam a trabalhar, mas com o desejo de adaptar suas jornadas de trabalho de forma a não prejudicar sua qualidade de vida e bem-estar, o que pode fazê-las optar por transições de carreira a partir dos 50 anos.
Márcia Cunha, fundadora e CEO da Plenapausa, explica o motivo dessas mudanças e como a menopausa intensifica essa necessidade de um novo estilo de vida para as mulheres ativas no mercado de trabalho.
“Este período coincide muitas vezes com outras fases da vida, como a saída dos filhos de casa, algumas repensam o próprio relacionamento e também questionam quanto a realização profissional ou necessidade de buscar uma nova fonte de renda”, explica.
Menopausa e produtividade
A menopausa afeta, sim, a produtividade das mulheres e o bem-estar delas no mundo corporativo. “Em média 85% das mulheres sentirão ao menos cinco sintomas relacionados à menopausa de forma intensa”, conta Márcia. A organização avaliou sete mil mulheres e, destas, 46% relataram que se sentem menos produtivas durante o período.
Mesmo sendo um processo natural do corpo, muitas mulheres não sabem identificar o climatério. Isso pode ser prejudicial no ambiente corporativo, já que os sintomas podem ser bem desconfortáveis. “60% das mulheres, independente de classe econômica, não sabem identificar os primeiros sintomas da menopausa, e com as mulheres cada vez mais ativas no mercado de trabalho, entendemos que a informação é essencial para que esta estatística mude, e o ambiente corporativo pode ser com certeza uma grande oportunidade para a promoção desta informação”, comenta Márcia Cunha.
A qualidade de vida e bem-estar estão diretamente ligadas à produtividade, e a menopausa é tão importante quanto outras fases da vida da mulher. “Atualmente as empresas promovem benefícios para fases da vida da mulher em especial para a fase reprodutiva e maternidade, a menopausa é uma extensão destas fases e benefícios para esta fase já é uma realidade nas empresas em países como Estados Unidos e Reino Unido”, ressalta.
Então, promover o conhecimento e acolhimento dessas colaboradoras é essencial para que elas se sintam confortáveis e, caso pensem em mudar de carreira unicamente para se adaptar à fase e não por vontade própria, que esse pensamento desvaneça ao perceber que a empresa está disposta a ajudar. “Promovemos jornadas para as empresas pela Plenapausa, o que colabora para que a mulher tenha acesso a informação, tratamento adequado e consequentemente uma melhora em todos os aspectos de saúde, profissional e pessoal.”
O que fazer ao identificar o climatério
A menopausa pode ser definida como o período de 12 meses consecutivos com ausência total da menstruação. “Todo período que antecede a menopausa chama-se climatério, que acontece durante anos”, afirma.
“É importante que a mulher, ao notar alterações no seu corpo como irregularidade menstrual, insônia, irritabilidade, ciclos menstruais mais longos que o normal, já procure ajuda médica”, completa.
Para começar, consultar um ginecologista ou endocrinologista para realizar exames e ter uma orientação adequada é imprescindível. Nesse momento entra também o respaldo empresarial: oferecer plano de saúde e entender que o período exigirá daquela colaboradora algumas idas ao médico ou laboratórios é um diferencial na relação dela com a empresa.
“É importante ressaltarmos que todos os sintomas desta fase são possíveis de tratamento, seja ele hormonal ou natural, para que sejam orientadas e acolhidas de forma adequada”, finaliza Márcia.