Até que ponto pensar no futuro assusta você? E qual tipo de futuro leva você a pensar? O imediato, a ponto de se concretizar, na reunião que se aproxima, no aniversário do filho, a conta que deve ser paga ou o futuro mais adiante, do evento recorrente, aquele que nos leva a especular sobre quem ganhará a Copa do Mundo ou as eleições para presidente?
E o que o leitor e a leitora poderão me dizer sobre o que pensam de seu próprios futuros: carreira, afeto, dinheiro, aposentadoria, morte? Ainda além: que futuro vislumbram em relação à tecnologia e de como viverão em um mundo provavelmente repleto de robôs, Inteligências Artificiais (IAs) e viagens turísticas ao espaço?
O futuro nos inquieta porque sempre propõe uma mudança, um deslocamento da realidade conhecida. Por definição, propõe o desconhecido – e quem é capaz de imaginar o desconhecido em contraponto à realidade que não conforta?
Mas vivemos em um momento no qual o futuro parece cada vez mais próximo e tão veloz em seu ritmo que nos faz sentir sempre em débito com nosso presente. Temos instrumentos espetaculares para facilitar nosso dia a dia, que nos permitem correr mais riscos, fracassar e vencer incontáveis vezes. Ao mesmo tempo, estamos todos angustiados sobre a nossa competência de acompanhar a velocidade com que o futuro chega e nos engole.
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O futuro é um looping e exige de nós um estado de prontidão para o qual nosso cérebro não está preparado. E o que dizer de nossos negócios? Há quanto tempo estamos nos perguntando o quanto a empresa em que estamos poderá enfrentar novos competidores, inovar e crescer continuamente? A pressão por inovar nada mais é do que a imposição de atingirmos o amanhã antes dos competidores. E se chegarmos antes dos clientes a esse futuro?
Por outro lado, o que há de mais perturbador do que constatar que o futuro passou e nós o perdemos? Quando olhamos as oportunidades perdidas e a crueldade de ver o que deixamos de fazer, lamentamos o que poderia ter sido e não será. Não se pode refazer o tempo que deixamos passar.
O fato é que jamais em nossa história nesse planeta o futuro representou tanto e influenciou tanto nossas vidas. “Mudar o mundo”, “influenciar positivamente a sociedade”, “resolver os grandes problemas humanos”, “mudar o jogo” são manifestações de nossa imaginação e da nossa narrativa baseada na capacidade de dar sentido ao amanhã. A busca por propósitos que tanto caracteriza as novas gerações – Millennials e Zs – significa, em última instância, a vontade de fazer um amanhã melhor.
Cada dia desperdiçado – e percebam o peso da ideia de desperdiçar – representa afastar o futuro de nós mesmos e de nossas empresas e de nossa capacidade de fazer a diferença.
Um bom exemplo é pensar em ver políticos e mídias discutindo se a reforma da previdência pode ficar para 2019. Essa simples proposição significa disparar contra o amanhã. Significa eliminar oportunidades, e desperdiçar e jogar fora o tempo que nos define. Como podemos ser tão inconscientes e lenientes com as perspectivas e as expectativas vindouras?
O futuro está aqui, agora e é inevitável. Custe o que custar. E nada melhor do que estar consciente de nosso tempo e do que fazemos com ele.
Ignorar esse fato é boicotar o futuro, fazendo do amanhã um objetivo inatingível.