Os genuinfluencers são considerados uma das tendências para 2021, segundo a WGSN. De acordo com a companhia, eles continuarão a ser parte essencial da sociedade mesmo após a pandemia de covid-19. Essas figuras serão cada vez mais utilizadas para disseminar a verdade entre os seus seguidores, trabalho fundamental dentro de um ecossistema que sofre com a desinformação.
Nos próximos anos, a atenção se voltará para esses influenciadores, cujo trabalho será compartilhar informações importantes em nome de causas sociais, culturais e sanitárias, por exemplo. Esse novo tipo de narrativa mais séria será integrado ao conteúdo cotidiano, se parecendo menos com propaganda e buscando proximidade com o público, com enfoque mais em conteúdo do que em likes.
O que são os genuinfluencers e os porquês de estarem em alta
A palavra genuinfluencers deriva da junção de genuine e influencers (genuíno e influenciadores, em tradução livre) e dá origem a uma nova categoria de criadores que comandam seguidores, mas não se identificam com a definição comum de um influenciador. Eles estão mais interessados em compartilhar conselho e opinião, e discutir suas paixões do que promover um novo produto ou coleção. Nesse caso, a qualidade das publicações – e as discussões geradas a partir delas – se sobrepõe aos números.
João Bogado, fundador e CEO da Futuro Inc, diferencia os influenciadores digitais tradicionais e os genuinfluencers. Os primeiros, segundo o especialista, desejam sempre se destacar, porque existem milhares de contas nas redes sociais com grandes audiências. “Isso faz com que os influencers, para conseguir o resultado financeiro que gostariam, façam muitas campanhas. E é natural que eles vendam produtos que não estão alinhados com o seu posicionamento. Contudo, o engajamento pode diminuir com esse tipo de conteúdo, o que o obriga a fazer mais desse tipo de promoção para monetizar o trabalho, o que se torna um círculo vicioso”, frisa.
Já os influenciadores genuínos, por possuírem um propósito mais profundo, fazem publicidade daquilo que realmente os agrada e do que está presente no seu dia a dia, de acordo com o que acreditam. Esse conjunto de elementos transferem o valor de que está tudo em comunhão para os seus seguidores.
Isso porque o fenômeno das redes sociais digitais dá espaço para que personalidades desconhecidas se tornem populares pelo o que falam e por quem são, o que irrompe com um certo padrão criado quando se trata de influenciadoras. Ter ponto de vista, conversão e comunidade únicos são as chaves para se obter impacto duradouro no ambiente digital, mesmo quando a rotina da população se estabilizar no pós-pandemia.
“O genuinfluencer acaba virando um cocriador de marca, já que não se torna apenas um replicador de campanha e construtor de autoridade. Ele vai de consumidor passivo para cocriador ativo. Isso aumenta o valor dessa personalidade, tanto no que diz respeito ao valor físico que ele cobra e às relações de longo prazo, quanto ao resultado que gera”, diz o fundador e o CEO da Futuro Inc.
A relação com as empresas: como se aproveitar desse fenômeno
Marcas que buscam os genuinfluencers, além da promoção de um produto, estão, indiretamente, trabalhando para selecionar ideias e participar de conversas culturais mais amplas. Isso provocou uma mudança na forma como as empresas avaliam seus parceiros, tanto que três atributos se tornaram os traços mais visados ao se investir nos criadores de conteúdo:
● Relevância;
● Confiança;
● Autenticidade.
Existem muitas pessoas navegando no universo online, mas nem todas são capazes de provocar esses sentimentos em seus seguidores. Segundo Felipe Oliva, CEO da Squid, empresa de marketing de influência e comunidades, os influenciadores genuínos geralmente já são especialistas em um determinado tema e usam suas plataformas para fornecer conteúdo informativo aos usuários.
“As marcas estão aprendendo a participar das conversas e isso é super poderoso. Como elas são autoridades em seus territórios, podem trazer diversos insumos para ajudar os genuinfluencers a continuarem a propagar suas mensagens – essa cocriação cria um relacionamento em que ambos ganham. As companhias podem encontrar neles aliados para levantar debates relevantes, chamar a atenção para determinados serviços e, mais do que isso, para medir as necessidades e dores de um público em específico”, afirma.
O profissional acredita na importância de conectar influencers e marcas que estão alinhados com os propósitos e com a mensagem, pois dados mostram que quando essa relação não existe, ou é muito pequena, o engajamento e os resultados também são baixos. Por isso, o influencer realmente deve gostar da marca, ter conexão com o produto e acreditar nos benefícios dele.
“As novas gerações estão formando consumidores cada vez mais conscientes e interessados na verdade. Não há mais espaço para ficar em cima do muro e sem posicionamento. Eles querem que as marcas sejam cada vez mais responsáveis por suas ações. É um caminho sem volta e a autenticidade vai estar cada vez mais presente na comunicação”, pontua Felipe Oliva.
“A partir do momento em que os genuinfluencers fazem a publicidade de acordo com o que acreditam, a chance de fazer parcerias de longo prazo e construir relacionamentos aprofundados é maior. Eles entendem que existe um valor em alinhar conteúdo e audiência com a venda, porque assim a audiência continua engajando e demonstra mais consistência e seriedade”, coloca João Bogado.
“Estamos vivendo um momento histórico no qual a informação muda o rumo de tudo em poucas palavras ou postagens. As marcas já sabem que a troca honesta e humana permite que o consumidor tenha o sentimento de pertencimento. Ao unir isso e a informação, temos uma combinação perfeita, que são os genuinfluencers. Se a marca ainda não os considera na estratégia de marketing de influência, a hora é agora, porque com certeza eles continuam como uma grande aposta para 2022”, acrescenta o CEO da Squid.
“Essa relação entre genuinfluencers e marca é a grande aposta para o futuro, pois elas têm interesse por parcerias assim. Cada vez mais, quem for produzir uma campanha de influência vai querer fazer com essas pessoas, porque elas são autênticas e genuínas e vão ter as melhores audiências para vender”, finaliza o fundador e CEO da Futuro Inc.
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