Hora de jantar, família reunida à mesa e… todos com os celulares a postos. Ninguém se fala, cada um conferindo sua rede social, as notícias do dia, a mensagem do WhatsApp. Essa situação pode ser muito mais comum do que imaginamos. E isso causa conflitos familiares.
A Kaspersky Lab e a iconKids realizaram uma pesquisa importante sobre o assunto. E o resultado mostrou que a maneira como conduzimos as vidas digitais dentro de casa tem, sim, grande impacto sobre as relações familiares. Um quinto dos pais e crianças afirmam que a Internet e os dispositivos on-line podem causar tensões entre eles.
Participaram do estudo mais de 3.700 famílias dos EUA, Rússia, Alemanha, França, Espanha, Itália e Reino Unido. Cerca de um quarto (23%) dos pais entrevistados afirmou que seus filhos preferem ficar on-line do que conversar com eles. Para 21% dos pais e 22% dos filhos, a Internet pode causar tensão familiar. O mais preocupante é que um em cada três pais (31%) acredita que a Internet os isola de seus filhos.
Além disso, outra reclamação foi em relação a dispositivos quebrados ou infectados com vírus. Isso é comum, visto que é comum um mesmo dispositivo ser compartilhado entre todos os membros da família – e daí podem vir outros conflitos.
Segundo o estudo, 31% dos pais reclamam que suas crianças quebraram algo em um dispositivo conectado ou o infectaram com vírus enquanto estavam on-line (30%), e 24% já precisaram pagar por algo que seus filhos compraram ou baixaram. Da mesma forma, 13% das crianças acusam seus pais de danificar um dispositivo e 16% reclama que os pais apagaram seus dados acidentalmente.
“É natural que o uso correto, e o incorreto, de dispositivos conectados podem se tornar fonte de conflito nas famílias. Porém, como passamos cada vez mais tempo on-line, a dinâmica familiar também está mudando. É importante que as famílias mantenham um diálogo contínuo sobre como reconhecer e responder a possíveis perigos, e que pais e filhos juntos aceitem regras básicas de como navegar no mundo digital”, afirma Andrei Mochola, chefe de negócios ao consumidor da Kaspersky Lab. Ele lembra também da importância de levar a proteção a sério. Inclusive com controle para pais bloquearem o acesso das crianças a sites ou aplicativos impróprios e impedir que dados confidenciais sejam compartilhados ou excluídos.
Janice Richardson, consultora sênior da European Schoolnet, lembra, no entanto, que, embora a Internet seja fonte de conflitos em algumas famílias, curiosamente, estudo recente do Joint Research Center da Comissão Europeia destaca a tendência de que irmãos e membros da família estendida tenham um papel muito mais importante nas atividades on-line das crianças. “Como seria de se esperar, as crianças instintivamente recorrem à pessoa que consideram capaz de corrigir problemas técnicos, orientar sobre sites e ferramentas de segurança e dar respostas mais objetivas a questões delicadas. Isso enfatiza a importância dos pais e responsáveis desenvolverem competências técnicas e estabelecer relações de confiança com seus filhos e, por outro lado, também definir regras básicas para o uso da Internet e de dispositivos a fim de evitar conflitos. Ao mesmo tempo, os provedores de software e mídias sociais também devem desenvolver ferramentas mais ‘voltadas para a família’”, conclui.