A ascensão dos influenciadores criados por inteligência artificial é reflexo de uma mudança disruptiva e está no centro das discussões sobre inovação no relacionamento entre marcas e público. Embora não sejam reais, os influencers virtuais estão inspirando a vida real com opiniões baseadas em dados, e atraem milhares de seguidores fiéis, o que têm os tornado cada vez mais desejados por grandes marcas. Ficções e futurismo de lado, eles são uma realidade.
Mas, quais são os potenciais perigos de nos relacionarmos com esses influencers? Por que muitas pessoas estão começando a se identificar cada vez mais com esses avatares perfeitos? Qual o impacto disso no ser humano? Para ajudar a esclarecer algumas das questões que surgem com a popularização de influencers virtuais, a Consumidor Moderno conversou com um cyberpsicólogo, um profissional da área da psicologia que investiga a influência das tecnologias no comportamento humano.
Rodrigo Volponi, mestre em Cyberpsicologia pela Nottingham Trent University, na Inglaterra, explica que já há uma reflexão sobre se as relações através das experiências artificiais têm efeito negativo sobre a vida das pessoas: “Nem sempre uma relação por meio das tecnologias pode ser considerada nociva para uma pessoa, o que sempre devemos ter atenção é se essas relações acabam substituindo as relações da vida real. E, se de alguma maneira, há outros prejuízos sociais vinculados”.
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Uma influenciadora criada por IA que chamou a atenção recentemente foi a finlandesa Milla Sophia. Com 24 anos, loira, simpática, olhos claros e um corpo escultural, ela publica nas redes sociais suas viagens pelo mundo e exibe seu lifestyle perfeito. No Instagram e no TikTok acumula mais de 150 mil seguidores. Milla coleciona vários comentários e chega a receber alguns de cunho machista e ofensivo, o que levantou debates sobre o relacionamento da sociedade com influencers de IA.
“O grande problema que considero atualmente no uso das IAs são as respostas favoráveis que o sujeito terá ao utilizá-las. Essas ferramentas se adaptam facilmente a produzir respostas e comportamentos que atendam as expectativas das pessoas e isso é extremamente perigoso. Numa relação real, nem sempre é possível obter respostas positivas e que agradem as pessoas em 100% do tempo. Inclusive essas discordâncias fazem parte do nosso processo de amadurecimento psíquico: nem sempre escutaremos o sim que desejamos” pontua Volponi.
O ser humano caminha para um tipo de relacionamento em que será persuadido pelos influencers virtuais, acredita o cyberpsicólogo, que pondera sobre o equilíbrio nestas relações. “Há um conceito importante na cyberpsicologia, chamado Captologia, que é a capacidade da tecnologia persuadir pessoas a fazerem determinadas coisas. Acredito que estejamos caminhando com consistência para esse tipo de relação com as máquinas. Porém, é importante fazer o uso consciente dessas ferramentas para não se perder nesse processo” explica Volponi.
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O impacto dos influenciadores criados por IA nas marcas
A Geração Alpha, nascidos a partir de 2010, possuem uma facilidade extraordinária para estabelecer conexões muito mais profundas com esse tipo de conteúdo. E essa naturalidade é bem diferente das gerações anteriores, como Millennials e até da Geração Z, para quem não é tão simples se relacionar com esse universo. E se as marcas querem se conectar com essa nova geração, que muito em breve estará no mercado de consumo, precisam entender como esse universo funciona.
O marketing de influência no mundo digital tornou-se um diamante para as marcas que criam seus próprios influencers ou estreitam parcerias para alavancarem seus negócios. Os benefícios ao usar a tecnologia são gigantes, desde a economia do tempo humano, como a facilidade em recalcular as estratégias para torná-las mais assertivas, além de maior engajamento e a criação de storytellings muito personalizados. Personalidades e celebridades reais, como Sabrina Sato, Lucas Rangel e Bianca Andrade já entraram nesse jogo e criaram seus próprios avatares.
Para João Finamor, professor de Marketing Digital na ESPM não basta apenas criar influencers virtuais, é preciso conteúdo para atrair e engajar pessoas. “A principal questão a respeito desses influenciadores, como Noonoouri, Lil Miquela e outros, reside no fato de que não basta meramente criá-los ou até mesmo contratá-los; o elemento crucial consiste em desenvolver uma narrativa sólida que estabeleça uma ligação significativa com o público-alvo. Já testemunhamos casos nos quais algumas marcas, movidas pelo entusiasmo momentâneo, não conseguiram utilizá-los de forma eficaz, como é o caso das Havaianas e seu envolvimento com Iana”, ponta o consultor.
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O sucesso dos influencers virtuais
Os influenciadores criados por IA dificilmente sofrerão com o cancelamento por parte do público, isso porque, eles produzem respostas e comportamentos baseados no algoritmo e são programados para ir ao encontro das expectativas do público. Sabe o famoso “politicamente correto”? São eles.
“Fazendo um paralelo com os influenciadores e os de IA, destacam-se como pontos fortes dos IA: a menor probabilidade de envolvimento em polêmicas, ao contrário dos “seres humanos” que cometem erros e fazem declarações equivocadas. Outro aspecto positivo é a capacidade de produzir conteúdo em tempo real; algo que se torna viral ou tem um caráter memético pode ser produzido de forma mais ágil e compartilhado nas redes sociais” pontua Finamour.
Ele também faz um balanço para os pontos fortes e negativos envolvendo esses influencers virtuais “Como ponto forte, temos a facilidade de adaptação, permitindo que estejam em qualquer parte do mundo e até mesmo no exterior, o que facilita a criação de narrativas envolventes. Já em relação aos pontos negativos, destaco a possibilidade de falta de personalidade, tornando-os apenas “bonecos 3D”, a ausência de espontaneidade e a frieza em diversas ocasiões, bem como a dificuldade em estabelecer uma conexão rápida com gerações mais maduras”. explica João Finamor.
Quem são os 5 influenciadores virtuais mais populares do Instagram e quanto podem ganhar em um ano?
O RANT Casino, plataforma que hospeda jogos virtuais online, calculou quanto esses influenciadores virtuais poderiam ganhar em um ano apenas com postagens patrocinadas no Instagram. Para chegar ao cálculo, a empresa levou em consideração a quantidade de seguidores, número médio de curtidas e postagens no mês. De acordo com a plataforma, são eles:
Lu do Magalu
Ganhos anuais estimados: $ 16,2 milhões
No topo da lista, está Lu do Magalu. Criada em 2003, é a embaixadora da marca Magazine Luiza. Ela apresenta e analisa os produtos da empresa, compartilha sua rotina e se posiciona em pautas como os direitos LGBTQIA+. Só no Instagram, possui 6,5 milhões de seguidores.
CB da Casas Bahia
Ganhos anuais estimados: $ 8,2 milhões
Em segundo lugar no ranking está o influencer CB, da varejista Casas Bahia. No Instagram ele acumula quase 4 milhões de seguidores e compartilha sua paixão por vídeos games, filmes, memes, além é claro de promover os produtos da marca.
Any Malu
Ganhos anuais estimados: $ 613.000
A estrela virtual da Cartoon Network Any Malu acumula 3 milhões de inscritos no Youtube e conta com mais de meio milhão de seguidores no instagram. O representante animado do Brasil tem potencial para ganhar mais de $ 600.000,00 apenas com sua presença no instagram.
Originalmente concebida pela produtora Combo Estúdio como parte de uma estratégia de marketing, Any Malu deu início à sua jornada de criação de vídeos no YouTube, evoluindo para se tornar a protagonista do seu próprio programa de televisão animado no Cartoon Network: “Any Malu’s Surreal World”.
Noonoouri
Ganhos anuais estimados: $ 172.000
O próximo é Noonoouri, um ícone digital que fez sucesso no mundo da moda. No seu portfólio ele integra trabalhos para grandes marcas, como Dior, Valentino, MiuMiu, Kim Kardashian e muito mais. Além do conteúdo fashion, ele também fala com seus 400 mil seguidores no instagram sobre questões sociais e os direitos dos animais
Leya Love
Ganhos anuais estimados: $ 152.000
A próxima no ranking é uma influenciadora virtual com uma missão maior: Leya Love é uma embaixadora do “Movimento de Conscientização Mundial” e incentiva seus 383 mil seguidores no Instagram a abraçar a positividade e amar o planeta.
Influenciadores virtuais que estão em ascensão
Lil Miquela
Ela tem 2,7 milhões de seguidores só no Instagram. Com 19 anos, mora em LA e mostra seu estilo de vida. Descolada, levanta pautas como LGBTQIA+, além de, claro, fazer collab com várias marcas.
Imma Gram
Com quase um milhão de seguidores em suas redes sociais, a garota virtual no estilo bem fashion mora em Tóquio e expressa nas suas redes sociais seu amor por moda, arte e filme. Acumula 6,5 milhões de curtidas só no Tik Tok.
Shudu
A primeira supermodelo digital do mundo é negra e seu conteúdo é totalmente fashion. Shudu exibe em seu perfil fotos bem posadas, produzidas e conceituais. Participa de desfiles e atrai diversas marcas em seu perfil.
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