As empresas têm alguma responsabilidade sobre a felicidade dos seus colaborares? Para responder essa pergunta, o Whow! Festival de Inovação reuniu três especialistas: o americano Greg Hicks, que estudou, por anos, características comuns entre pessoas felizes; Daniel Domeneghetti, CEO da Dom Strategy Partners; e Simone Nunes, diretora de capital humano da Teleperformance, empresa de relacionamento com o cliente.
Hicks descreveu a felicidade como um estado de contentamento com qualidade de vida e capacidade emocional. “Ela inclui o fato de que você se sentir confiante e capaz de lidar com problemas”, afirmou o especialista. Para ele, a empresa tem a sua parcela na felicidade alheia, mas os colaboradores também precisam fazer sua parte.
“Ninguém pode lhe fazer feliz exceto você. Essa é a primeira coisa. Mas aprendemos que quando organizações criam uma cultura em torno da felicidade, elas têm uma vida mais longa”, explicou Hicks. Para ele, sem confiança entre colegas de trabalho e entre chefe e funcionário não há felicidade no trabalho, uma vez que tudo começa com a liderança. “Você pode ter mil programas de treinamento, mas se os gestores não modelarem esse comportamento, as coisas não vão mudar”.
Diretora de capital humano da Teleperformance, Simone tem o desafio de gerir a carreira de 19 mil colaboradores da companhia. “Quando você enxerga nos seus gestores e colegas pessoas com quem pode contar, dentro de um ambiente amistoso, do qual sinta orgulho, você consegue formar um time engajado. E o sucesso só é possível através de pessoas engajadas”, diz Simone.
A executiva deu como exemplo o caso de um colaborador que ansiava por uma promoção, mas não tinha habilidade de gestão. “Percebemos que isso não o faria feliz”, diz Simone. Em contrapartida, ele foi promovido e ganhou novos desafios e projetos, mesmo sem ter um time. “Para conseguir ter sucesso e reter um profissional talentoso, precisamos de processo, pois fazer isso com uma pessoa é fácil; com 19 mil não”.
Felicidade efêmera
Em parceria com a Harvard Business Review, a DOM publicou recentemente um estudo com tendências em recursos humanos. Entre as descobertas do levantamento está a de que existe um movimento dentro das empresas de realização circunstancial e pontual. “Transfiro para o outro a obrigação de prover condições que façam com que eu melhore minha performance”, diz Domeneghetti. “Estamos criando uma sociedade viciada em felicidade efêmera”.
Simone concorda. Para ela, as empresas que se responsabilizam 100% pela felicidade do funcionário correm o risco de criar um “banco de executivos mimados”. “Precisamos, sim, reconhecer capacidades e alinhar expectativas, mas existe uma linha tênue entre oferecer oportunidades e colocar as pessoas na zona de conforto. Não é assim que a gente cresce e prospera”.
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