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CM Entrevista: “IA sem propósito vira distração”, afirma diretor da MRV

CM Entrevista: “IA sem propósito vira distração”, afirma diretor da MRV

Reinaldo Sima, diretor de Tecnologia da Informação e Transformação Digital na MRV, detalha como a IA exige agilidade e reinvenção contínua.

Com investimentos robustos em tecnologia, a MRV posicionou a Inteligência Artificial (IA) como eixo estratégico para cumprir seu propósito: “construir sonhos que transformam o mundo”.

Na construtora, melhorar a produtividade de colaboradores, a qualidade dos produtos e, claro, a experiência do cliente são tarefas que encontram na IA uma poderosa ferramenta de transformação.

 “Mais do que transformar, a IA nos desafia a sermos mais ágeis, mais curiosos e mais preparados”, esclarece Reinaldo Sima, diretor de Tecnologia da Informação e Transformação Digital na MRV sobre o impacto da tecnologia. Muito além de modismo tecnológico, Reinaldo afirma que ignorar o potencial da IA é “correr o risco de ficar ultrapassado”.

Foi sobre essa visão e detalhes das estratégias da MRV com a IA que conversamos com o executivo. Confira!

Consumidor Moderno: Como você avalia o momento do mercado brasileiro com todo o hype sobre IA para os negócios?

Reinaldo Sima: Vivemos um momento transformador. A Inteligência Artificial deixou de ser tendência e se tornou em uma ferramenta estratégica real no mercado brasileiro. Acredito que o hype é justificado, mas é importante que as empresas tenham clareza sobre como aplicar a IA de forma eficiente e com propósito. IA sem propósito vira distração.

No setor imobiliário, o uso inteligente dos dados está revolucionando desde o desenvolvimento dos produtos até o relacionamento com os clientes. E, no caso da MRV, fizemos um investimento em torno de R$ 50 milhões de 2019 a 2022 em atendimento hiperpersonalizado para aprimorar o atendimento ao cliente, destacando que o foco principal do investimento foi melhorar a experiência do cliente através da tecnologia, sem perder a essência do negócio. Com isso, pudemos aprimorar o chatbot MIA, conseguimos proporcionar a navegação por um apartamento decorado virtualmente, sugerimos a simulação de acabamentos, pinturas e decorações, além de que possibilitamos a compra e análise de crédito totalmente online.

CM: A “cultura de inovação contínua” dentro das empresas foi transformada com a chegada da IA? Qual a sua percepção?

Com certeza. A IA trouxe uma nova camada de velocidade e assertividade para a inovação. O que antes era testado em ciclos longos, hoje pode ser modelado, simulado e ajustado em tempo real. Mais do que transformar a cultura, ela tem nos desafiado a sermos mais ágeis, mais curiosos e mais preparados para decisões baseadas em dados. A democratização da IA por todas as áreas da companhia permite um movimento muito mais acelerado e consistente.

É importante analisar também que, no caso da MRV, a transformação digital ocorrida entre 2017 e 2023 proporcionou a criação de um data lake muito valioso, com informações internas e externas de todos os processos e agentes relevantes do nosso negócio. Essa base é o principal combustível da IA para gerar insights sobre como melhorar a produtividade das nossas equipes, a qualidade dos nossos produtos e a experiência dos nossos colaboradores e clientes.

CM: Sobre adoção de IA como ferramenta de trabalho, você já utiliza essa tecnologia de alguma forma no seu dia a dia?

O tempo todo. Atividades como preparar apresentações, gerar relatórios ou acelerar o processo de comunicação de qualidade foram radicalmente transformadas. No meu dia a dia, utilizo ferramentas baseadas em IA para apoiar a tomada de decisões, acelerar análises de mercado e até para aprimorar a comunicação com os times.

Enquanto responsável pela área de Tecnologia, estou em um movimento para transformar a forma como fazemos e operacionalizamos sistemas. Na transformação da TI iniciamos pela adoção das ferramentas comerciais (GitHub e Code Assistant, por exemplo) para acelerar as atividades de codificação, correção de erros e eliminação de vulnerabilidades de segurança da Informação. Criamos assistentes para documentação e migração de código (atualização de legados, por exemplo), geração automática de códigos em ambientes Low-Code (stremlit, por exemplo), automação de testes e geração de documentações de processos. Atualmente, esses assistentes se constituíram uma ferramenta essencial no projeto de migração de versão do SAP para o Hana, reduzindo prazos e custos no processo de entendimento e documentação dos desenvolvimentos atuais (ABAP), na conversão de interfaces e na migração da estrutura de dados e relatórios.

CM: Quais são as principais habilidades e competências que você considera essenciais para os líderes nessa era da IA?

O novo líder precisa ser visionário. Entender como a IA pode transformar positivamente o seu negócio e a vida das pessoas impactadas por ele. Estruturar essa visão e disseminá-la tanto para sua equipe, quanto para seus pares e superiores. Precisa ser organizado para estabelecer o modelo de governança apropriado e criar um plano estruturado de implementação. Ser criativo e atualizado para contar com as melhores ferramentas e, principalmente, ser disciplinado e resiliente para que seu plano realmente aconteça. Precisa de foco e flexibilidade. Foco para escolher aquilo que realmente resolve problemas e traz valor. Flexibilidade para mudar de direção sempre que uma hipótese não se confirmar. Também é essencial saber fazer as perguntas certas, interpretar dados com visão estratégica e ter sensibilidade para equilibrar o humano e o tecnológico na tomada de decisões.

Acredito que curiosidade, adaptabilidade e pensamento crítico são habilidades indispensáveis. Um líder que não entende — ou ignora — o potencial da IA corre o risco de ficar ultrapassado.”

Reinaldo Sima, diretor de Tecnologia da Informação e Transformação Digital na MRV
CM: Quais características ou práticas você identificaria como sendo de uma “liderança do passado”? O que pode limitar a adaptação e a relevância das organizações hoje?

Centralização, resistência à mudança e tomada de decisão baseada apenas em feeling. Hoje, uma liderança que não valoriza o aprendizado contínuo e a colaboração perde espaço rapidamente. As empresas precisam de líderes com mente aberta, capazes de testar, errar rápido e ajustar o rumo com agilidade e inteligência.

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