Há alguns anos, o limite entre pessoa física e pessoa jurídica era delimitado de forma que essas duas personas não se misturavam. Nesse cenário, a exposição dos colaboradores em redes sociais poderia ser vista como um entrave para as companhias. No entanto, com o crescimento exponencial da presença online de marcas e empresas na última década, tem início um movimento de humanização, ou seja, torna-se urgente que as organizações olhem para o tema e busquem estratégias.
Hoje, o que chamamos de futuro do trabalho já é uma realidade e a representatividade passa a ser peça-chave para que empresas formem comunidades e alcancem seus públicos de interesse de maneira mais assertiva. Para atingir esse objetivo, os gestores têm incentivado em seus times o sentimento de pertencimento, a partir do compartilhamento dos bastidores da empresa. Cria-se um movimento recíproco – a empresa valoriza a presença dos profissionais no time a partir de conteúdos em suas mídias sociais, o que estimula que os colaboradores façam o mesmo.
O trabalho é uma parte importante de quem somos e ocupa grande parte do nosso tempo, por isso, cada vez mais, as pessoas buscam mostrar ao mundo quem são também a partir do que fazem. É papel das lideranças incentivar que os times tenham orgulho do lugar que ocupam dentro das organizações. À frente de uma grande rede de food service no Brasil, atualmente, entendo que as pessoas têm sim curiosidade sobre os treinamentos, reuniões, interações entre equipes, happy hours, projetos disruptivos e todos os elementos que compõem a rotina de uma grande companhia.
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Na outra ponta, as empresas também podem se beneficiar deste interesse, desde que tenham uma visão estratégica nesta interação. O primeiro grande ganho fica no âmbito externo com a humanização da empresa e da marca. A partir desses perfis, e do equilíbrio entre a exposição do lado profissional e do pessoal, o público passa a entender os valores e cultura das organizações, assim como compreender o processo humano de erros e aprendizados – nas várias vezes nos desculpamos, aprendemos, ajustamos a rota e celebramos os feedbacks recebidos digitalmente. No final, a conexão com os consumidores aumenta e vira uma relação de maior confiança.
Temos também um enorme benefício interno, que reforça a transparência dos nossos processos e cria um novo canal de comunicação. Estar nas redes permite uma conexão ainda mais próxima com os nossos times, pois gera mais transparência no trabalho e consistência nas mensagens que desejamos transmitir. Além disso, estabelece um canal que fortalece a cultura corporativa, resultando em maior produtividade e maior participação na tomada de decisões.
É perfeitamente plausível que gestores treinem colaboradores para tornarem-se influenciadores corporativos internos das organizações. Por mais complexo que essa definição possa parecer, basta apenas alguns minutos navegando no Linkedin para observar que esse movimento já é uma realidade e em diferentes áreas. A United Airlines, por exemplo, criou uma equipe interna de cerca de 50 influenciadores. O time é formado desde comissários de bordo a carregadores de malas, que tem acesso a mensagens cuidadosamente preparadas pela companhia, disponibilizadas em uma plataforma que fornece aos funcionários pré-aprovados posts recomendados para compartilhar.
A verdade é que o público está se tornando cada vez mais seletivo no que consome e compartilha nas redes sociais. Humanizando as marcas por meio dos porta-vozes criamos mais conteúdo de valor e geramos identificação. Essa é uma tendência de comunicação empresarial bem forte e acredito que temos muito o que aprender com ela nos próximos anos.
* Fernando Soares, CEO da Domino’s Pizza
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