O famoso “Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem”, escrito em 1964 pelo canadense Marshall McLuhan, atravessa as décadas como um clássico por propor que o meio de comunicação usado tem mais relevância por suas características do que pelo conteúdo em si. “O meio é a mensagem”, como dizia ele. Assim, com a intensificação do mobile na pandemia, cresce a importância de se ter clareza sobre as características mais usadas dos smartphones para identificar as novas possibilidades que o entretenimento e o consumo de conteúdo trazem à publicidade digital.
O desafio das marcas agora é saber formas assertivas de mapear e avaliar o comportamento do usuário no mobile para suas estratégias de publicidade digital.
No intuito de esclarecer algumas das possibilidades surgidas no contexto de isolamento e lockdowns, a consultoria Kantar investigou como as pessoas estão explorando as características de seus telefones. De acordo com os resultados do relatório “Mobile First: O Super-Humano Multitarefa”, o fato de 84% das pessoas acessarem a internet via mobile durante a pandemia está ligado basicamente à busca de algum tipo de interação e de conteúdos. Os principais motivos são: compras, delivery de comida, redes sociais, notícias e vídeos.
Novas oportunidades
A intensidade do acesso via mobile cresceu tanto com a pandemia que quase 70% das pessoas consultadas pela pesquisa acreditam que não poderiam viver sem acesso à internet no telefone – abrindo possibilidades de as marcas direcionarem sua publicidade digital para vídeos relacionados a notícias e entretenimento e para as redes sociais, como sugere a consultoria.
As oportunidades atualmente estão sobretudo em novos serviços de monitoramento de investimento publicitário, que são possíveis por meio de plataformas de tecnologia especializadas em aferição de publicidade digital.
Como lembra a consultoria, essas ferramentas podem analisar tanto os investimentos da própria marca nas redes sociais quanto das concorrentes, acompanhando a atividade publicitária em diferentes setores e categorias.
“Com o celular sendo a extensão do ser humano, diversas são as oportunidades para que marcas se conectem com o seu consumidor. As redes sociais ocupam uma importante parte da experiência mobile, e isso se reflete na publicidade, com 44% das impressões de publicidade em janeiro sendo entregues em social media”, a ponta o relatório.
O mesmo tipo de ferramenta se estende aos vídeos, já que plataformas de avaliação disponíveis no mercado também estão começando a monitorar investimentos de anúncios em vídeos no mobile, o que amplia a visibilidade e compreensão das marcas sobre o formato dos vídeos em seus múltiplos canais, conforme lembra a Kantar.
De acordo com o relatório, hoje, serviços ao consumidor, comércio, telecomunicações, farmacêutica e alimentos são os principais setores de vídeos com investimentos nos dispositivos móveis. Juntos, esses setores representam quase 80% do investimento total de publicidade em vídeos vistos na palma da mão.
O que está por vir
Mas ainda que as marcas possam desenhar estratégias a partir de um conhecimento aprofundado de como o consumidor aproveita as características de seus telefones, a intensificação do digital em nossas vidas ainda traz uma fronteira à publicidade digital: os dispositivos inteligentes. De acordo com a pesquisa da Kantar, 15% das pessoas que acessaram a internet por celular possuem aparelho de ativação por voz, como dispositivos de iluminação, alto-falantes e cortinas.
“Muito ainda será discutido sobre os prós, contras e consequências da adoção em massa desses dispositivos por nós, seres humanos. Não encontraremos a resposta para esta questão em um aplicativo de busca, ao alcance de nossas mãos”, comenta a consultoria.
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