“O mundo tem post-its demais.” A provocação de Edmar Bulla, em clara referência aos papéis com insights que colorem escritórios de todo o planeta, tem um propósito: dizer que inovação não é sinônimo de ideia, afinal, inovação precisa de finalidade e método, além de ter que se pagar. “Ter ideias é a parte mais fácil. Inovações desestruturadas ou que não usam técnicas para resolver problemas vão fatalmente fracassar”, afirmou CEO da Croma, no festival Whow! de inovação, em São Paulo.
Aliás, o executivo, que é publicitário e filósofo, diz que as pessoas têm dificuldade para definir o que é problema. “Não me diga que você precisa redesenhar a estratégia de comunicação, pois essa já é a solução, não o problema em si”, esclareceu para a plateia lotada. “Temos que enfrentar a migração de clientes, a perda de market share, a perda de fidelidade e usar o design – aqui entendido como sinônimo de método de pensamento – para resolvê-los”, afirmou. Existem diversas metodologias que podem ser usadas para alcançar a inovação, uma delas é o Design Spring, um processo que dura cinco dias e leva os profissionais a entender, desenhar, decidir, fazer protótipos e testar os projetos.
“Também é muito importante fazer mapas de empatia para entender os sentimentos dos consumidores, por exemplo. Muitas empresas perdem tempo lançando novos sabores de um mesmo produto quando deveriam investir em outras inovações”, disse. É o caso dos salgadinhos (snacks). Segundo pesquisa citada por Bulla, 83% dos consumidores ficam com raiva depois do consumo, muito por causa dos farelos que ficam nas mãos. “O mapeamento também mostrou as preferem comer sozinhos, porque têm vergonha de estarem comendo algo não muito saudável e porque não querem dividir. Sabendo disso, a inovação tem que ser criar uma embalagem que não faça barulho ao abrir. Isso é muito mais importante para o consumidor do que trocar o vermelho pelo azul no saquinho”, acrescentou.
Essa metodologia somada ao mapa de calor faz parte da jornada de compra do consumo. “A gente precisa entender o comportamento humano para começo de conversa. Por que temos máquina de café nos escritórios no Brasil se vivemos em um país tropical? Não faz mais sentido oferecermos sorvete aos colaboradores? Por que temos que seguir tendências caretas se não se adequam ao nosso estilo de vida?”, questionou. Bulla ainda perguntou à plateia: “sabem por que as pessoas compram bebidas em farmácias? Por causa da temperatura, não é pela sede. Daí vimos oportunidades e desenvolvemos estratégias com nossos clientes”.
O executivo elencou ainda outras ferramentas que podem auxiliar as pessoas a chegarem aos problemas reais e dali alcançar as melhores respostas: método análogo (fazer analogia com um filme ou livro), causa raiz (perguntar porquês), mind map, 5W2H, árvore de decisão e rankings, além da facilitação e moderação.