Por ser acessível e conveniente, com preços mais baixos que as lojas físicas, a experiência de compra nos canais digitais vem ganhando a preferência dos brasileiros. Nas lojas virtuais, os consumidores navegam por uma ampla variedade de produtos e marcas. Inegavelmente, nelas, eles comparam valores, leem avaliações e fazem suas compras em qualquer momento, em qualquer lugar. Outra vantagem é o recebimento das mercadorias em casa e no trabalho, o que torna o processo muito mais prático.
Neste ínterim, os dados do e-commerce são animadores. E o Brasil está entre os maiores players deste mercado para os próximos anos. Só para ter uma ideia, em 2022, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) registrou a abertura de 36 mil lojas virtuais. Naquele ano, o país, precipuamente, alcançou a marca de 565.300 sites de comércio eletrônico. Assim, houve um crescimento de 6,82% em relação a 2021.
Será o fim das lojas físicas?
Diante de um e-commerce estável e em contínuo desenvolvimento, será o fim do varejo? Os marketplaces acabarão com as lojas físicas?
A previsão é que, até 2025, as lojas físicas respondam por 82% do total de vendas. E, mesmo depois dessa data, elas estarão no mesmo patamar. A informação é da Euromonitor International, líder mundial em pesquisa de estratégia para mercados consumidores. Isso porque, apesar da rapidez e comodidade que o e-commerce oferece, existe uma especificidade nas lojas físicas que não podem ser superadas: o imediatismo de ver e ter o produto em mãos, ao vivo.
O consumo imediato e a chance de experimentação do produto, sentir, tocar, sentir o aroma e a textura, a variedade de cores e tamanhos. Todos esses atributos – juntos – pertencem às lojas físicas – e fazem com que elas permaneçam invictas.
Digitalização do varejo
A prova disso está na pesquisa “Tendências de Consumidores”, da Associação Brasileira de Automação. De 3.397 entrevistados, em todas as regiões do país,
54% optam por locais onde possam provar ou testar o produto. Já 49% buscam um atendimento simpático e gentil. Em síntese, 44% esperam encontrar o mesmo preço da loja online; e 43% têm a expectativa de encontrar, na loja física, o produto visto na loja online.
Para roupas e calçados, assim como para artigos esportivos e para academia, houve um aumento na preferência pela compra presencial e uma redução na preferência pela compra via internet. Já para roupas de cama, mesa e banho.
Os eletroeletrônicos, em geral, também tiveram aumento de preferência pela compra presencial. A única exceção foram os televisores, equipamentos de áudio e vídeo, para os quais a predileção de compra pela internet apresentou um pequeno aumento.
Canais digitais de pesquisa
O levantamento tem o objetivo de oferecer subsídios sobre as preferências de compras de produtos alimentícios, têxteis, eletrônicos, saúde e bem-estar.
Segundo João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil, responsável pelo padrão global de identificação de produtos e serviços (Código de Barras e EPC/RFID) e comunicação (EDI e GDSN) na cadeia de suprimentos, nos ambientes virtuais, os canais digitais de pesquisa são os preferidos no consumo.
Ao todo, 58% procuram em sites de comparação de preços. Já 51% das pessoas, em ambiente online, utilizam aplicativos no celular. Enquanto isso, 49% buscam opiniões em redes sociais e sites de avaliação de produtos. Por fim, 44% dos consumidores acessam diretamente os sites de lojas ou marketplaces.
A avaliação de outros compradores é bem levada em conta na hora de adquirir um novo produto ou serviço: 55% verificam essa análise. Metade dos entrevistados valoriza a identificação clara do produto; 44% buscam por várias imagens do produto; e 42% prezam por um processo de compra rápido e sem burocracia.
As preferências em lojas físicas
No que diz respeito à alimentação, houve uma redução na preferência pela compra presencial. Entretanto, apenas para bebidas essa tendência se refletiu em aumento da preferência por compras pela internet, enquanto, para os demais tipos, ocorreu um aumento da indiferença do consumidor entre compras presenciais e online. Além disso, a procedência e origem do produto são as informações mais importantes para o consumidor antes de decidir pela compra.
Os itens de higiene e cuidados pessoais, cosméticos e produtos de beleza também apresentaram ligeira redução na preferência pela compra presencial, enquanto medicamentos, vitaminas e suplementos apresentam maior redução na preferência por esta modalidade de consumo. Para itens de higiene e cuidados pessoais, assim como para medicamentos, vitaminas e suplementos, essa redução se refletiu em um crescimento na preferência por compras pela internet, enquanto, para cosméticos e produtos de beleza, houve um aumento da indiferença dos consumidores entre as formas de compra.
Digitalização das lojas físicas
Para as lojas físicas que pretendem se digitalizar, é preciso compreender que a inovação envolve a transformação do pensamento e a adoção de uma mentalidade voltada para a nova economia. Quem explica melhor é Marcelo Dantas, diretor de inovação da Farmarcas: “Isso significa estar aberto às melhorias nos processos, utilizar dados como base para a tomada de decisões e adaptar-se rapidamente a novos formatos e modelos de negócio”.
O diretor ressalta a importância de promover uma mentalidade de questionamento e buscar sempre maneiras de melhorar. Nesse sentido, quatro pontos são fundamentais para a digitalização: conectividade, dados, cultura e pessoas.
“A conectividade é essencial para integrar as ferramentas e processos da empresa, facilitando a colaboração entre as diferentes áreas. A utilização de dados de forma inteligente é outra peça-chave da digitalização, permitindo tomar decisões embasadas em informações relevantes”, explica o diretor da Farmarcas.
Ele complementa que “a cultura organizacional também desempenha um papel fundamental, incentivando a inovação e a adaptação constante. Por fim, temos as pessoas, é preciso incentivar a busca por capacitar os colaboradores e envolvidos, aumentando a capacidade analítica e promovendo o compartilhamento de conhecimento”.
Os fundamentos da digitalização
Marcelo Dantas destaca também os quatro fundamentos que conduzem à digitalização e as tendências que estão moldando o mercado neste momento.
1. Modelo de negócio modernizado: é crucial constantemente questionar o modelo de negócio e explorar maneiras inovadoras de operar no mercado farmacêutico. Além disso, é fundamental adaptar-se às mudanças e pensar além do convencional, buscando oferecer aos clientes uma experiência diferenciada. Nesse contexto, a digitalização se mostra essencial para impulsionar a modernização e a otimização dos processos.
2. Conexão com o consumidor: é necessário estabelecer uma comunicação cada vez mais próxima e personalizada, utilizando ferramentas tecnológicas para promover essa interação em tempo real. A promoção da conectividade é essencial para atender às expectativas do cliente e criar relacionamentos duradouros.
3. Processos eficientes e evolutivos: neste ponto, destaca-se a importância de mapear, medir, gerenciar e aprimorar os processos por meio de ferramentas tecnológicas. É essencial adotar uma abordagem eficaz e eficiente na gestão dos procedimentos, garantindo a qualidade dos serviços prestados e a satisfação do cliente.
4. Utilização de dados: o quarto pilar aborda a relevância dos dados na era da digitalização. A promoção da digitalização não se trata apenas de implementar ferramentas tecnológicas, mas também compreender, analisar e utilizar as informações obtidas para tomar decisões estratégicas. É crucial enfatizar a importância de adquirir a capacidade de entender e interpretar dados para impulsionar a inovação e o crescimento do negócio.