Um estudo recente de Harvard jogou luzes para o potencial transformador da Inteligência Artificial generativa (GenAI) na educação ao revelar que estudantes universitários aprendem mais que o dobro em menos tempo quando instruídos por um tutor de IA, em comparação com métodos tradicionais de aprendizagem ativa.
A pesquisa, que empregou um estudo randomizado e controlado, avaliou tanto o aprendizado dos alunos quanto suas percepções sobre a experiência educacional mediada pelo assistente.
Motivação
O bot, cuidadosamente desenvolvido para replicar as melhores práticas pedagógicas do ensino ativo, demonstrou uma capacidade notável de otimizar o processo de aprendizado – além do aumento significativo na retenção de conhecimento, os alunos relataram maior engajamento e motivação ao interagir com a Inteligência Artificial, indicando um impacto positivo na experiência.
Tais descobertas oferecem evidências empíricas sobre a eficiência do método e sugerem que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa na democratização do acesso a um ensino de maior qualidade.
Metodologia
Gregory Kestin, do Departamento de Física da Universidade de Harvard, explica que a abordagem utilizada permitiu que cada aluno experimentasse tanto a instrução com IA quanto a da aula tradicional, com um orador humano.
“Adotamos um desenho cruzado, metodologia que colaborou para isolar o efeito da IA no aprendizado com maior precisão, minimizando o viés de seleção para uma comparação justa”, avalia.
Os estudantes foram divididos em dois grupos. Na primeira semana, o grupo 1 utilizou o tutor de IA, enquanto o grupo 2 participou de uma aula de aprendizado ativo.
Na semana seguinte, os papéis se inverteram. Para avaliar o conhecimento antes e depois das aulas, foram aplicados pré e pós-testes sobre os temas: tensão superficial e fluxo de fluidos.
Além dos testes de conhecimento, os alunos responderam a questionários sobre a experiência de aprendizado, abordando aspectos como engajamento, prazer e motivação. O tempo em que os participantes do grupo de IA passaram utilizando a plataforma também foi registrado.
“Queríamos não apenas medir o ganho de conhecimento, mas também entender como eles percebiam a experiência já que o engajamento e a motivação são fatores importantes para o sucesso a longo prazo”, reforçou.
Análise estatística
A afirmação de que a IA pode revolucionar a educação demonstrou não ser só mais uma promessa vazia.
Por trás dos resultados do estudo está uma “análise estatística meticulosa”, que, segundo os pesquisadores, controlou diversas variáveis para isolar o impacto específico da Inteligência Artificial no ensino.
Para aprofundar a análise, o time da universidade construiu um modelo de regressão linear – ferramenta estatística que permite o monitoramento de variáveis que poderiam influenciar o aprendizado, como o conhecimento prévio de Física (disciplina cursada pelos estudantes do estudo), a experiência com o ChatGPT e até mesmo o tempo gasto na tarefa.
“O modelo de regressão foi determinante para garantir que os resultados observados se deram realmente devido à IA, e não a outros fatores,” explica Kestin.
As variáveis controladas incluíram:
- Proficiência em Física: conhecimento prévio do conteúdo;
- Experiência com IA: familiaridade com ferramentas como o ChatGPT;
- Fatores experimentais: tópico da aula e versão dos testes aplicados;
- Tempo na tarefa: tempo dedicado ao aprendizado.
“Mesmo após controlar todas essas variáveis, a IA continuou sendo um preditor significativo do desempenho dos estudantes e isso fortalece nossa confiança de que a tecnologia realmente tem um impacto positivo no aprendizado”, finaliza.