Assumir um cargo de liderança é um passo maior do que aparenta. Vai além da evolução da carreira: ser um bom líder é uma tarefa árdua, porque lidar com pessoas não é nada simples e porque o cargo é mais que apenas comandar: é ter algumas habilidades sociais que configurem a visão de autoridade nos colaboradores e que, de fato, inspirem influência e formem autênticos bons líderes.
Muitas vezes as pessoas atingem o patamar da liderança, mas, por falta de instrução ou pelo próprio perfil interpessoal, não conseguem atingir um bom nível de satisfação com seus funcionários. Às vezes, são os pequenos detalhes que desfavorecem a chefia: a falta de empatia, de organização ou mesmo de conhecimento do fluxo de trabalho. A pergunta que fica é: o que faz um bom líder?
Buscando responder essa pergunta, a Mindsight, empresa de tecnologia e gestão de pessoas, fez um estudo durante processos seletivos para entender como os colaboradores imaginam um bom líder. A pesquisa envolveu 1260 candidatos, dois quais 48,2% se identificaram como mulheres, 47,5% como homens e 4,35% como não-binários.
O gênero influencia na percepção de uma boa liderança?
Para uma considerável parte dos entrevistados (84%), as principais características de um bom líder enquanto seus valores são a responsabilidade e o comprometimento. A comunicação vem logo em seguida (83%) e a empatia aparece como terceira colocada como prioridade para um bom líder (81%).
Outras características, tais como carisma e capacidade de inspiração (71,6%), reconhecimento de méritos (70,5%), organização (69,5%) e feedbacks (67,5%) vem em menores porcentagens, mas não deixam de ser importantes.
Embora esse seja um cenário de consentimento geral, a pesquisa também notou que diferentes gêneros costumam apresentar distintas opiniões quanto às prioridades nos líderes. Para as mulheres, por exemplo, as principais características que apreciam em boas chefias são a responsabilidade e o comprometimento, comunicação, empatia com o time, carisma, capacidade de inspirar e, por fim, reconhecimento de méritos, respectivamente. Já para os homens, a ordem é outra: a comunicação é a mais importante característica de uma boa liderança para eles, seguida por responsabilidade e comprometimento, empatia com o time, reconhecimento de méritos e, por último, carisma.
Vale destacar que os homens valorizam a ambição e a influência em proporções 29,5% e 26% maiores do que as mulheres, respectivamente. E elas, por sua vez, acreditam que estar antenado nas tendências de mercado é uma característica mais importante (15%) do que pensam os homens.
Chefe e funcionário: uma relação difícil
Estabelecer uma boa relação entre colaborador e líder é um trabalho ardiloso, que geralmente levanta conflitos. 61% dos entrevistados destacaram que já tiveram problemas com seus líderes, sendo a principal dificuldade a falta de feedback.
Para além dos problemas do dia a dia, outras situações mais graves também atrapalham o processo. A pesquisa mostra que pelo menos 7 em cada 100 participantes já foram vítimas de assédio moral ou sexual por seus líderes — sempre em vista que essa proporção é 19,5% maior entre as mulheres.
Dentro do ambiente de trabalho, sobretudo por medo de represálias, os casos costumam não ser denunciados nem mesmo para o setor de recursos humanos, o que prejudica um trabalho de conscientização dos gestores.
Outro detalhe ressaltado durante a pesquisa foi a falta de empatia com a realidade dos funcionários, especialmente durante o isolamento social. “No trabalho remoto, precisamos saber e lembrar que as pessoas não estão disponíveis o tempo todo, nem necessariamente ao mesmo tempo. Afinal, uma das principais vantagens utilizadas para vender esse modelo é a flexibilidade. Logo, é necessário garantir que ela realmente exista”, enfatiza Thaylan Toth, CEO da Mindsight.
E o que pensam os líderes?
A pesquisa também avaliou candidatos que já exerceram cargos de liderança e retornaram a cargos inferiores que puderam, portanto, avaliar as dificuldades de estar do outro lado da moeda. Para eles, quando exerciam a função de chefia, o principal desafio era estabelecer limites com a equipe (29,6%), seguido por encontrar equilíbrio entre as exigências (22,74%) e recrutar a pessoa certa para a equipe (15%).
Vale destacar que a pesquisa ressaltou como os cargos de liderança são, normalmente, ocupados por pessoas do gênero masculino: entre os entrevistados, o número de homens que foram líderes 20,5% maior do que as mulheres que ocuparam o mesmo cargo.
Durante a pandemia, o desafio para os chefes também foi maior. O levantamento mostra que as principais dificuldades do trabalho remoto foram manter o time alinhado e com boa comunicação, assim como garantir o equilíbrio entre a produtividade e a pressão extra. “Compartilhe o que for importante e útil para a sua equipe e evite detalhes que não vão agregar ao trabalho executado. Às vezes, comunicar demais também pode ser um problema, pois acaba sendo tanta informação que as pessoas não conseguem absorver tudo. Portanto, saiba diferenciar o que é útil e importante de ser compartilhado”, destaca Toth.
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