Resiliência, humildade, capacidade de adaptação, capacidade colaborativa. São várias as características e habilidades que empresas precisam empregar para se manter competitivas nesses tempos de pandemia. Em um país marcado por um histórico de crises dos mais variados tipos é preciso entender que nossas empresas têm maior capacidade de resistir aos danos provocados pelo desenvolvimento do novo coronavírus.
Mas até que ponto estas companhias construíram culturas resilientes e fortes para superarem crises como a atual? E qual a visão e o papel das lideranças na disseminação de conceitos e valores que reforcem a essência das empresas para inovar e se adaptar às diferentes circunstâncias e cenários?
A jornalista Petria Chaves da CBN teve a missão de mediar uma conversa com Belmiro de Figueiredo Gomes, CEO da Assaí Atacadista, Eduardo Fischer, CEO da MRV & Co e Celso Leonardo Derzie De Jesus Barbosa, vice-presidente Negócios de Varejo da Caixa Econômica Federal para abordar a flexibilidade, adaptabilidade e versatilidade das empresas brasileiras.
Cultura resiliente no Brasil
Na visão de Gomes, os brasileiros têm a resiliência estampada por conta das crises anteriores já enfrentadas, pela forma como está lidando com a pandemia e por conta dos desafios colocados pelo país nos coloca. “Não podemos esquecer que o nosso país tem realidades culturais e socioeconômicas muito distintas umas das outras, com diferentes níveis de renda”, comentou. E o embasamento do executivo vem dos 50 mil colaboradores que o Assaí Atacadista possui em 22 regiões do país.
Conectado direto de uma agência barco no município de Breves, no Pará, o vice-presidente de Negócios de Varejo da Caixa Econômica Federal também compartilhou a opinião de que os brasileiros têm “uma cultura resiliente, flexível e tenacidade para gerar negócios.” Barbosa ressaltou que oito entre dez adultos recebem os benefícios da Caixa e que hoje a instituição atende mais de 90 milhões de pessoas no país.
Com uma atuação quase na totalidade dos Estados do país, em 22 deles, o líder da MRV ratificou o perfil resiliente dos brasileiro. “O Brasil passou por crises muito agudas e isso deixou todo mundo mais preparado. Tem setores sofrendo mais, mas de forma geral as empresas estão lidando bem e também como sociedade. Estamos nos mostrando bastante versáteis”, disse Fischer.
Rapidez diante de cenários incertos
A rapidez na tomada de decisão, como apontado por outros executivos ao longo do primeiro dia do CONAREC 2020, será um dos legados desta pandemia. E Gomes que está há 32 anos no segmento alimentício, compartilhou que a sua empresa se antecipou em alguns vezes para a chegada do novo coronavírus, tendo em vista os acontecimentos na Europa. “Quando a pandemia entrou, em janeiro decidimos comprar as máscaras com o avanço na Europa. Em 10 dias em março foram equivalentes a 10 vésperas de Natal, nosso maior pico de venda no ano. E em diferentes cidades haviam decretos distintos para distância entre as pessoas, variando de um metro até 100 metros”, contou o executivo.
“A crise tem que realmente se transformar em oportunidade”, disse Barbosa.
O executivo da Caixa Econômica Federal comentou que a rapidez na instituição aconteceu por meio da bancarização de milhões de pessoas que receberam o Auxílio Emergencial do Governo Federal ao colocarem um cartão digital nas mãos dos brasileiros e os educarem financeiramente. Com isso, ele comentou que o banco cresceu 15% no período da pandemia.
Na MRV & Co o olhar foi para conter a crise gerada pela pandemia, mas também um olhar nas lições que poderiam ser aprendidas para o futuro. “Precisamos entender que isso vai passar e manter a equipe focada nos objetivos da empresa, nos nossos valores e no que entregamos ao final do dia”, explicou Fisher
“Criamos um comitê de crise e um comitê do futuro para saber como esta crise nos levará a sermos melhores para os clientes e colaboradores”, disse o CEO MRV & Co, duante o painel de encerramento do primeiro dia do evento.
Como contagiar a liderança interna para inovar
Outro aspecto crucial na manutenção e evolução dos negócios está a habilidade de inovar e “vender” a proposta da companhia para os colaboradores, ao mesmo tempo que se busca lideranças internas que também sejam apaixonadas pela negócio.
Na visão do CEO do Assaí Atacadista, que comentou a evolução da empresa na última década, chegando a colocação de entre as 12 maiores empresas do país, quando se constrói uma cultura forte, isso engaja os colaboradores. “Um dos motivos do nosso crescimento vem com o crescimento das pessoas. Por isso, tivemos dificuldade no afastamento de alguns líderes, por serem do grupo de risco, porque queriam estar no alinha de frente e por terem a sensação de dono”, comentou.
Já nas perspectiva do Barbosa, a proximidade da liderança com quem está na ponta do atendimento aos clientes incentiva uma alta taxa de engajamento interno. “O presidente da Caixa tem ido todos os finais de semana para agências pelo Brasil para sentir como estão as operações na ponta. Ao dar este exemplo criamos um exemplo e as nossas famílias nos chamam de heróis do crachá. Não usamos capa, mas sabíamos que a s pessoas precisam do auxílio e as empresas do crédito.”
Na MRV, apesar de saberem da importância de uma liderança ainda mais próxima no momento de crise o distanciamento social impossibilitou este contato e para o CEO foi dicil passar uma mensagem de otimismo. “Um dos grandes desafios que tivemos foi, via as ferramentas, ouvir e falar com as operações de perto”, descreveu.
Fisher ainda comentou que a autonomia para os gestores de cada um dos Estados de atuação da companhia impulsionou a rapidez das decisões “Nós também temos os nosos heróis. A companhia não parou, com uma explosão de procura por lares. Em São Paulo a situação era uma, em Minas Gerais outra e no Nordeste uma terceira”, disse o executivo.
No fechamento do painel, os dois CEOs na conversa compartilharam dicas sobre habilidades necessárias para superar a crise. Gomes disse que os micro e pequenos empreendedores, que já são mais de 20 milhões, precisam acreditar nos seus projetos, ter disciplina de caixa, serem resilientes e inovar. Para Fischer o principal conselho é ter uma atuação em rede.
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