Se antes eram vistas como motivo de preocupação, as transações financeiras digitais estão cada vez mais seguras. De acordo com a empresa especializada em análise de dados envolvendo a rede blockchain, CipherTrace, apenas 0,34% das transações com criptoativos foram resultado de ação criminosa no ano passado. Isso significa menos de 1% de movimentações suspeitas registradas em grandes bancos mundiais, de acordo com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.
Assim sendo, a tecnologia usada na elaboração do blockchain vem sendo analisada para uso em outras atividades virtuais que necessitem de grande segurança de dados. E, com a popularização dos criptoativos, essa cibersegurança deve se tornar ainda mais influente.
O debate sobre a segurança das transações, criptoativos e tecnologia blockchain estarão presentes no Conarec 2021, evento do Grupo Padrão que ocorre nos dias 10 e 11 de novembro. Com ingressos à venda, grandes palestrantes e inúmeros temas, o Conarec 2021 promete ser inesquecível.
Afinal, o que é o blockchain?
Utilizado pela primeira vez em 2008, o blockchain visava apenas a proteção nas transações de criptomoedas, mais especificamente na rede de Bitcoin. A tradução do nome, “corrente de blocos”, dá uma ideia de sua funcionalidade: blocos de informações são criptografados e inseridos no bloco anterior, formando ligações que não podem ser alteradas depois de processadas. Assim, a segurança é aumentada, uma vez que não se pode modificar dados publicados na rede.
“O primeiro bloco, chamado gênesis, é preenchido com as informações (os tokens), e depois é distribuído com cópia para outros blocos. Cada novo dado é agregado a um novo bloco e ligado primeiramente ao gênesis, e seguindo uma sequência de blocos. Os dados ficam, então, descentralizados e interligados”, explica Francisley Valdevino da Silva, CEO da Intergalaxy SA., empresa especializada em tecnologia e comunicação que desenvolve softwares, interfaces e aplicativos através da rede blockchain.
Uso em outras áreas
O blockchain é comparado a um “livro-razão”, que não pode ser modificado, tornando-se muito confiável. “É a falta de brechas de segurança que atrai a atenção de outros ramos para o formato. Diversas fintechs já utilizam blockchain e a plataforma também vem sendo analisada para uso em validações de usuários, registros acadêmicos e execução de pagamentos em empresas, entre outros”, detalha o CEO da Intergalaxy.
Com uma função ampla, o sistema pode ser aplicado em controle transparente e seguro de armazenagem de dados, seja para transferências, acessos, contratos, logins, seguradoras e startups, atendendo uma infinidade de diferentes necessidades. “Ao permitir acompanhar e visualizar dados sem conseguir modificá-los, o blockchain alinha atributos fundamentais como credibilidade, transparência, rapidez e segurança para transações digitais”, completa o especialista.
Essa tecnologia vem sendo usada, ainda, para contratos inteligentes, armazenamento de informações em nuvem e até emissão de diplomas, com certificações emitidas por universidades registradas em bloco que podem ser facilmente verificadas — diminuindo, por exemplo, o risco de fraudes por pessoas que tentem exercer ilegalmente uma profissão.
A área de saúde é outra com grandes possibilidades: a preocupação com o sigilo de pacientes pode ser mantida com o blockchain, registrando uma ficha médica inalterável e que pode ser acessada sem expor todos os dados de um paciente, por exemplo.
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Apps também podem utilizar a tecnologia blockchain
A sigla dapp deriva de decentralized application, ou aplicativo descentralizado, que nomeia aplicativos desenvolvidos tendo como base a tecnologia blockchain e que funcionam de maneira descentralizada. “Os dapps não são controlados por uma única entidade, como os apps, e seguem um modelo completamente distribuído com código aberto e sem autoridade em particular no controle. Este formato reduz o número de falhas, não necessita de intermediários, descentraliza a informação do usuário (que não fica toda registrada por uma única empresa) de forma segura e sem possibilidade de alterações, além de aumentar a transparência em relação às transações, já que podem ser verificadas por qualquer usuário”, enumera Valdevino da Silva.
Outra vantagem é que os usuários podem contribuir para a gestão do aplicativo e ainda serem recompensados por isso, fomentando um envolvimento mais ativo dos participantes e o desenvolvimento do aplicativo. Por outro lado, um grande desafio a ser enfrentado pelos dapps é a adesão em massa, já que existem poucos usuários utilizando esses tipos de aplicativos, o que dificulta o sucesso de um software.
A cibersegurança no Brasil
De acordo com o relatório de riscos do Fórum Econômico Mundial de 2020, os ataques cibernéticos e o comprometimento de infraestruturas de informação estão entre os 10 maiores riscos globais em termos de impacto.
Já no Índice Global de Segurança Cibernética da União Internacional de Telecomunicações, o Brasil ocupa o 70º lugar no ranking internacional e 6º na região das Américas. Nesse contexto, o CEO da Intergalaxy SA., enxerga o cenário da cibersegurança no Brasil como promissor, mas com pontos que ainda precisam evoluir.
Um passo importante em relação à cibersegurança no Brasil foi dado em fevereiro de 2020, com a publicação do decreto 10.222, que estabeleceu a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética do Brasil (E-Ciber) — o primeiro documento oficial que visa proporcionar um panorama sobre o papel do Brasil na segurança cibernética, bem como os objetivos e princípios norteadores para seu desenvolvimento entre os anos de 2020 e 2023.
“As tecnologias para segurança digital evoluem muito rápido e é preciso acompanhar esse ritmo, entendendo a melhor forma de aplicá-las. E também é preciso uma legislação que compreenda e fortaleça esse movimento, para aplicar cada vez mais de forma segura tecnologias como o blockchain”, sugere o executivo.
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