O dia 18 de agosto é especial no mundo corporativo. Isso porque a data é reservada para a celebração do estagiário. Comemorado nesse período em função do ano da lei formulada para a categoria em 1989, a Lei do Estagiário, a data traz uma reflexão bastante urgente às empresas: qual é a importância desses profissionais para o mundo corporativo e, seguindo na linha contrária do habitual, o que eles representam dentro das corporações.
Embora o cargo seja reservado para pessoas em início da carreira, o estagiário na verdade é um dos profissionais mais impactados pela cultura interna da empresa. Afinal, o primeiro contato com o mundo corporativo normalmente vem por meio do estágio e muito da avaliação do profissional reflete a organização interna, o cuidado com os colaboradores e as chances de produzir um futuro profissional.
Essa percepção do cargo, quando positiva, tende a trazer muitos frutos. É o caso de Leandro Magalhães, Gerente sênior de Remuneração e Benfícios da Mondelēz Brasil e Conesul, que iniciou sua carreira como estagiário. “Eu não sei se eu diria que sempre acreditei que faria carreira na Mondelēz, acho que eu vi a possibilidade de eventualmente ter experiência em algum outro lugar, mas a Mondelēz sempre foi um lugar que sempre me gerou muita satisfação em trabalhar”, comenta. “Logo de cara, quando eu entrei, eu vi a oportunidade de poder realmente de desenvolver na companhia e quando eu entrei no meu cargo de estágio, há cerca de quase 18 anos, eu aspirava em chegar em um cargo de liderança, mas eu não imaginei que eu chegaria onde eu cheguei hoje”, explica.
Um potencial que aparece tanto para o estagiário quanto para o empregador
O caso de Leandro é um dos raros exemplos de profissionais que conseguiram seguir carreira desde o primeiro contato com a empresa, algo que a Mondelēz procura incentivar desde a contratação. “Estagiar é uma das primeiras etapas da carreira das pessoas, muitas vezes o primeiro contato com o mundo corporativo, e poder fazer parte desse momento decisivo que vai preparar essas pessoas profissionalmente é recompensador”, salienta Betina Corbellini, diretora de RH da Mondelēz Brasil. Ela explica que esse primeiro contato precisa ser visto pelas empresas como algo valioso. “O olhar de alguém, e não importa a idade, que está em início de carreira é muito agregador para o negócio”, completa.
O estágio também é uma excelente oportunidade para que os empregadores trabalhem a diversidade desde o início na empresa. “Outra vantagem é poder contar com a diversidade e inclusão, uma vez que nosso programa é voltado para inclusão, não só étnica, de raça, gênero, mas também de pensamento”, completa Corbellini.
Foi nesse programa que o Ricardo Americo, estagiário da empresa, se encontrou. “Minha história com a Mondelēz é bem diferente. Antes de chegar aqui vivi uma situação de discriminação racial em outro processo seletivo e foi bem doloroso. Ao compartilhar minha história nas redes sociais, recebi muito apoio de todos os lados, com mensagens de força e incentivos para que eu não desistisse. Uma dessa foi da Mondelēz, que além de ser acolhedora, também me deu a oportunidade de participar do processo de estágio”, comenta. “Aqui percebo o quanto sou acolhido e como a agenda de diversidade, equidade e inclusão está como prioridade de todos dentro da companhia. Inclusive eu faço parte do comitê Étnico-Racial, o Gênus. Isso me deixa bastante feliz e engajado em ver que uma empresa deste tamanho se preocupa em criar oportunidades iguais para todos.”
Para ele, o principal êxito dentro do estágio é se sentir parte fundamental dentro da empresa. “Mesmo em uma posição de entrada, as pessoas dão oportunidades de desenvolvimento e incentivam que tenhamos responsabilidades que contribuam com o meu crescimento profissional. Além disso, tenho espaço para contribuir com o negócio também. Isso me dá muito orgulho”, explica Americo. “Acho que a melhor parte é saber que tem um mundo de aprendizado pela frente e que podemos sonhar em sermos quem a gente quiser.”
A gigante importância do cuidado com os profissionais
Apesar da existência da Lei do Estagiário, são comuns relatos ruins durante a jornada de trabalho e também a quebra de direitos, tanto no acúmulo de funções inerentes à vaga, assédio moral por parte de empregadores mais experientes e aumento da carga horária. E uma vez que o primeiro contato com o mundo corporativo vem em forma de abuso, a confiança no próprio trabalho pode ficar comprometida.
Eis, portanto, a importância fundamental das empresas em fornecerem a seus colaboradores desde o início um cuidado especial: para além dos direitos básicos, é importante sempre ressaltar que o estágio é um espaço para aprendizagem.
O grande desafio de hoje para as empresas e profissionais, na verdade, é organizar um processo que seja cuidadoso com o profissional, promova espaço de aprendizagem e crescimento e, com isso, consiga fazer parte da rotina já corrida das corporações. E na Conversion, agência de SEO e Marketing Digital, o cuidado com o colaborador — seja ele gerente ou estagiário — é fundamental.
A Conversion é uma empresa pequena, com cerca de 70 colaboradores. No entanto, já conquistou o que muitas empresas ainda batalham para conseguir. Em 2021, recebeu o certificado de “Great Place to Work (Melhores Lugares para se Trabalhar), após ser avaliada por 93% de seus funcionários como um ótimo ambiente de trabalho.
Esse cuidado todo com os colaboradores ficou bastante marcado para Giovanna Scarparo, que entrou pelo programa de estágio da empresa em março de 2021. “A ‘Conv’ foi o meu terceiro estágio. Desde o começo — processo seletivo —, eu senti uma abordagem diferente, mais humanizada e com um viés para o desenvolvimento do colaborador. A equipe, no geral, sempre foi muito parceira”, comenta. Ela destaca que o incentivo aos estudos foi fundamental para a vaga. “Temos treinamentos quinzenais e recebemos muito incentivo para continuar estudando e se especializando na área.”
A importância do programa de estágio: uma via de mão dupla
Esse espaço de crescimento, vale dizer, é bastante fundamentado a partir de um plano para o programa de estágio. “Ao desenvolver um programa de estágio, criamos uma estrutura bem planejada, desde a construção de como divulgar o estágio e como será o processo seletivo, até a definição sobre a recepção dos novos colaboradores e todo o desenvolvimento deles dentro da empresa. Assim, conseguimos planejar do início ao fim esse processo de forma estruturada e organizada”, explica Thelma Tardivo, head de People & Culture na Conversion.
As vantagens de ter um programa de estágio bem estruturado, comenta Tardivo, são inúmeras. “Ao longo da formação do estagiário, ele vai se tornando um profissional aderente ao negócio, que conhece não só ferramentas, processos e clientes, mas que faz parte da equipe e da cultura organizacional. Ou seja, ele vai se formando aqui dentro ao mesmo tempo que contribui para a formação e crescimento da empresa”, salienta.
Esse crescimento dentro da empresa também é bastante salientado por Amanda Mathias, profissional que já completou um ano de estágio dentro da Conversion. “Sinto que aqui foi o lugar que mais aprendi e evoluí pessoal e profissionalmente desde que cheguei. Desde o início, nas primeiras trocas de e-mails, me senti segura. E isso foi um dos principais fatores para mim, pois estava em um momento de transição de empresas, então me sentir segura era muito importante”, explica a profissional. “Estar em uma empresa na qual nos sentimos realmente confortáveis para ser nós mesmos é primordial. Principalmente agora que, cada vez mais, buscamos conciliar bem-estar e equilíbrio com o trabalho”, completa.
No fim, a grande questão é, justamente, o potencial do estagiário. Ainda que não pareça, a presença deles é fundamental não apenas para a carreira pessoal, mas também e principalmente para a construção cultural e social de cada companhia.
E especificamente para os novos profissionais do mercado que buscam vagas de estágio, Ricardo Américo deixa recado é importantíssimo: “para todos os estagiários que correm atrás dos seus sonhos, um dia vocês chegam lá. E principalmente para os que, como eu, que são negros, vocês podem ocupar esses espaços e vão chegar lá.”
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