Qual o sentido do seu trabalho? A pergunta não se limita a pessoas físicas. Na verdade, as empresas passaram a colocar essa pergunta na roda e a repensar seu próprio papel na sociedade. O questionamento, contudo, não é “bom mocismo”, mas uma forte demanda dos consumidores e funcionários, principalmente da geração Millennial. A geração e seu mindset, as mudanças que todo esse comportamento tem gerado no mercado e as tendências em torno desses jovens é o tema central do CONAREC 2017, que acontece nesta semana em São Paulo.
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Falar de propósito é falar sobre os Millennials. “O mundo está mudando, os consumidores estão mudando e isso muda a forma como atrair e reter consumidores e colaboradores”, disse Eduardo Mariano, fundador e presidente do Exchange do Bem, agência de intercâmbio de voluntários. Mariano mediou debate realizado no primeiro dia de congresso sobre o sentido das causas e dos propósitos das empresas. Entendê-los e comunicá-los de forma clara é o primeiro passo para atrair talentos e fidelizar consumidores.
A prestação de serviço ágil é o grande propósito do Cabify Brasil, segundo Daniel Velazco Bedoya, general manager da marca no Brasil. “A gente vê um crescimento do modelo de serviço no mundo inteiro. E os Millennials são os que mais consomem e movimentam isso, por conta da barreira de entrada, que é menor do que a da aquisição”, afirmou. Para o executivo, lidar com essa geração, seja como consumidora ou como funcionária, é atender a expectativas, cada vez mais elevadas.
“Sou um fã declarado dos Millennials”, disse Renato Mendes, sócio da Orgânica, que ajuda as empresas a acelerarem seu processo de transformação digital. “É a geração que está obrigando as empresas a serem melhores, tanto no aspecto do trabalho, como no aspecto do consumo”, afirmou. Aquela trajetória de vida que inclui trabalhar em uma grande empresa para acumular riqueza e construir patrimônio através de posse não existe mais. “Essa geração não topa mais isso”, disse.
Trabalho: atração e retenção
Do ponto de vista do trabalho, os Millennials também mudaram tudo. Sim, eles querem crescer – e rápido – e querem ganhar bem. Contudo, querem fazer algo que esteja além do óbvio, querem flexibilidade, autonomia e, claro, defender uma causa. Rigidez, estruturas muito verticalizadas e burocracias não funcionam com essa geração. “O grande desafio é entender o que esses jovens querem hoje”, afirmou Samir Iásbeck, CEO do Qranio, startup de educação de gamificação.
Para ele, atrair e reter talentos dessa geração passa também por cultura. “A cultura da organização é o que mais atrai o jovem. As pessoas querem algo que dão valor para elas e não apenas para a empresa. Precisamos criar uma forma diferente de engajar essas gerações”, disse. “A cultura da empresa explica o que você é e se a sua bandeira é clara para todos, isso ajuda a reter”, completou Bedoya. Além disso, afirma, criar um plano de carreira baseado no exemplo é outro passo importante. “É preciso uma transparência em mostrar o que ele precisa aprender e que habilidades ele precisa ter para evoluir”, disse.
“Tem de avaliar a perspectiva técnica, mas também a comportamental, de alinhamento de valores e propósito. O lifetime do colaborador está encurtado. Essa geração é ansiosa e quer crescer rápido”, afirmou Mendes. Em toda essa questão, porém, há uma ainda mais importante: o propósito e a bandeira defendida pelo próprio consumidor e colaborador. Os executivos deixaram claro que, embora seja preciso ter claro um propósito, ele precisa fazer sentido para o negócio. Em sendo assim, fica mais fácil e verossímil se conectar a consumidores que tenham a mesma bandeira. Uma lição para agora e não para o futuro.
Confira aqui a cobertura completa do Conarec 2017, que tem como tema “Somos todos Millennials”