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A liderança inclusiva: o novo normal ou apenas ilusão?

A liderança inclusiva: o novo normal ou apenas ilusão?

Estamos diante de uma nova realidade corporativa, mais tolerante, generosa e acessível? O World Retail Congress abordou essa questão. Saiba mais

Gênero, necessidades especiais, grupos étnicos, idade, orientação sexual. Novos assuntos que trazem ainda mais complexidade para as operações de varejo, tanto no engajamento dos colaboradores quanto na conquista da preferência dos clientes. Quanto mais os consumidores tornam-se diversos, mais essas características manifestam-se nas equipes e na liderança. Mas as lideranças e os executivos mais sêniores conseguem aceitar esses novos padrões sem violentarem suas crenças e optar pelos indivíduos mais capacitados pelas suas competências independentemente de suas orientações?

As lideranças e acionistas estão aptas a mudar sua visão para levar suas empresas a uma sintonia com o mundo em que vivemos hoje? Como é possível balancear talentos com diversidade? Esse foi o tema central de um debate no WRC, que reuniu Trevor Phillips, OBE, Chairman da Green Park, Sinéad Burke, Acadêmica e escritora e Elaine Bowers-Coventry, Chief Customer e Commercial Officer da Coca-Cola para a Europa Ocidental.

“As marcas globais estão conscientes doo alcance da escolha universal? Nós todos temos que compreender o risco envolvido nas decisões que tomamos com nossas marcas para garantir o retorno esperado pelo acionista. Meu ponto aqui é: inclusão é um jogo que traz um desafio de proporções exponenciais para as lideranças, a um ponto em que os negócios podem se tornar inviáveis caso erros sejam cometidos na gestão desse assunto”, afirmou Trevor Phillips.

É fato que há uma pressão crescente para que as empresas consigam acelerar seus esforços de inclusão para que se tornem acessíveis para mulheres e minorias em seus quadros de liderança. A inclusão não pode acontecer apenas do lado da universalização do consumo.

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Lojas inacessíveis

Sinead é uma escritora e ativista. Anã, ela precisou superar uma enorme gama de preconceitos – mulher, escritora, deficiente e excluída. Ela afirma que despertou sua consciência nas lojas de roupas. O design do espaço das lojas nunca levou em conta a sua condição no acesso aos produtos, nos provadores, nos caixas, nos sanitários. Tudo é difícil para pessoas como ela, até mesmo o prosaico hábito de lavar as mãos. Projetando sua realidade para o mundo corporativo, a pergunta é óbvia: por que as empresas fecharam os olhos para deficientes, minorias e mulheres por tanto tempo? Elaine Bowers afirma que hoje as novas gerações são mais flexíveis e manifestam claramente o que a demografia já comprova: as pessoas estão dizendo que querem ser notadas e respeitadas.

Sinead afirma que a sociedade precisa de empresas que respeitem e pratiquem a diversidade. Todo o mundo corporativo está um caixas de vidro e exposto ao escrutínio dos consumidores. “Temos de questionar as empresas se elas estão agindo corretamente do chão da fábrica ao chão da loja”, observa a escritora. O que as empresas estão realmente fazendo para enfrentar o problema da inclusão?

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Segundo Trevor, o pensamento inclusivo é contraintuitivo, porque soa “anormal” e que no varejo, por exemplo, tudo é importante, mas nada é mais importante que o preço. Isso faz sentido nos dias de hoje? De acordo com com Elaine, as empresas precisar olhar além do preço para realmente compreender o contexto e os aspectos culturais dos consumidores. Existem sociedades que renegam o consumo de refrigerantes durante o jantar. Como as jornadas de trabalho são intensas, as pessoas gostam de refeições frugais à noite combinadas com bebidas alcoólicas para relaxar. A Coca-Cola se dedica a entender esses contextos para assimilar a diversidade das pessoas, suas dificuldades e anseios.

Claro, a questão envolve empatia. Inclusão é substancialmente empatia, não se limita aos aspectos funcionais do negócio. As empresas precisam ter inteligência emocional e relacional, precisam ter o senso de que a inclusão faz sentido e permite mudar os negócios criando valor. Se há pessoas que viram esse debate e leem esse texto e de alguma forma puderam entender a importância da inclusão, há toda uma massa dos que não tiveram acesso a esse conteúdo e não conseguem compreender os benefícios da inclusão. Por outro lado, as empresas tradicionais são vulneráveis à disrupção justamente por que fecham os olhos para o que é diferente. A busca pela inovação significa aceitar o que é diferente e fora da caixa.

O papel da liderança

As lideranças corporativas precisam realmente considerar o poder da diversidade e da inclusão na criação de valor. “Se você tem um time de futebol americano composto apenas por chutadores certamente não vai ganhar o campeonato. É necessário ter pessoas com habilidades diferentes” ilustra Elaine, da Coca-Cola. O acesso às empresas, aos produtos, aos ambientes precisa ser pensado no nível mais básico, realmente de modo que todas as pessoas, independentemente de sua condição, sintam-se bem-vindas.

Há possibilidade de utilizar as ferramentas de inovação para melhorar esse quadro, permitir até mesmo que as empresas consigam aprimorar suas formas de recrutamento, para que se mostrem inclusivas até mesmo durante a contratação de pessoal? A mudança real acontece quando as ferramentas de gestão são aplicadas para as questões de inclusão: metas, métricas, estímulos, cobranças, podem reformar a paisagem corporativa e motivar empresas a serem inclusivas. Para Elaine é assim que as empresas podem se “educar” para assimilarem a diversidade. Sinead vai além: as empresas precisam também dar voz aos deficientes e outros profissionais. Não basta apenas fazer o que fazem, precisam dar voz a quem está ali, defendendo as cores e os princípios da companhia.

Há um longo caminho a ser percorrido para que as empresas tornem-se realmente organizações praticantes da diversidade. “Não adianta deixar o assunto para depois achando que mais tarde a inclusão perderá sua importância. As pessoas importam e querem ser respeitadas sempre”, concluiu Trevor.

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