Um recente estudo produzido pela Internet Lab, um centro independente de pesquisas sobre direito e digital, em parceria com o WhoTargets.Me, exibiu um importante balanço sobre a propaganda eleitoral paga em 2018. Chamado projeto “Você na Mira”, o levantamento mapeou, por meio de um software, a prestação de contas dos partidos políticos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A partir daí foi possível concluir, por exemplo, que a política brasileira e o mundo corporativo não são muito diferentes quando o assunto é a transformação digital: tanto lá quanto cá, gasta-se muito com o mundo analógico, mas o que tem feito a diferença é o fator digital.
De acordo com o estudo, os partidos políticos gastaram R$ 3,1 bilhões com publicidade no ano passado. Desse total, 20% foi destinado ao custeio do velho e reprovável santinho e todos os demais materiais impressos. O gasto com o impulsionamento do conteúdo do candidato na internet, que sabidamente foi decisivo na última corrida eleitoral, abocanhou meros 2,5%. Não à toa, o partido que soube equilibrar gasto com conteúdo foi o grande campeão das eleições do ano passado: o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
A força dos dados no ambiente político foi um dos assuntos do Seminário Power Analytics, uma iniciativa do Grupo Padrão.
Eleitor no centro da eleição
José Raggio Colagrossi, political data analysis expert & partner da empresa Social QI, uma empresa de análise de dados e com forte presença no mundo político, abriu o painel de encerramento do evento destacando a necessidade de ouvir a voz do eleitorado brasileiro no ambiente digital – assim como algumas empresas têm feito com os consumidores.
Ele conta que a empresa trabalhou na campanha vitoriosa do governador João Dória (PSDB) ao sugerir caminhos e abordagens com os seus eleitores. Mas não foi apenas isso. Eles também atuaram no monitoramento da temperatura da internet tanto na primeira tentativa de votação da Reforma da Previdência, em 2017, quanto este ano – e que atualmente passa pela discussão no Senado Federal.
Comportamento
“Se compararmos o ano de 2017 e 2019, muita coisa mudou no monitoramento digital. As ferramentas evoluíram e estamos cada vez mais assertivos. No entanto, mesmo há dois anos, tivemos muito sucesso no nosso trabalho. Na ocasião, fizemos o ‘tagueamento’ manual de todos os deputados envolvidos na votacão da reforma da previdência. Olhamos o que eles postavam, curtiam ou compartilhavam. O trabalho deu certo e acertamos o resultado da votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes dentro do parlamento)”, disse Colagrossi.
No marketing digital político, o resultado foi ainda mais animador. As campanhas que utilizaram os recursos digitais souberam alinhar discursos, expectativas e, sobretudo, bandeiras. “No início, um dos nossos candidatos tinha uma rejeição alta dentro do eleitorado que ele queria atingir. Nós identificamos os assuntos com maior aceitação do público, contribuímos com o discurso e o resultado foi a vitória”, disse.
Alguém duvida que a próxima eleição será decidida no ambiente digital de novo em 2020?