Aceitar o próprio corpo como ele é continua sendo uma batalha para a imensa maioria das mulheres do mundo. Ainda que a geração millennial esteja em guerra com os padrões de beleza que privilegiam um corpo magro – dados publicados no livro O Mito da Beleza (Ed. Rosa dos Tempos) informam que as modelos de agora são ainda mais magras do que as que desfilavam nas passarelas nas décadas de 1980 e 1990 – a aceitação corporal segue sendo pauta na mídia, entre os formadores de opinião e nos consultórios de terapia.
O #BODYPOSITIVE, movimento que liderou essa tomada de consciência feminina de enxergar o seu próprio corpo de maneira sadia, já se tornou conhecido nas redes sociais e nas conversas em geral. Influenciadoras como Juliana Romano (@ju_romano) ou Alexandrismos (@alexandrismos) com a hashtag #CorpoLivre, entre muitas outras, colocaram o assunto em pauta.
Modelos como Ashley Graham e Tess Holliday se tornaram referências e podem ser vistas em tapetes vermelhos, capas de revista, programas de TV. O termo plus size virou algo de conhecimento do senso comum e diversas marcas passaram a investir nesse mercado de quem ama as suas curvas corporais.
Só que o Body Positive evoluiu para um outro movimento – o #BODYNEUTRALITY – que tem uma diferença importante. Aqui, a pessoa não precisa, necessariamente, estar 100% satisfeita com a aparência que tem – o tempo todo. Identificou-se que essa pressão por estar “muito feliz com seu próprio copo do jeito que ele é” estava, na verdade, gerando uma ansiedade em quem não conseguia chegar a este nirvana estético. Em outras palavras, o que o Body Neutrality propõe é a liberdade para se sentir confortável ou não ao se olhar no espelho.
Trata-se do famoso “está tudo bem se”… Se você curte seu corpo no geral, mas não gosta de uma certa parte; se faz um comentário que não é muito positivo de vez em quando (sem ter medo do “patrulhamento” do outro pressionando para você a “se aceitar como é”); se quiser emagrecer ou ganhar peso; se acorda um dia se achando incrível enquanto no outro o que quer mesmo é ficar mais recolhida.
A neutralidade proposta pelo movimento é uma busca por mais equilíbrio em como cada pessoa se sente diante de sua própria imagem corporal – sem amar ou odiar tudo radicalmente. A ideia é tirar o elemento CULPA da jogada: e isso tem impacto direto na saúde mental – uma preocupação que só cresce entre as gerações Z e Y – as quais estão com a aparência superexposta por causa das redes sociais.
Segundo pesquisas, a expressão Neutralidade Corporal começou a ser vista em buscas na internet a partir de 2015, mas só se tornou mais conhecida no ano seguinte, quando a norte-americana Anne Poirier, uma especialista em fitness e alimentação, começou a falar sobre o tema em um famoso spa.
Ao invés de focar apenas no exterior, o movimento também pede que as pessoas se liguem mais na força, na elasticidade, nas capacidades individuais que cada corpo tem, diminuindo a importância da aparência na avaliação final de seu julgamento próprio.
Em tempos de radicalismos em muitas áreas da vida, é sempre bom encontrar um ponto neutro para se apoiar e ficar mais leve. Que tal entrar nessa onda também?
Para as marcas vale ficar de olho na tendência: cada vez mais as gerações jovens consomem de labels com propósito. Aqui o princípio é o mesmo: eles precisam se identificar com o que estão comprando – seja nos princípios que regem a marca, seja nas pessoas escolhidas para representá-la. Não à toa marcas como Avon, Nike e Dove, Adidas já entraram nessa onda.
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