A tecnologia tem sido um instrumento poderoso em prol da democratização do acesso a serviços financeiros. Nesse cenário, o Google lançou o Pix por aproximação na Google Pay, sua carteira digital.
“Hoje, trazemos novas funcionalidades para impulsionar ainda mais os pagamentos com Pix. Vamos trazer três novidades. A primeira é o Pix por aproximação na Carteira do Google; a segunda é o Pix para as compras on-line; e, depois, soluções de segurança”, comenta Natacha Litvinov, head de Pagamentos para Google Pay e Shopping na América Latina.
O Pix por aproximação acontecerá por etapas. O consumidor deve avisar a empresa que o pagamento será efetuado por Pix. Assim, a máquina que fará o recebimento do pagamento emitirá um sinal NFC (Near Field Communication). Em seguida, o consumidor deverá aproximar o celular desbloqueado da maquininha, na qual serão carregados os detalhes da transação solicitada. Após carregados os dados, a transação é concluída.
“Para que isso funcione, são necessários alguns requisitos. O primeiro é o celular desbloqueado. O aparelho deve ser Android, com o recurso de NFC. Além disso, a conta deve estar vinculada à Carteira do Google, enquanto a maquininha deve estar habilitada para fazer Pix por aproximação. Depois disso, é possível checar os dados da transação para confirmar o valor. Para o usuário, isso vai acontecer de forma natural”, acrescenta Natacha.
Segundo a executiva, houve uma discussão com o mercado para entender como poderia ser criada uma solução de pagamento mais simples que as existentes. Assim, o Google começou trabalhar com seus parceiros para discutir uma solução técnica. Além disso, houve um processo de discussão e alinhamento com o regulador, de forma que existisse uma solução que fosse útil para todo o ecossistema, assim como uma consulta pública com todos os participantes do sistema Pix, feita pelo Banco Central do Brasil. A Carteira do Google, anteriormente, tinha como parceiros o PicPay e o C6. Agora, serão liberadas também contas no banco Itaú.
Segurança para transações
Quanto à segurança, o consumidor poderá habilitar o modo noturno na Carteira do Google. Assim, entre o período das 20h e 6h, só serão possíveis as transações para contatos e chaves já usados em transferências anteriores, ou para QR Code e CNPJs. Mas, fica a critério do consumidor liberar essa função.
Além disso, o próprio Android tem ferramentas para garantir que o usuário esteja seguro, afirma a empresa. Uma delas identifica um roubo da seguinte maneira: se o celular for tirado da mão do seu dono por um assaltante que sai correndo logo em seguida, o aparelho consegue identificar a atividade pela Inteligência Artificial (IA) do Google e a tela é bloqueada. Os aparelhos são bloqueados também quando há uma tentativa de colocar o telefone fora da rede. Neste caso, é solicitada uma autenticação. Existe também a possibilidade de fazer um bloqueio prévio do aparelho usando apenas o número dele, através do site do Android.
“Essa preocupação de entender a demanda do usuário e trazer para a inovação no dia a dia é muito importante”, pontua Marcelo Ferrante, head de parcerias do Android no Brasil. De acordo com o executivo, com dados retirados de uma pesquisa interna, mais de um milhão de brasileiros já optaram por essas formas de segurança disponibilizadas pelo Android.
Já o Google Play Protect, disponibilizado nos celulares Android, monitora os aplicativos do aparelho para identificar se existem vírus ou malware. Caso seja encontrado algum risco, é enviada uma solicitação de remoção desse app.
“Com aprendizado de máquina e um time que trabalha todos os dias pensando em segurança e privacidade, entendemos padrões de agentes mal-intencionados. Basicamente, eles usam permissões de aplicativos que não consideramos essenciais”, comenta Marcelo. “Por isso, dentro do Google Play Protect aprimorado, já foram bloqueadas mais de 14 milhões de tentativas de downloads, de mais de 38 mil aplicativos diferentes”.
Futuro de pagamentos
A caminhada para a democratização do acesso financeiro contou diretamente com a interferências da tecnologia. Segundo Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, hoje vemos uma influência de iniciativas que começaram anos atrás. Porém, atualmente existe maior capacidade de processar e de armazenar dados.
Quanto à visão de futuro de pagamentos, ele acredita que entramos em uma época em que os pagamentos instantâneos têm se proliferado em vários países. Mas, ressalta que existe uma diferença grande entre o pagamento ser programável ou não. “Uma das coisas que ainda não está dimensionada corretamente é essa interação do Open Fiance, que é a divisão e abertura de dados com a democratização de pagamentos, e a tokenização”, pontua Campos Neto. “Temos caminhado nesse sentido e o Brasil tem sido fronteira, mas ainda há muito para acontecer”.
Quanto ao combate ao aumento de fraudes, o Banco Central do Brasil tem trabalhado para eliminar as contas fantasmas. Além disso, conta com um banco de dados com o uso de IA para identificar padrões de fraudes. Além disso, tem sido desenvolvida uma nova funcionalidade que vai permitir o rastreamento, o bloqueio e a devolução de valores.
“É um trabalho que nunca acaba, mas se conseguirmos eliminar em grande parte as contas laranjas e melhorar o uso de dados para identificar padrões de fraude antes da hora, isso nos ajudará bastante”, comenta.
Ainda de acordo com Campos Neto, uma pesquisa feita pelo BACEN mostrou que muitas pessoas ainda não usam o Pix por não quererem entrar no aplicativo do banco para fazer o pagamento. Por isso, o cartão de crédito tem sido preferido, pela aproximação.
“Agora, temos a possibilidade de aproximar o Pix. O Banco Central tem uma agenda de inovação há algum tempo; está no DNA”, finaliza.