Nos últimos anos, os hábitos de compra no setor de moda passaram por uma transformação significativa, especialmente no contexto das tendências emergentes da moda rápida das plataformas asiáticas. O “fast fashion” ganhou notoriedade global. O cenário foi impulsionado por marcas e consumidores ávidos por novidades constantes. No centro dessa mudança está o mercado asiático, que desempenha um papel fundamental na definição das direções da moda contemporânea.
Diante desse cenário, um estudo da Brain Inteligência Estratégica mostrou os hábitos de compra que moldam a experiência do consumidor no universo do fast fashion asiático. O levantamento aponta que, no Brasil, 36% do público da pesquisa já fez compras nessas plataformas. Quando questionados sobre a frequência, 10% compram ao menos uma vez por semana. Além disso, outros 32% fazem suas aquisições até duas vezes mensalmente, enquanto outros 58% consomem em sites asiáticos menos de uma vez ao mês.
Entre o público do fast fashion asiático, as mulheres são maioria. Elas somam 42% das consumidoras de tal plataforma. Além disso, esse formato de compra é bem aproveitado pela Geração Z. Prova disso é o percentual de 48% de pessoas desse grupo que já fizeram suas aquisições. As três categorias de produto mais compradas são: roupas e acessórios, calçados e decoração. As principais razões de escolha das varejistas asiáticas são: preço, variedade e frete grátis. As principais preocupações são: tempo de entrega, qualidade, dificuldade com devolução.
“As plataformas asiáticas no Brasil tiveram um crescimento muito acelerado. Elas chegaram com um grande investimento em marketing digital e, com isso, ganharam uma participação rápida no mercado, principalmente entre os consumidores mais jovens. Além desse grande investimento em marketing digital, elas ofereciam benefícios muito atrativos, como um preço menor, frete grátis e uma grande variedade de produtos”, explica Tiziana Weber, sócia e coordenadora de Projetos Especiais na Brain Inteligência Estratégica.
As compras mais feitas em fast fashion asiáticas
Roupas e acessórios de moda estão entre os itens preferidos entre o público geral (66%). Ao mesmo tempo, esse segmento também é o mais escolhido pelos consumidores da Geração Z. Já em segundo lugar, para os clientes de forma generalizada, aparecem os calçados (30%), seguidos pelos utensílios e itens de decoração para o lar (27%) e os eletrodomésticos, telefone e informática (26%). Aparecem ainda na lista de compras mais feitas os artigos esportivos (18%), perfumaria, maquiagem e cosméticos (15%), brinquedos e hobbies (13%), peças e acessórios para automóveis (7%) e artigos para pets (6%).
Já entre a Geração Z, a ordem de produtos preferidos se altera. O segundo tipo de compra mais feita pelos consumidores desse grupo – eletrodomésticos, telefone e informática – apresenta uma distância percentual para o primeiro (9%). Em terceiro estão os pelos utensílios e itens de decoração para o lar, que tem o mesmo percentual de calçados (6%). Também com números parecidos, surgem em seguida na lista peças e acessórios para automóveis, brinquedos e hobbies e perfumaria, maquiagem e cosméticos, ambos com 4% de escolha entre o público Z. Por último estão os artigos para pets e artigos esportivos, com 2% cada.
“Sabemos que muitos dos consumidores dessas plataformas asiáticas são heavy users, ou seja, que compram pelo menos uma vez por semana e fazem essa compra impulsiva, frequente. Ela é muito beneficiada pela usabilidade rápida e fácil dessas plataformas. Então, eu diria que esses são os grandes trunfos das plataformas das varejistas asiáticas. Com isso, elas ganharam um grande mercado, se estabeleceram e passaram a ganhar a fidelidade e a confiança dos consumidores brasileiros”, comenta a representante da Brain Behavior.
O que motiva as compras em fast fashion asiáticas?
A escolha de uma plataforma de compras leva em consideração uma série de fatores que são considerados atrativos pelo consumidor. No caso de fast fashion asiática, os preços baixos aparecem como principal motivo para compras nesses canais (88%). A variedade de produtos também é atrativa (47%), assim como o frete grátis e custo reduzido (34%). Além disso, o público ainda leva em consideração o fato de ter produtos exclusivos (18%).
“O combo de investimento em marketing, além de benefícios como preço e variabilidade, contribuíram para esse grande estouro das varejistas asiáticas. Além disso, é importante destacar a questão da usabilidade das plataformas. A compra fácil e rápida, facilita para que os consumidores tenham uma compra mais impulsiva, uma compra mais rápida”, acrescenta Tiziana Weber.
O que mudou com as novas tributações?
Em vigor desde o dia 1º de agosto, o Programa Remessa Conforme, da Receita Federal, permite a isenção de impostos em encomendas de até US$ 50 em marketplaces cadastrados no sistema. Além disso da instauração da medida, as remessas que chegaram ao país totalizam aproximadamente 123 milhões de volumes. Desse número, 83 milhões chegaram por intermédio de transporte prestador de serviços para as organizações já certificadas.
“As novas tributações impactam principalmente os envios internacionais. Hoje, as plataformas asiáticas já têm nos seus marketplaces estabelecidos muitos vendedores brasileiros. Então, com certeza ainda é um negócio que deve se manter relevante. Depois de um crescimento acelerado, elas passam a estar estabelecidas no mercado e, com certeza, caíram no gosto dos consumidores brasileiros, que passam a ter esse hábito de compra frequente de relacionamento e confiança com as plataformas”, finaliza Tiziana Weber.
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