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McKinsey explica tendências globais que são desafios e oportunidades

McKinsey explica tendências globais que são desafios e oportunidades

Consultoria traz tendências de 2023 que são oportunidades para lideranças atentas a se movimentar para passar bem pelas turbulências

Mar calmo nunca fez bom marinheiro, diz o ditado. Mas para a consultoria McKinsey, a quantidade e a intensidade de tormentas vividas nos últimos anos, incluindo uma pandemia global e uma guerra, que causaram uma crise humanitária e outra econômica, obrigam a sociedade e as empresas a se reformular.

“Ao que tudo indica, não há previsão de mar calmo para os próximos anos”. A consultoria elaborou uma análise a partir das conversas com CEOs, conselhos e líderes empresariais brasileiros, com cinco macrotendências que apresentam desafios, mas também oportunidades de crescimento promissoras para as empresas que as empresas brasileiras estão se preparando para capturar.

Maior volatilidade global e local

O ano começou com a possibilidade de uma desaceleração econômica global. A expectativa de recessão econômica nos Estados Unidos e na Europa; a inflação desacelerando, mas ainda com níveis relativamente altos em todo o mundo; e as altas taxas de juros pressionam a economia.

No Brasil, as projeções de mercado para 2023 são de inflação menor, mas ainda acima da meta, com um baixo crescimento do PIB e taxa de juros ainda em alta, apesar do anúncio do novo arcabouço fiscal.

“O desafio, especialmente no Brasil, é aumentar a resiliência sem reduzir o crescimento no médio prazo, principalmente para negócios que podem acelerar já em 2023”. A McKinsey aponta que isso é possível “ao reduzir custos, acelerar a digitalização, realocar investimentos rapidamente (para oportunidades que se materializem mais rápido ou criem um valor transformacional), criar espaço no balanço (por exemplo, alongando dívidas) e buscar ativamente por oportunidades de M&A que recorrentemente surgem nesses momentos”.

Aceleração dos compromissos climáticos

Os compromissos climáticos são mais um fator que pesa no reequilíbrio da economia mundial. No bloco europeu, a legislação passará a impor maiores exigências à importação, o que deve estimular a pesquisa e o desenvolvimento de processos que envolvam menores emissões de carbono, principalmente para produtos cujos processos atuais são grandes poluidores – como cimento, ferro, aço, fertilizantes, plásticos, hidrogênio e amônia, que são alvos do CBAM, a nova taxa de importação de carbono em vigor na Europa.

Outras regiões do mundo já deram indicativos de que devem acompanhar esse movimento, como os debates entre Estados Unidos e União Europeia para criar um imposto comum sobre aço e alumínio produzidos com maior intensidade de carbono.

“Esses fatores representam uma oportunidade para as empresas brasileiras se reposicionarem nas cadeias de suprimentos globais e estimularem o crescimento industrial de forma significativa, com protagonismo na produção mais sustentável”, aponta a McKinsey.

São várias as oportunidades para setores de base que, de uma forma ou de outra, podem beneficiar uma parcela significativa das empresas e da população brasileira: eletricidade de origem eólica e solar, hidrogênio verde, combustíveis sustentáveis, biometano, metálicos verdes e mercados de carbono – o Brasil possui cerca de 15% do potencial para abater ou sequestrar carbono da atmosfera usando soluções climáticas naturais, sendo o país com o maior potencial do mundo nesta área.

As soluções ambientais são um mercado de mais de US$ 125 bilhões, que pode gerar diversos outros benefícios diretos e indiretos, como desenvolvimento socioeconômico, melhor segurança hídrica e proteção da biodiversidade. No entanto, a McKinsey avalia que a transição energética e de materiais terá um custo: “deve pressionar a inflação e as taxas de juros globais, mas o Brasil está posicionado para reduzir esse custo em relação à maioria dos outros países”.

A McKinsey recomenda abandonar uma postura defensiva, de cuidar apenas da sustentabilidade do negócio atual, e partir para o ataque buscando novos mercados e o crescimento que competidores mais sustentáveis e novos produtos e serviços alcançarão.

“Na maioria das empresas com as quais temos trabalhado, a construção de negócios sustentáveis está muito perto do topo da agenda”, revela a consultoria.

Demanda resiliente por commodities

Com 8 bilhões de pessoas no mundo, será necessário crescer para manter o padrão de vida cada vez mais elevado da sociedade, tanto em alimentação quanto em bens materiais, mas o planeta só resistirá se esse crescimento for sustentável e inclusivo, segundo a avaliação da McKinsey.

A demanda crescente tem sido afetada pelas consequências da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia, que resultaram em uma valorização de até 70% nos preços de alumínio e cobre.

Para commodities agrícolas, minerais e outras, o mundo busca sustentabilidade. “As empresas brasileiras têm a oportunidade e a capacidade de se apresentarem como fornecedoras confiáveis, mais sustentáveis e com um custo competitivo”, indica a consultoria.

O agro, por exemplo, é um dos setores que mais investe em inovação atualmente, tanto pelo uso de tecnologia digital no campo quanto pelo desenvolvimento de técnicas sustentáveis – que permitem maior rendimento por hectare e custos mais baixos de produção, além de uma série de outros benefícios.

“Várias empresas brasileiras já começaram a abraçar essas oportunidades ao mostrar o menor impacto ambiental de sua produção e estão crescendo com produtos inovadores – químicos de origem vegetal, combustíveis produzidos com resíduos animais e vegetais, proteína neutra em emissões de carbono, para citar alguns”, destaca o documento.

Reconfiguração das cadeias de suprimentos

Após décadas de globalização das cadeias de suprimentos, que mudou o perfil econômico das regiões pelo mundo, estamos vivendo um movimento de regionalização e até localização. Se antes as prioridades eram os baixos custos e a produção just-in-time, após uma série de rupturas, os líderes têm buscado soluções que priorizem resiliência – por exemplo, fornecimento de mais de um agente, aumentar os estoques e encurtar a cadeia com near shoring.

Para empresas com cadeias complexas que operam no país, os fatores de custo, disponibilidade e cobrança social contribuem para se considerar uma decisão estratégica de mudar a base de fornecimento ou o local de produção de componentes para o Brasil, em um movimento de localização da cadeia de suprimentos.

“A nacionalização e a proximidade geográfica entre oferta e demanda brasileiras podem gerar ganhos em diferentes partes da cadeia de valor: redução do custo econômico, ganho de produtividade, limitação do risco cambial com menor exposição a moedas internacionais, redução dos custos de proteção e de importação, racionalização logística, aumento de produtividade com melhor ajuste da demanda, além de menos emissões e ganhos em sustentabilidade”, avalia a McKinsey.

As relativas estabilidade e proximidade da Europa e dos EUA fortalecem o país como candidato ao friend shoring – quando cadeias de suprimentos longas são encurtadas priorizando os países que estabeleceram as melhores relações com os grandes mercados consumidores.

A consultora enxerga que os líderes empresariais mais proativos já mapearam as principais oportunidades para suas empresas, estão buscando clientes e posicionando-se como fornecedores preferenciais.

Evolução do mercado de trabalho

Novas formas de organização no mundo do trabalho, como a metodologia ágil, já vinham ganhando força antes de 2020, mas a pandemia acelerou de forma vertiginosa as mudanças nas relações profissionais.

Hoje as pessoas têm expectativas diferentes de evolução na carreira, oportunidades de desenvolvimento, flexibilidade, segurança psicológica e propósito. Na esteira dessas expectativas, dois grandes movimentos já sentido em todo o mundo indicam que o modelo de organização corporativa altamente hierarquizado está em crise e o Brasil está incluído neste cenário.

A Great Resignation

O primeiro é a grande demissão– cada vez mais pessoas pedem demissão mesmo sem ter um segundo emprego em vista;

Quiet Quitting

O segundo é a desistência silenciosa – que repercute principalmente entre os jovens, motivados a fazer apenas o mínimo necessário para manter sua função.

No Brasil, 57% dos brasileiros que trabalham em grandes empresas estão dispostos a sair do trabalho atual sem necessariamente ter outro emprego – percentual semelhante ao do resto do mundo.

Entendendo esses movimentos, as empresas mais rápidas estão ajustando sua organização para atender a essas novas expectativas, de forma a reter talentos e atrair essa nova mão de obra. Dessa forma, ao concluírem esse processo, essas empresas terão uma força de trabalho mais motivada e qualificada.

“Os bons marinheiros, ou líderes empresariais mais astutos, reconhecem que os desafios aumentaram nos últimos anos, mas também enxergam essas cinco macrotendências como um caminho para suas organizações se posicionarem, ganharem competitividade frente a seus competidores e buscarem crescimento mesmo em um contexto adverso”, finaliza a análise.

 

 

 

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