“Trabalho é algo que se faz e não um lugar para onde se vai”. Com essa máxima, a dupla Marina e André Brik explicam algo que lá atrás, em 2003 quando começaram, parecia uma moda que nunca iria pegar: a do trabalho em casa. Fazer home office atualmente vêm se tornando uma opção tanto para empresas grandes quanto para pequenas – e o modelo saiu de vez do nicho “profissional liberal” ou freelancer para conquistar diversas outras áreas.
Segundo informações do site Catho, a maior empresa de currículos online do país, cerca de 37,2% dos brasileiros já fizeram (ou fazem) home office em algum momento de suas carreiras. São 12 milhões de pessoas, segundo dados recentes publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo.
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Mais de 60% deles trabalham fora da empresa entre 1 e 2 vezes na semana, informa a Catho. Ou seja, têm uma rotina mensal que contempla esses deslocamentos. Para as gerações mais jovens, então, trabalhar de casa (do café da esquina, da casa do amigo, do restaurante, do avião) nem é mais um bicho de sete cabeças.
Dentro desse mercado, Marina e André se tornaram referência com o portal GoHome.com.br e o Instituto Trabalho Portátil, que faz consultoria sobre o tema para outras empresas. Eles também já publicaram seis livros sobre o assunto – um deles com prefácio escrito pelo sociólogo italiano Domenico Di Masi – e vendem cursos online para ajudar quem quer cortar as amarras do escritório.
Para entender mais como a ida para casa se tornou um businesse de verdade, conversamos com Marina. Confira abaixo o bate-papo:
Consumidor Moderno – Por que você decidiu fazer do home office um negócio? Quando deu o primeiro estalo de que a consultoria no assunto poderia ser um serviço que as pessoas fossem buscar no futuro?
Marina Sell Brik – A verdade é que não comecei pensando nisso como um business. Fui trabalhar em casa inspirada pelo meu marido (que também é meu sócio), André Brik. Ele saiu da agência de publicidade onde estava e resolveu fazer a sua própria a partir de um home office. Como não havia informação sobre isso na época – começamos em 2003 – resolvemos comprar vários livros em inglês e compilar as principais dicas. Depois disso, disponibilizamos o material, gratuitamente, em um site que criamos especialmente e existe até hoje – é o GoHome.com.br. O intuito sempre foi ajudar mais pessoas com interesse em home office a criar o seu próprio negócio em casa com profissionalismo e qualidade de vida. Com o tempo, fomos percebendo as necessidades do público e com isso surgiram livros, e-books e cursos. Alguns são pagos e outros não. Em 2013 criamos o ITP – Instituto Trabalho Portátil, a partir da demanda das empresas por treinamentos de trabalho remoto. O GoHome é o portal para o empreendedor que quer trabalhar em casa e o ITP é o braço corporativo.
CM – Como foi seu caminho para se tornar especialista no assunto?
MB – Foi natural, uma sequência lógica a partir do trabalho que estava fazendo. Como fomos pioneiros no Brasil, acabamos nos tornando referência para o público e para a imprensa. Muita gente fica insegura em começar a trabalhar em casa por ser algo novo, diferente do que está acostumada. Porém, vemos que com as novas gerações isso já é algo natural. É como eu e o André costumamos dizer às pessoas: trabalho é algo que se faz e não um lugar para onde se vai. Percebemos também que, ao longo do tempo, as empresas começaram a nos procurar mais porque o trabalho portátil começou a ser um diferencial na hora da contratação, além de gerar economia e produtividade. Foi bem nítida essa evolução do trabalho flexível no Brasil e acompanhamos tudo de perto (além de participarmos ativamente).
CM – Que tipo de serviço o GoHome.com faz hoje?
MB – Funciona com a venda de infoprodutos (cursos, livros e e-books), oferece material a afiliados que revendem nosso conteúdo e também tem publicidade na página. O Instituto Trabalho Portátil funciona como consultoria. No site tem mais informações: Trabalhoportatil.com.br
CM – O que é preciso ter em mente para que seu dia renda em casa tanto quanto em um escritório formal?
MB – É preciso pensar que o trabalho precisa ser realizado, não importa onde. Lembre-se também que está ganhando algumas horinhas extras evitando o deslocamento no trânsito (isso sem falar na redução do estresse). Dizem que um hábito é adquirido depois de três semanas. Então, pelo menos dê uma chance de trabalhar em casa (ou em um coworking, um café, na casa de uma amiga) ao menos por esse período. Faça as adaptações necessárias e aproveite o tempo livre. São raras as pessoas que não se adaptam e são muitas as que conseguem render mais, se estimular mais. Temos vários casos também de profissionais que ficaram mais saudáveis porque conseguiram se alimentar melhor (em casa e não na rua) e praticar um esporte com o tempo livre. Isso sem falar no contato com os filhos, família, amigos. O trabalho flexível muda a vida para melhor.
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