A geração Z está de cara nova. Ou melhor, está com novas prioridades de consumo. Os nascidos entre 1995 e 2010 estão cada vez mais preocupados com o consumo consciente e com pautas sobre a sustentabilidade. O desejo de ajudar pequenos comércios é também uma forte característica entre os seus membros que, cada vez mais, deixa o sonho da casa própria e do carro de lado. Mesmo para aqueles que já deixaram a segurança dos lares de seus pais.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o novo perfil de gastos e construção de patrimônio da geração Z se apresenta com uma mudança “radical” quando comparamos com outras gerações. Como consequência o foco do consumo é direcionado para “novas experiências, estudos e lazer em um orçamento enxuto”.
“Essa é uma geração que não vai querer possuir, mas vai querer usar. É o caso de usar aplicativo de transportes, por exemplo, o aluguel de bicicletas e até o Airbnb”, afirma Alexandre Mutran, professor da ESPM, em entrevista a Folha de S. Paulo. Essa geração não vai se encaixar numa avaliação de consumistas, mas vai fazer reservas para adquirir o que eles acham importante.
Experiência digital: o ponto em comum para as gerações
A experiência digital pode trazer uma leitura dos interesses em comum entre as diferentes gerações pois se trata de uma evolução que envolve todas as idades. Existe um estudo feito pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil o qual aponta que nove em cada dez pessoas realizaram uma compra online nos últimos 12 meses.
O estudo envolveu 958 pessoas maiores de idade e de todas as classes econômicas. Dentre os entrevistados, 55% afirmaram que pediram comida por aplicativo de delivery, 45% compraram artigos de vestuário, 37% adquiriram com celulares e 36% gastaram com streaming de filmes e séries, conforme destacou a publicação.“Esse movimento voltado para o digital já era uma tendência, mas foi acelerado pela pandemia”, afirmou a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges.
Não é segredo para ninguém que a geração Z chama a atenção das marcas, mas quando pensamos em digitalização e na experiência digital, o leque de possibilidades é ampliado. E com a personalização, diferentes integrantes de diferentes gerações podem criar matches únicos. Pensando nos baby boomers, por exemplo, o seu poder de compra e engajamento é bem maior quando comparado à geração mais nova.
Mudanças no padrão de consumo
Ainda que possamos afirmar que a geração Z está mais preocupada em ter um consumo mais consciente, especialistas alertam para a relativação da mudança de padrão de consumo. Pode estar relacionada ao momento que a pessoa está vivendo e envolve também questões como a criação e a classe social. “Existe também uma disparidade de realidades que também precisa ser considerada”, afirmou Mutran, da Aon.
“Enquanto o jovem da classe média aluga uma bicicleta para lazer, o jovem da periferia talvez precise fazê-lo para ir trabalhar como entregador de aplicativos, por exemplo. E isso se estende para a construção de patrimônio. Enquanto alguém que tenha condições de pagar Uber possa não almejar um carro próprio, ter uma moto pode ser aspiracional para o jovem de periferia. É algo para que ele possa ir ao trabalho, mas que também use para sair com os amigos”, completou o executivo.
O planejador financeiro Carlos Castro, da Planejar, disse à Folha que outro aspecto relevante para traçar as diferenças de perfil de consumo e de gastos entre as gerações é a adoção da tecnologia.
“Os millenials [nascidos entre 1980 e 1984] são a geração de transição da tecnologia, tendo passado parte de sua infância já se adequando a essa realidade. Da outra ponta, temos os dois extremos: enquanto aqueles da geração X demoraram alguns anos para conseguirem se adequar ao mundo tecnológico, a geração Z é completamente nativa digital. E isso também se traduz em hábitos de consumo, por exemplo”, disse Carlos.